Vaidade e outsider estão fora de moda em disputa eleitoral Vaidade e outsider estão fora de moda em disputa eleitoral

Vaidade e outsider estão fora de moda em disputa eleitoral

Cleitinho, Kalil e Simões estão na disputa de aquecimento para as eleições 2026, fotos Roque de Sá/Ag. Senado, Amira Hissa/PBH e Luiz Santana/ALMG

Quase todo dia, um nome se assanha para ser candidato a governador ou a presidente, apostando nos quesitos de outsider e da vaidade. A realidade que elegeu Zema não existe mais, e o outsider saiu de moda, até porque não apareceu mais ninguém e os que estão aí são sistema. Os candidatos chegarão em 2026 zerados, sem legado, à exceção de Alexandre Kalil (sem partido) que governou BH.

Os problemas maiores estão na direita. Apesar de seu esforço e do governador, o vice Mateus Simões (Novo) não consegue ter visibilidade por falta de legado de Zema. Sem isso, o governador não conseguirá transferir votos. Ele próprio tem dito isso, quando afirma que o próximo governo, e não o dele, vai lucrar com suas obras. Zema se elegeu no desgaste do antecessor, Fernando Pimentel (PT), e continua usando a mesma narrativa.

Se eleito, Cleitinho Azevedo (Republicanos) será destruído quando deixar de ser estilingue para ser vidraça. Como vai resolver os problemas que hoje denuncia?

Marqueteiro e o poeta

No quesito vaidade, sempre vai ter quem a alimenta. Se o marqueteiro não chamar para a realidade, é bom lembrar os versos de Gregório de Matos na clássica obra ‘Desenganos da vida humana metaforicamente’. Diz ele: “É a vaidade, Fábio, nesta vida, Rosa…”. Em síntese, como ilusão, a vaidade é finita e pode ser destruída ante a falta de defesa.

E o nome do ex-procurador geral de Justiça Jarbas Soares surgiu como mais um disponível. Juiz e promotor não têm votos, porque passam a vida judicante e ministerial contrariando as partes, a que perdeu e a que ganhou em contexto de demora.

Apostas esportivas e eleitorais

Fazendo as contas, Kalil e Cleitinho saíram ganhando na semana marcada pela CPI das apostas esportivas (Bets). Cleitinho pegou carona no depoimento da influenciadora digital Virgínia Fonseca, fez selfie e ganhou cliques até da esposa. Kalil fez desse limão sua limonada, polarizando a pré-disputa, já que é o 2º lugar depois de Cleitinho nas apostas eleitorais de 2026. Os outros concorrentes ao governo, Mateus Simões e Rodrigo Pacheco (atualmente no PSD), ficaram mudos e calados e sem cliques.

Pra onde vai Kalil?

Pouco adianta falar sem ter um rumo. Kalil disse que vai disputar as eleições de governador, mas reconheceu que está sem partido. “Meu partido é Kalil”, respondeu ele, porém, essa legenda inexiste no TSE. Hoje, restam poucas alternativas ao ex-prefeito. Estão disponíveis no mercado só o PDT, PSB, além dos nanicos, que não têm fundo partidário e tempo de TV para campanha de dimensão continental.

Tadeuzinho e Cleitinho

O MDB está surfando no melhor dos mundos. Com pré-candidato a governador, está prestes a federalizar (união de partidos) ou fundir com o Republicanos. Se consumada, a nova federação terá dois candidatos a governador, Tadeuzinho do primeiro e Cleitinho do segundo. Ou ainda, uma chapa pronta entre eles.

Família perde espaço

Com a moda de federação e fusões na briga pela sobrevivência política, muita gente vai perder a condição de líder regional e até de pai de família. A fusão entre o PSDB e o Podemos, por exemplo, pode provocar a mudança partidária da deputada federal Neli Aquino (Podemos). Com a fusão, deverão investir tudo na reeleição dos deputados federais tucanos, Aécio Neves e Paulo Abi-Ackel.

PT: onde está a renovação?

Chacoalhado pelo vento das mudanças, o PT vai definir seu futuro, em julho, entre a polarização, pautada pela direita, e a busca do próprio caminho e da razão para sobreviver. No plano nacional, disputam o comando da legenda o ex-ministro de Dilma, Edinho Silva (Comunicação), e o deputado federal Rui Falcão (mineiro de Pitangui). Em Minas, duas mulheres negras de trajetórias reconhecidas brigam pelo comando: Dandara e Leninha. Mais importante do que nomes deveria ser o projeto de renovação.

Zema exibe seu interior

Além de explícita, a ousadia do governador Zema e seu marqueteiro, Renato Pereira, vai ficando sem noção e limites. Querem a qualquer custo conquistar a direita imbecilizada que ficou sem referência na disputa presidencial do ano que vem. Tudo porque Bolsonaro está inelegível e mandando boas mensagens para o mercado de bolsas: “se for condenado, vou morrer, não vai demorar”, reagiu o tigre de papel depois de exibir as próprias vísceras e o intestino grosso.

Tira o Cleitinho daí

Especialista na arte de confundir, o senador Rodrigo Pacheco (PSD) está deixando desorientado os próprios aliados. Semana sim, eles ficam animados; semana, não, baixa o pessimismo. Pacheco teria dito que, para ser candidato a governador, teria que ter também a garantia de ser o próximo governador. Como teria dito um ex-senador: “disputar a eleição e perder para o Cleitinho é o mesmo que manchar a própria biografia”.

Sensibilidade chinesa

Uma das personalidades empresariais mais influentes no mundo político, o empresário mineiro Lucas Kallas é hoje um player nacional. Faz parte do conselhão do presidente Lula. Visionário, adquiriu a concessão do Porto de Itaguaí (RJ), convencido de que, mesmo sem recurso próprio, há muito dinheiro no mundo para viabilizar o investimento. Em palestra no Conexão Empresarial da VB Comunicação, na sexta-feira, se disse animado em fazer uma short line na Grande BH (ferrovia curta de 26 km), copiando a ousadia histórica, não tão bem-sucedida, do visconde/barão de Mauá durante o Império. Disse que, quando a China gripa, ele adoece.

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do Portal UAI.

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