Uma semana após aparecer um comprador interessado, a Copasa sai do campo da federalização e entra de vez na rota da privatização. Emissários do BTG Pactual (maior banco de investimentos da América Latina) reuniram-se com 10 deputados da base governista de Zema. Após consulta, foram informados que só haveria consenso em privatizar a Copasa, descartando a mesma possibilidade para a Cemig.
Para que a estatal possa ser vendida, os deputados estaduais terão que votar antes a retirada da exigência constitucional que impõe a realização de um referendo, consulta popular após a autorização. Sem o referendo, bastará a autorização da Assembleia.
Nessa quarta, o presidente da Assembleia, Tadeu Leite, informou que pedirá ao relator da PEC 24 (que trata do tema), para alterar seu parecer. A mudança permitirá que apenas a retirada do referendo da Copasa seja votada. A proteção contra a venda da Cemig será mantida, mas a Gasmig poderá entrar no radar dos empresários.
Junto da Copasa, o governo mineiro vai privatizar também a Arsae (Agência Reguladora de Serviços de Abastecimento de Água e de Esgotamento Sanitário do Estado de Minas Gerais). Sem a regulação pública, municípios menores ficarão sem a assistência, como Pingo D’Água, a quase 300 quilômetros a leste de BH. Hoje, o município dá prejuízo, que é compensado pela lucratividade da vizinha Ipatinga. Sem a estatal, terá que se virar.
No Rio de Janeiro, quando privatizaram a estatal de água, a Cedae, os compradores só negociaram os blocos lucrativos, ignorando os das favelas. Aqui em Minas, o Norte e o Vale do Jequitinhonha, regiões mais afastadas e mais pobres do estado, são assistidos pela Copanor, subsidiária da Copasa. Quem vai assumir esse serviço público?
Estratégia de alto risco
Experiente na política, o governador de Goiás e pré-candidato presidencial do União, Ronaldo Caiado, confirmou, em BH, na terça-feira, que a direita vai lançar 4 candidatos a presidente em 2026. “É o único jeito de vencer a máquina do governo Lula (PT)”, disse ele, ao participar do Conexão Empresarial (Viver Comunicação). A estratégia é de risco porque quem ganha no 1º turno costuma vencer no segundo também.
Kalil volta ao centro-esquerda
Sempre postado ao centro-político, flertando com a esquerda, o ex-prefeito Alexandre Kalil está de volta a esse campo depois de curto relacionamento com a direita. Na eleição passada, em 2024, fez acordo com o Republicanos para apoiar o então candidato a prefeito de BH, Mauro Tramonte, e ser apoiado, em 2026, a governador. Com o insucesso da missão, o ex-prefeito acertou, agora, a filiação ao PDT para ser o que quiser, de acordo com o convite feito pelo presidente nacional, Carlos Lupi (ex-ministro do atual governo Lula). Sem dar bola para as posições da política, como pré-candidato a governador, Kalil já está seguindo a cartilha do marketing futuro. Tem repetido em entrevistas suas realizações e conquistas como gestor no Atlético (Libertadores e Copa do Brasil) e na Prefeitura de BH, citando obras contra enchentes, construção de unidades de saúde, além da premiada atuação na pandemia.
Alívio de R$ 70 bilhões
Ao voltarem a Brasília, no próximo dia 9, para abrir campanha por novas reivindicações, os prefeitos mineiros e de todo o país chegarão festejando. No mesmo dia, o Congresso Nacional promulga a PEC 66, da Sustentabilidade Fiscal, que garante alívio financeiro somente aos municípios mineiros de cerca de R$ 70 bilhões em 30 anos. Isso significa, em média, a liberação de R$ 2,33 bilhões/ano para investimentos. “Essa proposta é um divisor de águas para os municípios brasileiros”, comemorou o presidente da AMM e prefeito de Patos de Minas, Luís Eduardo Falcão.
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