A Usiminas Mineração S.A. (Grupo Usiminas) obteve recordes em 2020, ano marcado pela recessão global da pandemia da Covid-19. As receitas líquidas cresceram 94% sobre 2019. Os volumes de minério de ferro produzido e vendido atingiram 8,7 milhões de toneladas, puxados pela China. Outro recorde está na geração de caixa (EBITDA), de R$ 2,2 bilhões. Mas, o mais espetacular foi o salto de 298% no lucro líquido atribuído aos acionistas, de R$ 1,9 bilhão.
Mas, o Relatório de 2020 destaca, além daquelas eficiências, as ações ambientais no entorno de suas atividades. Por exemplo: o início, em outubro, do monitoramento de animais da fauna como onça-parda, lobo-guará e jaguatirica, na província ferrífera da Serra de Itatiaiuçu. Ou seja, a 60 km da Praça da Savassi, o coração da moda da Zona Sul de Belo Horizonte (MG).
Súmula do bom desempenho
- – Receitas líquidas: R$ 3,858 bilhões (94% acima de 2019 – R$ 1,989 bilhão);
- – EBITDA (lucro antes dos impostos; geração operacional de caixa): R$ 2,198 bilhões (+197%);
- – Caixa líquido: R$ 2,1 bilhão (+163%);
- – Lucro líquido: R$ 1,940 bilhão (+298%)
- – Capital social: R$ 1,984 bilhão (70%, Usinas Siderúrgicas de Minas Gerais -Usiminas; 29,5%, Serra Azul Iron Ore L.L.C.; e, 0,75%, Sumitomo Corporation do Brasil S.A.);
- – Patrimônio líquido: R$ 5,324 bilhões (+36,5%);
- – Capacidade instalada de produção: 12 milhões t/ano;
- – Produção: 8,7 milhões t (+18%).
“(…) a Mineração Usiminas monitora a comunidade de mamíferos carnívoros (onça-parda, lobo-guará e jaguatirica) desde outubro de 2020, quando recebeu autorização, do órgão ambiental, para realização deste trabalho”. É o que a mineradora informou aos acionistas no terceiro (“Comunidade e Meio Ambiente”) grupo de temas do Relatório. A empresa informa que objetiva “entender o comportamento e conservar essas espécies em seu habitat natural”. Portanto, biólogos e veterinários colocam colares com GPS (sinais via satélite) nos animais. Mas, garante a empresa, os equipamentos serão removidos no encerramento da pesquisa.
Área em degradação permanente
A Usiminas Mineração possui lavras em área de exploração de ferro que se estende pelos municípios de Itatiaiuçu, Brumadinho, São Joaquim de Bicas e Mateus Leme. Na região, muitas espécies silvestres são cadastradas como em extinção. Há décadas, portanto, as empresas extraem minério de ferro com exemplar desobediência à legislação ambiental, mostram registros do Ministério Público.
Assim como em outras áreas de mineração no Estado de Minas Gerais, Itatiaiuçu exibe processos de erosão e contaminação e riscos constantes das barragens e pilhas de rejeitos.
Essa degradação ambiental, todavia, é conhecida à exaustão. Sendo, portanto, objeto fartamente abordado em monografias de graduação e pós-graduação. Veja AQUI, por exemplo, em tese de mestrado defendida na UFOP.
Usiminas tirou proveito do câmbio
Do volume comercializado, 68% do minério foram para clientes no exterior, com destaque para China. A recuperação nos preços (até US$ 179,6 a tonelada) da commodity, além da desvalorização cambial do real (29%) frente ao dólar norte-americano (R$ 5,20 – pico de R$ 5,94), impulsionou os resultados econômico-financeiros. Assim, então, a carteira de exportação suportou a crise no mercado doméstico.
Os acionistas foram informados pela diretoria que o caixa líquido de R$ 2,1 bilhões será aplicado “principalmente em futuros investimentos”. A Usiminas Mineração é arrendatária de diversos direitos minerários de terceiros no entorno. Contabiliza remuneração mensal, mas, observando o equivalente mínimo 3,6 milhões t anuais. Os arrendamentos, a contar de 2012, são por 30 anos ou até a exaustão das jazidas.
Mineração Usiminas completou, em 2020, 10 anos de operação. Portanto, com motivos para, de alguma forma, comemorar.
** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do Portal UAI.