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Universidades: Governo não está sozinho na avaliação

  • por | publicado: 19/08/2019 - 19:20 | atualizado: 25/10/2019 - 01:10

Governo quer priorizar verbas para universidades "inovadoras" - Foto: Divulgação/Unicamp

Universidades “inovadoras” com prioridade nas verbas do MEC, conforme quer o Governo, é postura aprovada nas empresas intensivas em pesquisa, desenvolvimento e inovação tecnológica (P,D&I). Matéria do “Estadão”, desta segunda (19), revela que o Ministério da Educação (MEC) submeterá as universidades a uma espécie de ENEM das verbas. E que, entre as 63 entidades da União, teriam prioridade as de melhor desempenho em governança, inovação e empregabilidade dos formados.

Em declaração ao Além do Fato, dia 20 de julho, o CEO do CSEM Brasil, David Travesso Neto, defendeu uma reformulação nas universidades quanto às profissões que oferecem. Pediu maior proximidade com as necessidades país: “educação alinhada com futuro das empresas e sociedade”. David Travesso disse que as “universidades estão ensinando profissões que, já sabemos, não existirão em pouco tempo”. O CSEM, estabelecido em Belo Horizonte, é uma empresa de P,D&I em microeletrônica orgânica impressa. Por vezes, chega a empregar pesquisadores de dez ou mais nacionalidades.

Em junho, a pesquisa QS World University Ranking 2020 mostrou quedas no ensino superior em pesquisa (P,D&I), empregabilidade de alunos e qualidade do ensino nas universidades brasileiras. Entre as 1 mil melhores do mundo, estão 19 brasileiras. Todas acima da 100ª posição. Destas, as cinco melhores foram: USP (118ª, 2020, e 116ª, 2019), Unicamp (204ª e 214ª), UFRJ (361ª e 358ª), Unifesp (464ª e 439ª) e Unesp/Júlio Mesquita Filho” (491ª e 482ª).

Embraer complementa universidades

Embraer tem, desde 2001, programa para formar seus próprios engenheiros. As universidades não entregam profissionais “acabados” para as suas linhas de desenvolvimento e produtos. Na foto, o cargueiro KC-390 – Foto: Divulgação/Embraer

Um case corporativo conhecido de “acabamento” do profissional, antes da empregabilidade, é a Embraer. Desde 2001, ela forma seus engenheiros. A empresa seleciona (vestibular) engenheiros recém-formados para o seu Programa de Especialização em Engenharia (PEE). Os aprovados passam por cursos, dois anos, dentro da empresa. Em parceria com o Instituto Tecnológico da Aeronáutica (ITA), os selecionados são capacitados para as diversas frentes da engenharia de desenvolvimento de processos e produtos da Embraer. Ao final, recebem títulos de mestrado reconhecidos pela CAPES/ MEC. As universidades não formam profissionais “acabados” para assumirem funções de imediato nas suas linhas.

Os cursos do PEE são ministrados por profissionais da Embraer, professores do ITA e consultores contratados. Desde 2001, a empresa formou ao redor de 1.400 engenheiros aeronáuticos de linha. Em junho, a Embraer foi eleita a empresa mais inovadora do país dentro do “Prêmio Valor Inovação Brasil”, pela consultoria estratégica PwC e o jornal “Valor Econômico”. Os organizadores selecionaram 150 empresas com faturamento anual superior a R$ 500 milhões.

Cortes no MEC não são de hoje

Os contingenciamentos nos orçamentos do MEC não são novidades. “A educação vem sofrendo, nos últimos anos, cortes que ultrapassaram a cifra de R$ 25 bilhões. Se no governo Dilma Rousseff foram bloqueados cerca de R$ 9,4 bilhões da educação, no governo seguinte o orçamento voltou a ser alvo de reduções. O corte proporcionado pelo governo atual, por sua vez, fez o derradeiro sacrifício”, analisam os professores de Direito Miguel Calmon Dantas (Ufab) e Onofre Alves Batista Júnior (UFMG) no artigo “Os contingenciamentos e o ensino superior de qualidades”, para a “Revista Consultor Jurídico”.

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do Portal UAI.

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