Dirigente do Novo indica comando da Cemig e mantém negócios com a empresa Dirigente do Novo indica comando da Cemig e mantém negócios com a empresa

Dirigente do Novo indica comando da Cemig e mantém negócios com a empresa

  • por | publicado: 14/02/2022 - 07:10 | atualizado: 21/02/2022 - 14:57

Presidente da Cemig, Reynaldo Passanezi, depõe na CPI da Cemig, foto Guilherme Dardanham/ALMG

Os últimos depoimentos de dirigentes da Cemig à CPI da Assembleia Legislativa confirmaram influências e ingerências do partido Novo na estatal. Na sexta (11), o atual presidente da estatal, Reynaldo Passanezi, admitiu à CPI da Cemig que, antes de ser contratado, foi sabatinado por dois membros do partido. Primeiro, pelo então presidente nacional da legenda, João Amoêdo, em São Paulo; depois, pelo secretário estadual do partido, o empresário Evandro Negrão de Lima, em BH. O partido Novo é o mesmo do governador Romeu Zema.

Aliado do governo Zema, o deputado Roberto Andrade (Avante) defendeu o sistema de escolha. “O que há de errado no governador pedir indicações de seus colegas de partido para um dos cargos mais importantes de Minas Gerais? Ser do Partido Novo agora é pecado?”, indagou Roberto Andrade durante a sessão da CPI, que investiga, há oito meses, irregularidades na companhia.

Donos da Exec seriam filiados ao Novo

A escolha do atual presidente ainda foi dirigida pela Exec, empresa de headhunter (seleção de executivos), que seria de propriedade a empresários filiados ao partido. A contratação da empresa foi feita sem licitação pela qual recebeu R$ 170 mil pelo serviço de contratação do presidente. Trinta dias depois que assumiu, Passanezi convalidou a operação e autorizou o pagamento.

A deputada Beatriz Cerqueira (PT) denunciou suposta dívida do Partido Novo com a Exec, o que levaria à utilização da Cemig como fachada para repasses financeiros. O vínculo entre eles se estenderia à seleção de secretários de Estado, outros dirigentes de empresas públicas e até mesmo dos candidatos do partido em Minas e outros estados.

“O Governo de Minas diz que não paga pelos serviços e a Exec não consta como prestadora de serviços do Executivo. Mas a Exec prestou serviço para tanta gente e quem sempre paga a conta é a Cemig, daí nossa insistência nesse ponto”, afirmou a parlamentar.

Desmonte para privatizar

O papel do diretor-presidente da estatal está ligado, segundo membros da CPI, a uma estratégia de desmonte e descrédito da empresa com o objetivo de viabilizar sua privatização.

Uma das principais linhas de investigação da CPI da Cemig dá conta de que Reynaldo Passanezi seria só preposto para romper resistências e pôr em prática o plano de privatizar a estatal.

A suposta estratégia foi alvo de críticas contundentes do presidente da CPI da Cemig, deputado Cássio Soares (PSD).

Negócios com a estatal

Dois dias antes, a gerente de Compras de Materiais e Serviços da Cemig, Ivna de Sá de Araújo, admitiu que seu marido, o empresário Carlos Alberto Araújo, é sócio de Evandro Negrão. Os dois têm uma empresa de geração de energia que teria negócios com a Cemig, a TRZS Energia e Participações Ltda..

Evandro Negrão adiou seu depoimento na CPI para esta semana por motivos de viagem. O empresário deverá ter problemas com o Judiciário. É apontado, dentro do governo, como conselheiro do governador, confrontando sempre as decisões da Justiça.

Psicólogo a R$ 1.500 por sessão

Ainda na CPI, o presidente da Cemig confirmou que contratou serviços de coach, o psicólogo Wladimir Ganzelevitch, a R$ 1.500 por sessão em um total de 104. Segundo Passanezi, trata-se de treinamento de executivos que o ajudou no processo de tomada de decisões. “É uma atividade que reputo positiva na minha carreira. Me ajudou bastante nos temas estratégicos da companhia. É um profissional que ajuda nesse processo de gestão”.

O relator da CPI, Sávio Souza Cruz (MDB), observou que Passanezi tem vencimentos mensais de R$ 85 mil, que, com bônus e participação nos lucros, chegam a R$ 140 mil. “Diante disso, é razoável a Cemig pagar um psicólogo para o senhor?”, questionou. Reynaldo Passanezi alegou que a prática, comum no mundo corporativo, é positiva no apoio ao desenvolvimento da liderança e na tomada de decisões estratégicas. Veja abaixo a manifestação da direção da Cemig.

Nota de Esclarecimento da Cemig

(solicitamos que a nota abaixo seja publicada na íntegra em benefício da verdade e esclarecimento dos leitores)

Sobre postagem feita nessa segunda-feira, (14/02), a Cemig esclarece que:

A convalidação de atos é um instrumento previsto no Regulamento Interno de Licitações e Contratos da Cemig e está em consonância com a Lei Estadual de Processo Administrativo. A convalidação da contratação da Exec foi aprovada pela Diretoria Executiva, tendo o diretor-presidente se abstido de participar da discussão e votação, conforme registro em ata.

A TRZS Energia Participações não tem e nunca teve qualquer relação comercial com a Cemig, ao contrário do afirmado no texto.

Todos os atos da atual gestão da Cemig visam preservar o patrimônio da Companhia e assegurar a melhoria da oferta de serviços de energia elétrica aos seus clientes, seguindo rigorosamente a legislação pertinente, em especial a Lei das Estatais (13.303/2018).

Essa melhoria passa pelo maior conjunto de investimentos da história da companhia: estão sendo investidos R$ 22,5 bilhões em Minas Gerais até 2025, com geração de 165 mil empregos no estado. A Cemig também é a empresa do setor elétrico com maior valorização na bolsa de valores em 2021 (CMIG3).

LEIA MAIS: CPI chega à reta final para desvendar crime político e de gestão na Cemig

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do Portal UAI.

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