No plano estadual, os efeitos das filiações e mudanças partidárias afetaram mais o governador Romeu Zema (Novo) e seu projeto de reeleição do que o rival deles, Alexandre Kalil (PSD). Como Zema não aceitou aliar-se a Bolsonaro novamente, o presidente filiou o senador Carlos Viana ao seu partido, o PL, para lançá-lo ao Governo de Minas. Além de viabilizar uma 3ª via, o pré-candidato presidencial à reeleição, Jair Bolsonaro, terá um palanque em Minas. Dessa forma, os votos bolsonaristas que iriam para a reeleição do governador deverão migrar para Viana.
Essa foi a principal mudança no quadro eleitoral, que poderá quebrar a polarização, até então, entre Zema e o ex-prefeito de BH, Alexandre Kalil, que é pré-candidato a governador. Agora, ambos terão um concorrente, que vem a ser um pré-candidato do bolsonarismo, representando uma das pontas da polarização nacional em Minas.
Com isso, Zema e Bolsonaro ficarão em campos opostos, pelo menos, no primeiro turno. Bolsonaro ainda tenta implodir a base política do governador, atraindo o PP para apoiar a candidatura de Viana. Presidido pelo deputado federal Marcelo Aro, o PP estava reivindicando a presença na chapa de Zema, indicando o vice ou o senador. Agora, o pré-candidato ao Novo corre o risco de perder também o apoio do PP.
Chapa puro-sangue
Se Zema ficar sem o apoio do PP, terá que montar chapa pura, a exemplo do que ensaia fazer o rival Kalil, escolhendo os candidatos a vice e a senador dentro do próprio partido.
Na sexta (1), Kalil ganhou reforço ao filiar o presidente da Assembleia Legislativa, deputado Agostinho Patrus, ao seu partido, para tê-lo como futuro candidato a vice-governador.
Dessa maneira, acreditam os dois que estarão livres das interferências de eventuais coligações. O problema de Kalil é que está montando, até agora, uma chapa puro-sangue, já que o candidato ao Senado seria o atual senador Alexandre Silveira, do PSD também.
Com isso, fecha as portas para o PT que reivindica a vaga de senador e tem, como trunfo, o pré-candidato presidencial Lula, que, em Minas, poderia ajudar Kalil a romper a desvantagem perante Zema.
Como haverá tempo, até as convenções em junho, para que essas definições aconteçam, será necessário aguardar as próximas pesquisas para avaliar os impactos dessas mudanças. A pré-candidatura bolsonarista de Carlos Viana deverá ser competitiva e trará alguma alteração no quadro político, em especial para o futuro de Zema, que planejava vencer no 1º turno.
Polarização nacional fica consolidada
No quadro nacional, as mudanças partidárias consolidaram ainda mais a polarização entre os pré-candidatos Lula (PT) e Bolsonaro (PL). Eles saíram fortalecidos com as filiações, que acabaram por afetar profundamente a terceira via. Por conta disso, ela perdeu um dos pré-candidatos, como o ex-juiz Sérgio Moro, que, apesar de suas incertezas e indefinições, não terá legenda para disputar a Presidência da República.
Moro poderá terminar como candidato a deputado federal, para ser, talvez, um dos mais votados, como prevíamos aqui desde o início. Ainda no plano nacional, o governador paulista, João Dória, manteve-se pré-candidato em um PSDB fragilizado e rachado. Ciro Gomes segue firme em suas intenções e o governador gaúcho Eduardo Leite (PSDB) fica na reserva, esperando a desistência de Dória para entrar em campo.
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