No momento em que é investigado, Jair Bolsonaro (PL) protagonizou, nessa segunda (28), em BH, ao lado do governador Romeu Zema (Novo), evento desprestigiado no qual foi agraciado. O ex-presidente recebeu das mãos Zema o título de cidadão mineiro que o governador lhe havia dado, em 2019, mas estava engavetado desde então. Coube a um deputado aliado, resgatar e requerer a homenagem com apoio de 26 colegas.
Ainda assim, o evento ficou esvaziado. Zema participou, embora não tenha divulgado na agenda oficial; seu vice e nenhum de seus secretários o acompanharam. O presidente da Assembleia, Tadeu Leite (MDB), conduziu a cerimônia, mas manteve postura equilibrada. Poucos deputados estaduais acompanharam a cerimônia e só três ou quatro federais, entre eles, Domingos Sávio, empossado ainda ontem presidente do PL/MG na presença de Bolsonaro. Os senadores aliados Cleitinho Azevedo (Republicanos) e Carlos Vianna (Podemos) não compareceram.
Como eles, não prestigiaram o evento os aliados mais constantes, como Flávio Roscoe, presidente da Fiemg, desembargadores mineiros, o secretário da Casa Civil de Zema, Marcelo Aro (PP). Ficaram de fora ainda os líderes do governo Zema na Assembleia, João Magalhães (MDB) e Cássio Soares (PSD).
Paternidade não assumida
Além de não registrar a participação em sua agenda oficial, Zema esquivou-se da paternidade da iniciativa ao parabenizar a Assembleia pela concessão do título. Já o ex-presidente agradeceu ao governador pela iniciativa. Ele recebeu a homenagem num momento em que é alvo de uma série de investigações e menos de dois meses após ser declarado inelegível pelo TSE (Tribunal Superior Eleitoral). A punição aconteceu depois de acusar sem provas o sistema eleitoral e urnas eletrônicas, em julho do ano passado, durante reunião com embaixadores. As investigações de agora apuram esquema de desvio e venda de joias árabes recebidas por ele como presidente da República.
Aliado do ex-presidente desde as eleições de 2018 e 2022, Zema é visto hoje como um potencial candidato do campo da direita à sucessão presidencial em 2026. Em discurso na Assembleia, disse que, no governo passado, as portas dos ministérios “estavam abertas” e citou recursos para obras do metrô em Belo Horizonte. “Esses foram alguns dos motivos que o levaram a receber o título hoje”, afirmou. Acrescentou: “Éramos ouvidos com atenção de quem quer de fato alcançar soluções”.
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