Colapso interno deixa isolado secretário da Fazenda de Minas Colapso interno deixa isolado secretário da Fazenda de Minas

Colapso interno deixa isolado secretário da Fazenda de Minas

Secretário da Fazenda, Luiz Claudio Gomes, vive intensa crise interna na Fazenda, foto Guilherme Bergamini/ALMG

A Secretaria de Estado da Fazenda (SEF/MG) vive o risco de imediato colapso da governança interna e seus efeitos atingem diretamente a arrecadação, os serviços ao cidadão e a credibilidade fiscal do Estado. A denúncia foi feita pelo presidente do Sindicato de Auditores Fiscais de Minas (Sindifisco/MG), Matias Bakir, em artigo (veja abaixo), publicado na edição desta quarta (6) no jornal Estado de Minas.

De acordo com o dirigente, há um processo deliberado de desmonte da Secretaria por completa falta de gestão. O quadro de falência gerencial também foi feito em dois documentos. O primeiro é assinado por delegados fiscais e coordenadores regionais no fim de julho. Neste mês, a segunda manifestação, endereçada diretamente ao secretário Luiz Cláudio Gomes, foi subscrita por toda a alta administração da Receita Estadual. As denúncias da base chegaram à cúpula, deixando isolado o secretário.

Veja a íntegra do artigo de Matias Bakir, alertando para a grave situação.

Receita Tributária Mineira em Alerta: da Base à Cúpula, Servidores Denunciam Desmonte da SEF-MG

Matias Bakir*

Presidente do Sindifisco, Matias Bakir, denuncia a situação em artigo no jornal Estado de Minas, foto site SindifiscoMG

A crise institucional que se alastra silenciosamente pela Secretaria de Estado de Fazenda de Minas Gerais (SEF-MG) acaba de escalar um novo patamar. Inicialmente, eram apenas os auditores fiscais que promoviam alertas na imprensa. Agora, após o contundente manifesto assinado por delegados fiscais e coordenadores regionais no fim de julho, veio à tona um novo documento, endereçado diretamente ao secretário Luiz Cláudio Gomes e subscrito por toda a alta administração da Receita Estadual.

Assinam o documento o subsecretário da Receita Estadual, superintendentes centralizados, superintendentes regionais, diretores, delegados fiscais, o superintendente de Tecnologia da Informação, o presidente do Conselho de Contribuintes e Assessores do Gabinete da Subsecretaria — uma composição inédita pela representatividade e peso técnico.

O texto, obtido por fonte confiável, embora formal e respeitosamente dirigido ao titular da pasta, por si só revela o ambiente de tensão, insegurança e o temor de retaliações internas que pairam até mesmo entre os gestores mais experientes da SEF-MG. Revela uma preocupante situação na SEF, provocada por absoluta omissão do governo no atendimento às demandas do órgão.

Trata-se de uma manifestação sem precedentes em sua amplitude e profundidade, vinda de servidores que, ao longo dos anos, sempre atuaram com discrição e institucionalidade, mas que agora sentem-se no dever ético e funcional de alertar para o desmonte estrutural em curso na Secretaria de Fazenda.

Hoje, Minas Gerais tem a segunda maior arrecadação entre os Estados, o terceiro PIB, crescimento da receita tributária muito acima da média nacional, é referência entre os fiscos nos estudos da Reforma Tributária e inovações tecnológicas, atração de investimentos e recuperação de ativos. Ainda assim, os técnicos da SEF de Minas Gerais amargam a penúltima posição salarial, assistem à permanente evasão de talentos para outros estados e até prefeituras, enfrentam o descumprimento da política salarial prevista em lei e o descaso com o cidadão no atendimento ao público — agora, inclusive, vendo os imóveis onde trabalham sendo oferecidos à União.

Ao longo de décadas, a Receita Estadual mineira construiu uma reputação de excelência reconhecida por organismos como o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), que a classificou como a melhor administração tributária do Brasil. Contudo, a falta de diálogo com o governo, o desrespeito à legislação remuneratória vigente e a ameaça à infraestrutura e ao capital humano empurraram a crise para dentro dos próprios gabinetes da cúpula.

Entre os pontos denunciados no documento, estão:

· A penúltima posição do Fisco mineiro no ranking nacional de remuneração, mesmo sendo a segunda maior arrecadação estadual do país;

· A evasão de aproximadamente 25% dos auditores recém-nomeados, aprovados no último concurso, para outros entes federativos com melhor atratividade;

· A insegurança jurídica sobre gratificações previstas em lei, como GEPI, GDI e Cota-GEPI, que representam mais de 70% da remuneração das carreiras fazendárias;

· A supressão de cargos comissionados estratégicos, como chefias e coordenações fiscais, que inviabilizam a gestão de equipes e projetos;

· A possível entrega de prédios públicos essenciais à operação da Receita Estadual, inclusive imóveis com investimentos milionários em tecnologia e atendimento ao contribuinte, para pagamento de dívida com a União.

“Não pedimos privilégios — pedimos o cumprimento de compromissos com os servidores fazendários, que, caso não honrados, poderão afetar substancialmente as entregas desta Secretaria de Fazenda, seja em serviços, seja em arrecadação” — afirma o texto.

A nova manifestação soma-se ao posicionamento anterior, de delegados fiscais e coordenadores regionais, divulgado na semana passada, e aponta para uma escalada de desgaste e desalento que hoje atravessa todos os níveis da Receita Estadual — dos comissionados intermediários aos superintendentes e assessores estratégicos da SRE.

Diante de informações de que haverá uma reunião com o governador Romeu Zema, nesta quarta (5), quando se discutirá o fluxo de caixa do Estado, é importante que os gestores compreendam a necessidade de cuidar da Secretaria — a única que contribui diretamente para o ingresso de receita tributária.

A categoria tem a expectativa de que o governador atenda às demandas há tanto tempo represadas.

“O descaso é tão grande que até a Superintendência de Gestão dos Recursos Humanos foi extinta. Não há nenhuma preocupação com os servidores fazendários, que lutam para combater a sonegação fiscal no Estado e promovem a receita necessária à estrutura estadual. O risco de colapso da governança interna da SEF-MG é real — e seus efeitos podem ser sentidos diretamente na arrecadação, nos serviços ao cidadão e na credibilidade fiscal do Estado.

(*) Presidente do Sindicato dos Auditores Fiscais de Minas Gerais

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do Portal UAI.

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EconomiaPolítica
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