Pode ser um bom negócio para quem vive disso, mas um estado, ainda que se gabe de visão ultraliberal, registra em seu currículo o fracasso sobre uma política pública intransferível: o abastecimento de água. Enquanto o governo Zema se esforça, negocia votos e monitora autoridades para vender a Copasa, 216 municípios, ou 25% do total, não têm abastecimento de água pela Copasa. Tudo somado, são mais de 3,7 milhões de mineiros sem acesso a água potável. E mais, 545 não têm sistema de esgoto.
À exceção dessas cidades, os municípios de Uberaba, Poços de Caldas e Pará de Minas têm sistemas próprios de abastecimento e saneamento. Outros, os mais pobres, vivem em estado de abandono como se em outro século vivessem. Marmelópolis, por exemplo, cidade do Sul de Minas, há 500 quilômetros da capital, gasta R$ 250 mil por ano para levar água para seus 2.500 habitantes da área urbana.
De acordo com o prefeito Rodrigo Júnior (PSD), o município capta, trata e distribui água (por gravidade) a todos os moradores. O tratamento à base de cloro não faz controle sobre a potabilidade ou radioatividade da água. O prefeito já lançou dois editais para contratar empresa do ramo, mas não apareceu interessado. Para compensar, e não perder votos, Júnior cobra taxa anual de até R$ 80 do cidadão pela água “tratada”. Quanto ao saneamento, a solução também é pré-histórica, joga tudo em outro rio, que, segundo o prefeito, não é o mesmo de onde sai a água para ser bebida.
Debate inevitável
Assim como a relação de Minas com a dívida, o papel do Estado deverá pautar o debate sucessório do ano que vem. A atual gestão quer continuar no comando, buscando mostrar que teve capacidade de gestão para reduzir o tamanho do público. Discutir saúde, segurança e educação será postura elegante em um estado que não garante água nem esgoto para milhares de conterrâneos.
Mortes evitáveis
Minas teve mais de 47 mil internações por doenças relacionadas ao saneamento ambiental inadequado em 2024. Uma em cada sete vítimas era criança. O estado responde por 12% das mortes por doenças de veiculação hídrica no Brasil. Em 2023, foram 334 óbitos evitáveis.
Consultor da ONU monitorado
Entre as 1.157 autoridades e personalidades monitoradas pela empresa de consultoria especializada Ernst & Young, a pedido da Copasa, está o relator da ONU Leo Heller, professor aposentado da UFMG. “Com a pandemia do novo coronavírus, o mundo percebeu que a falta desses serviços (água tratada e saneamento básico) pode levar a uma tragédia humana”, advertiu Heller, no site da ONU, que sem água e saneamento não haverá sociedades justas.
Lei Kandir: ontem e hoje
No ofício em que faz a adesão de Minas ao Propag, programa de renegociação da dívida com o governo federal, o governo Zema apresentou como atrativo a transferência de créditos do Estado junto à União. Zema calculou em R$ 2,9 bilhões. O tal crédito refere-se à Lei Kandir. Se tivesse negociado melhor, teria folga maior, mas abriu mão de cerca de R$ 120 bilhões para receber R$ 8 bilhões em mais de 15 anos.
Tadeu entra no radar
No mesmo dia em que teve encontro amistoso com o ex-prefeito Alexandre Kalil (PDT), o presidente nacional do PT, Edinho Silva, reuniu-se com o presidente da Assembleia, Tadeu Leite (MDB). Tanto quanto a de Kalil, Edinho fez o dever de casa. Sondou e ouviu. Tadeuzinho está mais focado na reta final de votações, com destaque ao Propag, que trata da renegociação da dívida de Minas.
Quo vadis, Simões?
Mesmo com marketing e pesquisadores preparados, o vice-governador Mateus Simões (PSD) pergunta e ainda não achou respostas: quem será seu rival nas eleições do ano que vem? Simões está certo e não quer ser enrolado nessa contratação milionária.
Pesquisas para governador
Sem referências no horizonte e sem um quadro definido, os institutos de pesquisa decidiram. Só irão fazer pesquisas sobre a sucessão eleitoral de Minas em janeiro do ano que vem. Faltam 30 dias; não custa esperar e conter a ansiedade.
Quem foi quem?
Na próxima quarta (3), a ex-presidente da Caixa Econômica Federal Rita Serrana assume o comando do Departamento Intersindical de Assessoria Parlamentar (DIAP) para o próximo triênio. Como novidade, já adiantou que irá lançar a nova plataforma digital: “Quem foi Quem”. A ferramenta tem como objetivo monitorar e divulgar o desempenho e as votações dos parlamentares no Congresso Nacional.
Farmacêuticos: piso nacional
A Comissão de Administração e Serviço Público da Câmara dos Deputados aprovou proposta que estabelece piso salarial nacional de R$ 6,5 mil para farmacêuticos em atividade e legalmente habilitados. Na opinião do relator, a falta de um piso salarial único gera desigualdades regionais e setoriais, desvaloriza a categoria e reduz o interesse pela profissão, que exige alto nível de qualificação técnica e científica.
** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do Portal UAI.

