Marília diz que PT fala mais de Bolsonaro do que de Lula Marília diz que PT fala mais de Bolsonaro do que de Lula

Marília diz que PT fala mais de Bolsonaro do que de Lula

Prefeita reeleita de Contagem, Marília Campos, defende mudanças orgânicas no PT, foto Guilherme Bergamini/ALMG

Às vésperas do debate nacional para mudar os rumos do PT e a direção nacional, a prefeita reeleita de Contagem (Grande BH), Marília Campos, tem a receita dessa renovação e reconstrução. Uma das vozes internas mais críticas, a petista se transformou em referência nacional após conquistar a prefeitura pela 4ª vez por meio de estratégia que defende como modelo para o partido. “O PT precisa despolarizar sua atuação e caminhar para o Centro”, apontou Marília numa proposta polêmica que, além de enfrentar resistências, deve sacudir as bases do petismo raiz.

Despolarização, segundo ela, deveria ser iniciada já, e não só na próxima eleição. Por isso, decidiu lançar, à revelia e numa posição pessoal, essas duas estratégias: despolarização e expansão da aliança. “Aqui (Contagem), eu consegui despolarizar e ganhar um pedaço. Sei que é um processo lento e gradual. Temos também que nos aproximar do Centro, não apenas como aliança eleitoral, mas como estratégia política para atraí-lo na defesa do Estado do bem-estar social. Muita gente do Centro é liberal e defende o Estado mínimo. Hoje, o que a população mais precisa é democratizar o acesso aos direitos sociais. Isso fortalece a própria democracia”, advertiu, pontuando que ela se enfraquece e fica em risco em função das dificuldades das pessoas em melhorar suas vidas.

A Esquerda tem que mudar o discurso e a narrativa, na avaliação da prefeita, e defender o seu projeto. “O PT está olhando pelo retrovisor ainda. Tem um setor do partido que só investe na polarização, que fala mais do ex-presidente do que de Lula e do que ele está fazendo”, criticou. Além disso, reprovou o “escracho e as piadas” que esses setores fazem da situação de Bolsonaro. “Temos que fazer o discurso de que as instituições voltaram a funcionar. Escracho não contribui para as apurações, estão fazendo a disputa equivocada com a base que apoiou o ex-presidente. Temos que atrair esse pessoal para o lado de cá e não ficar brincando com isso. Deixa o STF resolver. Quando você polariza, o outro lado se arma e coloca o escudo. Temos que sair disso. O PT tem que fazer a defesa genérica e séria de que crime tem que ter punição. Não pode ter anistia, mas acontece que a militância faz escracho. Isso não ajuda a atrair os setores que estavam com o outro lado. Ao contrário, os coloca na defesa, com escudo. Não podemos tomar o lugar de quem vai julgar”.

Estratégia equivocada

Do ponto de vista eleitoral, disse que o partido precisa apoiar candidaturas viáveis, numa aliança ampla, para crescer no Legislativo e na disputa majoritária. Embora tenha conquistado a 2ª maior bancada na Câmara dos Deputados e a Presidência da República, o PT tem baixa presença nos governos estaduais e municipais. “Ele é pequeno na disputa majoritária porque está com a estratégia equivocada, que é de marcação de posição, de investir na polarização. Então, temos que atrair o centro para um projeto de Brasil, para o Estado e os municípios, com desenvolvimento econômico sustentável, justiça social e climática”. Para isso, defende esforço maior por aliança ampla nos estados, nas chapas proporcionais (deputados), e do Senado.

Queridinha do Centro

Sobre as críticas de que seu discurso seria antipetista, que seria “queridinha do Centro”, argumenta que suas ideias e estratégias a levaram ao 4º mandato em Contagem. “Isso é ser uma petista com estratégia diferente. Quem diz que sou antipetista subestima minhas posições e conquistas. O PT precisa de reconstrução não só política, mas orgânica. Alguns reclamam que eu expresso opiniões, mas muitos fazem isso também sem discutir internamente. O PT não é só dos parlamentares, é de seus filiados e eu sou uma filiada e não sou ligada a nenhuma tendência”, disse.

Quebra de barreira no MP

Rompido com a situação e sem ser oposição, Paulo de Tarso representa a 3ª via no Ministério Público ao se tornar o 1º promotor de Justiça nomeado a procurador-geral de Justiça. Ele comparou sua situação à do governador Zema que o nomeou. Em 2018, Zema surpreendeu a todos ao quebrar a polarização política da época (tucano-petista) e ser eleito. O próprio governador reconheceu essa identidade quando o sabatinou no dia 19. Zema sancionou a lei (em 2020), que permitiu a promotores disputarem o cargo, e é o primeiro a nomear um. “Vou ficar marcado na história por ser o primeiro promotor a quebrar essa barreira. Isso me dá muita responsabilidade”, admitiu Paulo de Tarso durante entrevista ao programa Entrevista Coletiva, da Band Minas. Além da escolha de Zema, ele recebeu a 2ª maior votação (659) nas eleições do MPMG.

Pedágio, pedágio, pedágio

A prioridade de Zema, hoje, não é privatizar a Cemig e a Copasa, como quer seu vice, nem ajudar a aprovar o projeto que renegocia a dívida de Minas, de R$ 170 bilhões, com a União. A pressão maior será pela criação da Agência Reguladora de Transportes de Minas Gerais (Artemig). Sem ela, a cobrança de pedágios fica sem regulação nas estradas que seu governo privatizou.

(*) Publicado no Jornal Estado de Minas

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do Portal UAI.

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