O presidente Jair Bolsonaro (PSL) anunciou hoje que vai ter que suspender a campanha publicitária que faz a defesa do pacote anticrime do ministro Sérgio Moro em razão dos processos impetrados pelo “pessoal da esquerda”. Mas cedo, o Além do Fato havia noticiado que Moro usou sua conta no Twitter para defender o pacote e postar um vídeo da campanha.
A campanha custou R$ 10 milhões e está prevista para ser veiculada até o dia 31 de outubro. Alguns filmes defendem, por exemplo, a prisão de condenados em segunda instância, ponto do pacote que já foi derrubado no grupo de trabalho da Câmara dos Deputados que analisa o pacote – além de outros, como o “plea bargain” e o “excludente de ilicitude”.
No final da semana passada, parlamentares do PCdoB, PSOL e PT entraram com uma ação no Tribunal de Contas da União (TCU) contra a campanha. Mais do que a ação do “pessoal da esquerda”, o que teria motivado a decisão do presidente Bolsonaro de suspender a campanha foi a reação de uma parcela considerável do Legislativo.
Lideranças e até mesmo a cúpula do Congresso avaliam que a campanha é uma ameaça ao parlamento, já que a intenção do governo e do ministro é conquistar a opinião pública, na expectativa de que ela pressione os deputados e senadores a aprovarem o pacote anticrime.
No Legislativo, a publicidade foi encarada como uma afronta ao debate parlamentar. Líderes e dirigentes partidários enxergaram a publicidade como uma “campanha de ameaça ao Parlamento, que visa impedir análise independente” do pacote anticrime.
Mas o presidente responsabiliza a oposição: “Eu vou ter que suspender com o Sergio Moro a propaganda da lei anticrime”, disse o presidente, que reclamou estar “entulhado” de processos da “esquerda”.
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