A construção naval do Brasil atracou entre as maiores do mundo. Entretanto, vive à mercê de longa fase de maré baixa: estaleiros em ritmo de oficinas, só reparos. O Sindicato Nacional da Indústria de Construção e Reparação Naval e Offshore (Sinaval), em ano eleitoral, portanto, retorna ao mar da peregrinação, guiado pelas boias de sinalização de ocasião do Governo.
O Sinaval, então, reboca protocolos antigos, como, por exemplo, de elevação do índice do chamado “conteúdo nacional” (ou índice mínimo de nacionalização). Pelo menos, entre 45% e 50%. Mas, esteve atracado em posição melhor.
Em 2004, com o Programa de Modernização e Expansão da Frota (Promef), pela Transpetro, subsidiária da Petrobras, surgiu incentivos para nacionalização de bens se serviços. Deveriam, portanto, conter o mínimo de 65%. A corda, entretanto, encurtou, no Governo Temer, para os atuais 25%.
Mas, havia a previsão de redução do índice para 49%, em 2012. Entretanto, o nível do calado do incentivo ficou bem menor.
Estaleiros navais feitos oficinas
Os percalços econômicos e políticos, principalmente, da vida brasileira (corrupção desvendada nas plataformas do Mensalão e Lava Jato), viraram tsunamis e inundaram também as docas da indústria naval. Em 2014, por exemplo, ainda turbinados por programas anteriores de Governo, eram 42. Hoje, 24. “A maioria desses (24) estaleiros está, basicamente, trabalhando em serviços de reparo naval”, observa o presidente Sinaval, Sérgio Bacci, em entrevista ao portal “Petronotícias”.
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BR do Mar pode encalhar no aço
O dirigente do Sinaval aponta que uma alternativa para os estaleiros é encorar no mar das encomendas de plataformas para geração de energia eólica. Mas, na abordagem ampla das crises, Bacci ignorou questões relacionadas a custos, como preços de insumos e impostos. E, na visão de analistas setoriais, custo é o mais importante desafio para o Programa de Estímulo ao Transporte por Cabotagem, o chamado BR do Mar.
O programa, lançado há menos de 45 dias, para estimular a retomada da construção naval. Mas, na proa dos problemas está o custo do aço naval no Brasil. Leia mais sobre isso nessa reportagem: Mar estimula a construção de navios no Brasil, mas há entraves.
Sinaval quer política de Estado, não de governo
Bacci lembra China, Japão e Estados Unidos, ou seja, “independentemente da ideologia”, tratam suas indústrias navais com políticas perenes. Portanto, sugere o fim das posturas de governos. “(…) a indústria naval brasileira precisa de uma política de Estado”. O Sinaval, completou, entregará aos candidatos à Presidência da República documento denso, abrangendo a situação na indústria setorial desde 2010. Acesse AQUI a íntegra da entrevista, republicada na página do Sinaval.
Indústria brasileira posou de farol alto
Dados atribuídos ao Sinaval, publicados em “A Gazeta”, de Vitória (ES), em 17/02/2012, destacam momento turbinado na indústria naval brasileira:
- Brasil exibia a 5ª maior carteira de encomendas (não contratos) do mundo em 2009;
- Indústria naval do Brasil era a 6ª maior do mundo, em 2009;
- Nos anos da década de 1960, era o “maior construtor naval do mundo”.
O jornal destacou que, 2003, o Governo tornou obrigatório que plataformas offshore e navios encomendados diretamente pela Petrobras tivessem 80% de componentes nacionais. A P-1 da Petrobras foi entregue em 1968.
** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do Portal UAI.