A derrubada desastrada do secretário de Governo, Igor Eto, e a nomeação malsucedida de outro, deputado Gustavo Valadares (PMN), provocou a maior derrota de Zema em seus 2 mandatos. O fracasso veio acompanhado de um enorme prejuízo: R$ 15 bilhões, na versão contábil do governo. Com a base desarrumada pela falta de coordenação política, os 20 deputados de oposição impuseram uma fácil derrota a Zema, que se gaba de ter apoio de 57 dos 77 deputados.
Enquanto isso, as derrotas vão se acumulando. Nem mesmo no 1º mandato, quando não contou com o apoio do então presidente da Assembleia, Agostinho Patrus, o desastre foi tão grave. Depois de aprovado no 1º turno e nas comissões, o projeto de ajuste fiscal de Zema sequer foi à votação em 2º turno por falta de acordo com a oposição.
Falta de acordo
Governo e oposição não conseguiram chegar a acordo e a semana na Assembleia Legislativa terminou antes da hora. Apesar da maioria dos votos, os aliados de Zema não conseguiram aprovar a migração do Estado para o Programa de Acompanhamento e Transparência Fiscal (PAF III). Na trombada, ficou de fora também o reajuste de 12,84% sobre o vencimento básico dos servidores da educação, defendido pela oposição.
Detalhe, havia prazo, até ontem, para que o PAF III fosse votado. Como não foi, o governo mineiro terá que pagar à vista R$ 15 bilhões ao governo federal. Como tem feito, Zema deverá recorrer ao Judiciário novamente para evitar o prejuízo.
O PAF III e o reajuste do professorado estavam na ordem do dia do plenário para serem votadas já em segundo turno. O impasse foi gerado porque a oposição exigiu que o reajuste fosse votado primeiro. Além disso, cobrou do governo esclarecimentos sobre o teor do projeto do PAF III. Os oposicionistas avaliam que esse programa é um pré-requisito para que o Estado possa aderir ao Regime de Recuperação Fiscal (RRF). Proposta duramente criticada por eles, por entenderam que vai congelar os investimentos e o salários dos servidores.
Obstrução de 20 contra 57
Sem reconhecer os próprios erros e a desorganização de sua base, restou aos governistas culpar a oposição, que é minoria na Casa. “Infelizmente não foram sensíveis às nossas reivindicações, estamos aqui desde às 9h, já passam das 18h e eles continuam intransigentes no posicionamento deles, começaram a fazer uma oposição que até então não tinha visto aqui na Casa do quanto pior melhor. E Minas corre o risco de ter, a partir de segunda-feira, que pagar uma dívida de uma vez só de mais de R$ 15 bilhões”, pronunciou Valadares à imprensa.
O deputado ainda afirmou que a obstrução feita pelos deputados de oposição ao governo inviabilizou também a aprovação da recomposição do salário dos professores.
Oposição rebate críticas
O líder do bloco de oposição, deputado Ulysses Gomes (PT), rebateu as falas de Valadares. Para o petista, o governo tenta culpar a oposição, por uma falta de diálogo do próprio Executivo.
“Estamos aqui em 2° turno, (o projeto) não chegaria em segundo turno se houvesse intransigência; houve diálogo, boa vontade, houve propostas, mas não foram aceitas pela base de governo. É uma narrativa que tenta construir contra a gente, o fato está registrado para todo mundo ver”, apontou Gomes. Ele disse que o governo se negou a dar as informações necessárias para que o projeto pudesse ser votado.
“Nós não temos sequer o impacto anexado nesse projeto , não temos informação das contas públicas, nós não temos informação mesmo buscando na Justiça o saldo bancário do Estado. O Estado não dá informação de nenhuma das contas bancárias a não ser anunciar que ele arrumou as contas públicas sem pagar nos últimos quatro anos nem um centavo da dívida”, afirmou.
** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do Portal UAI.