Todos cobram uma definição do senador Rodrigo Pacheco (PSD), se será ou não candidato a governador, mas o quadro nacional também não está definido. Enquanto a disputa presidencial não se desenrolar, o processo estadual ficará paralisado, sem condições de mostrar a própria cara. Ao contrário da esquerda, a direita está dividida e sem rumo: quem vai disputar contra Lula?
Na mesma semana que o presidente nacional do PSD, Gilberto Kassab, liberou a filiação do vice-governador Mateus Simões (Novo), o governador paulista, Tarcísio de Freitas, recuou. Um dos nomes mais fortes da direita, seja bolsonarista ou não, para a eleição presidencial, Tarcísio teria dito ao ex-presidente Bolsonaro que não irá mais disputar.
A imprensa paulista correu a dizer que Bolsonaro aceitaria a candidatura dele, desde que sua própria mulher, Michelle, fosse a vice. A luz amarela acendeu para Tarcísio como sinal de tutela bolsonarista. Primeiro, quer a vice, depois, ministros seriam indicados e, ao final, o governo inteiro seria teleguiado por Bolsonaro.
Há informações seguras que o governador paulista vai ficar em banho-maria para não ficar refém. Sendo assim, vai fingir que não é candidato até fevereiro de 2026, quando o quadro ficará mais visível, bem como a situação prisional de Bolsonaro. Nesse futuro quadro, Tarcísio acha que receberá apelos do ex-presidente para ser candidato, sem impor condições, a não ser a do indulto.
Da parte de Lula, o cenário começa a ficar favorável. Dependendo da aliança que poderá montar, mudando a cabeça dos presidentes de partidos que ensaiam desembarcar do governo, algumas candidaturas presidenciais poderão ser revistas. Tarcísio, por exemplo, tem uma situação de reeleição favorável, que o recomendaria a ficar quieto. Diante disso, e de maneira até deselegante, o governador Zema (Novo) voltou de São Paulo, dizendo que a candidatura presidencial de Tarcísio “não faz sentido”.
Cenário ajuda o petista
O inferno astral dos Bolsonaros, mais a possibilidade de um encontro favorável com Donald Trump (EUA), e a aprovação unânime do novo Imposto de Renda beneficiam Lula. No meio de tudo isso, pesquisa de instituto mineiro apontou que, na margem de erro, Lula vence todos os concorrentes em Minas, desde o inelegível Bolsonaro até o próprio Zema. Se ganha em Minas, tem aquela máxima de que vence no país também. A pesquisa foi feita entre os dias 23/8 a 8/9, ouvindo 5 mil mineiros, dos quais 31% se dizem de ‘direita’; 20% de ‘esquerda’ e 22% de ‘centro’. A margem de erro de 1,4%.
Calcanhar de Aquiles de Zema
Na mesma pesquisa, Zema tem aprovação positiva de 49%, maior do que a reprovação de 37%, mas expõe o ponto fraco da atual gestão. De acordo com os dados, 70% dos entrevistados não sabem o que fez o governo; 13% afirmam que nada fez. O índice mais alto é de 2%, que apontam que Zema investiu em estradas.
Pior para Simões
Se o dado é ruim para Zema após sete anos de governo, pior é para o vice Mateus Simões, que pretende ser candidato a governador em cima desse legado. De nada adiantará comandar a poderosa máquina estadual, migrar para o PSD, com robusto fundo partidário e tempo elástico de TV e rádio, se não terá o que mostrar. Se o governo Zema/Simões enfrentar uma oposição organizada terá muitas dificuldades. Estão preparados para o enfrentamento?
Simões vive sinuca de bico
Se migrar para o PSD, Mateus Simões vai rifar a candidatura presidencial de Zema? No PSD de Kassab, o candidato presidencial dos sonhos é Tarcísio de Freitas. Se esse não for candidato, Kassab deixará a rédea solta e não vai querer se afastar de Lula.
Quem tem medo do TCE?
Com 90 anos, o Tribunal de Contas de Minas é pioneiro no mundo no uso da nota fiscal eletrônica na fiscalização dos custos públicos. Por meio da inteligência artificial, o programa de nome Suricato (animal que vigia predadores) faz auditoria a distância em cada uma das 853 prefeituras e câmaras municipais, além de órgãos públicos. Faz controle das contas em tempo real, antes que a irregularidade aconteça. O robô Solaris, desenvolvido no TCE, acompanha licitações e rastreia até gastos com shows artísticos (artistas e aquisição de material para eventos). Em outro programa, Apolo, fiscaliza indícios de sobrepreço em obras públicas. A expansão dos programas avança para gastos com pessoal e execução do orçamento.
Cão de guarda ou de guia
“Os tribunais de contas surgem sob a égide da democracia e a ditadura não quer controle. Nem o social e nem o externo”, afirmou o presidente do TCE, Durval Ângelo, durante evento no qual a Assembleia Legislativa homenageou, na quarta-feira, os 90 anos do TCE. Em passado recente, o órgão era conhecido como “cão de guarda”, hoje aprimora a atuação para a de “cão guia”, orientando os gestores para o uso legal do dinheiro público.
Amigo da onça e do boi
Ao justificar a volta dos rodeios como prática desportiva, em Nova Lima (Grande BH), o vereador Zelino (SD) recorreu à psicologia bovina. “Se um bezerrinho, ou um boi, pudesse falar, o sonho dele seria ser um boi de rodeio, porque são, literalmente, muito bem cuidados”, disse ele, ao comparar o tal sonho com o de um menino em ser jogador de futebol.
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