Bolsonaro vai esticar a corda e dizer até a undécima hora que irá recuperar a elegibilidade e que será candidato presidencial no ano que vem para impedir o crescimento de alternativa em seu campo. Em seu meio, já se fala em plano B, que é lançar e tentar eleger o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), a presidente da República em 2026. A estratégia teria dois objetivos: derrotar Lula, evitando a morte do bolsonarismo, após duas derrotas consecutivas, e, principalmente, tirar o ex-presidente da prisão em caso de condenação pela trama golpista de 2023.
Na condição de presidente, Tarcísio poderia conceder-lhe indulto. Daí a preferência de Bolsonaro pela candidatura do aliado, que, além de mais fiel, é o que teria melhor desempenho eleitoral pelas entregas que fará neste e no próximo ano. E mais, o governador tem vida própria e não é um bolsonarista cego.
Ao contrário dele, nomes como da ex-primeira-dama e de alguns dos filhos só trariam o carimbo bolsonarista como trunfo. Michelle Bolsonaro é personagem de palanque evangélico, mas não se sairia bem no embate e debate sobre saúde, economia, entre outros.
Caminho é o centro
Como se viu na campanha municipal, o bolsonarismo raiz, assim como o petismo tradicional, não são bons eleitores. Lula venceu, em 2022, depois de formar uma frente ampla em modelo seguido, no ano passado, pelo prefeito reeleito de BH, Fuad Noman (PSD).
De outros aliados bolsonaristas, o governador Romeu Zema (Novo) seria um bom nome para vice de Tarcísio. Um dos mais salientes, o governador goiano, Ronaldo Caiado (União) recorre ao sertanejo para se manter vivo no jogo.
Quem são eles?
Está chegando a hora de saber quem serão os futuros governadores de São Paulo, do Rio de Janeiro, Goiás e Paraná. Os titulares irão deixar o atual posto daqui a 13 meses para disputar outro cargo eletivo, seja ao Senado, a vice ou a presidente da República. Felício Ramuth (PSD) é o atual vice-governador de Tarcísio de Freitas; Thiago Pampolha (MDB) é o vice de Cláudio Castro, no Rio; Darci Piana (PSD), do Paraná, e Daniel Vilela (MDB), de Goiás.
Desconhecido dos mineiros
No caso de Minas, é tido como certo que o vice-governador Mateus Simões (Novo) irá assumir o governo em 2026 para disputar a reeleição no cargo. Apesar de todo o esforço e uso explícito da máquina, Simões mantém-se na lanterna de pesquisas e seu nome ainda não chegou ao conhecimento do grande público.
Hora de Pacheco chegando
Depois de dois meses de férias, o senador Rodrigo Pacheco (PSD) terá, agora, uma semana decisiva. Deverá ser ou não convidado por Lula para assumir um ministério. Se aceitar, seria também sinal de que Pacheco pretende manter a visibilidade e ficar vivo para disputar o Governo de Minas no ano que vem. Os 51% do eleitorado de Lula, em Minas, aguardam esse sinal; caso contrário, poderão se dispersar e turbinar os 49% do outro campo político.
Senador flerta com o MDB
Em caso positivo, de ser candidato a governador, são fortes as especulações que apontam a preferência de Pacheco de voltar ao MDB, seu primeiro partido, para abrigar seu projeto. Sua saída do PSD deixaria livre o caminho para Mateus Simões trocar o Novo e lançar sua candidatura a governador pelo partido de Gilberto Kassab. As primeiras conversas já aconteceram, como informamos aqui.
Sobe a pressão contra Fuad
A boa notícia de que o prefeito reeleito de BH, Fuad Noman (PSD), pode receber alta e migrar para clínica de fisioterapia turbinou a pressão por sua renúncia. Aliados espalham que o prefeito interino, Álvaro Damião (UB), estaria engessado e nada consegue fazer. Tal limitação não o impediu, por exemplo, de nomear adversários desleais a Fuad, nem mesmo o obstruiria de demitir homens de confiança que trabalham com o titular desde o mandato anterior. Damião, por sua vez, diz que o assunto é da área médica. Não custa lembrar que Fernando Pimentel (PT). antes de virar prefeito em 2003, ficou 17 meses na interinidade durante enfermidade do titular, Célio de Castro (PT).
Bola fora de Damião
Inebriado pelo sucesso do Carnaval de rua de BH, Álvaro Damião prometeu trazer uma atração nacional por dia na folia de 2026. A iniciativa desconhece a essência e origem da festa e será eficiente para matar o carnaval da capital. O turista que pega um avião ou busão para BH quer ver os blocos de rua, que, no passado, já consagraram os carnavais do Rio e de Salvador. Para ver os famosos, não precisa vir para cá. Quando emergiram, os bloquinhos são resultado de protesto, em 2009, às proibições do então prefeito Marcio Lacerda.
Discriminação no Judiciário
No Judiciário é assim, quanto mais elevado o nível da carreira, menor a presença feminina. Em Minas, na 1ª instância, as magistradas são só 35,5%; na 2ª instância caem a 20,9%. No país, as juízas são 39%; as desembargadoras somam 23,9% e as ministras, 18,8%. No STF, não chegam a 10%. Os dados foram apresentados pela primeira presidente em 70 anos da Associação dos Magistrados Mineiros, juíza Rosimere Couto, em palestra no Mulheres 25, evento da Revista Viver Brasil, em homenagem ao Dia Internacional das Mulheres. “A primeira desembargadora do Tribunal, Branca Rennó, ficou seis anos no cargo e não havia sequer banheiro para ela”, disse Rosimere Couto, explicitando a realidade discriminatória de 37 anos atrás.
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