O trato dos políticos com as instituições públicas atingiu o nível abominável da banalização e desmoralização. Isso se dá nas três esferas da vida pública: municipais, estaduais e da União. Na União, superou todos os limites a descompostura do presidente da República, Jair Bolsonaro, principalmente ao tentar, por exemplo, desacreditar a Petrobras.
Administração de Minas Gerais reagiu a esta notícia. Ver adiante
Bolsonaro, como escreveu Fernando Schüler, na Veja, praticou algo, porém, mais grave: “A banalização da democracia”.
E segue a lista com a postura negacionista do chefe do Planalto diante da pandemia da Covid-19, e, portanto, a recusa adotar medidas de proteção da população. Com as instituições de Estado, o presidente criou dois cavalos de batalha assustadores: o Tribunal Superior Eleitoral (TSE), com as acusações contra urnas eletrônicas, e o desmonte da Polícia Federal.
Bolsonaro, então, agravou os desvios nas relações de políticos com os entes públicos, que sempre apostaram na impunidade. Prova disso, são os escândalos milionários e bilionários (sabidos) de corrupção em séries apurados nas investigações do Mensalão do PT, Mensalão Mineiro, Lava Jato etc. Os limites imagináveis foram superados.
O Planalto, conforme investigações, deu asas para mesmas práticas nas administrações dos estados e municípios. Grandes obras, grandes escândalos.
A falta de postura dos políticos com a coisa pública, porém, parece cultural. E, assim, fora daquilo do maior interesse da opinião pública, a banalização surpreende.
MATÉRIAS RELACIONADAS:
- Troca de comando na Petrobras dificilmente levaria à nova política de preços, dizem analistas – jun/2022
- Odebrechet leva R$ 26,9 mi da Copasa sem licitação – jul/2022
Governo Zena informa à CVM uma nova “profissão”
Em Minas Gerais, por exemplo, chama atenção a convocação da AGE para eleição, em 25/10, de um integrante do Conselho Fiscal da Companhia de Saneamento de Minas Gerais (Copasa MG). A companhia é uma estatal de capital misto, ou seja, com ações listadas na B3 (Brasil. Bolsa. Balcão).
O Governo de Minas, acionista controlador (50,04%), indicou para vaga o Secretário de Estado de Governo, Juliano Fisicaro Borges, ou seja, pessoa do cercadinho político do governador Romeu Zena (Novo).
Juliano Fisicaro é graduado em Economia pela PUC-MG, possui várias especializações e, desde 1994, é funcionário público de carreira.
Não há nada de errado na indicação do secretário, pelo Governo de Minas, para ocupar uma vaga no Conselho Fiscal da Copasa. Anormal, porém, está na “Proposta da Administração – Assembleia Geral Extraordinária – AGE”, que homologará o nome do novo conselheiro. No item “12.5 – Composição e experiência profissional do indicado ao Conselho Fiscal”, indica que a função pública do economista Juliano Fisicaro como profissão. Logo abaixo dos campos “a” (nome) e “b” (data de nascimento), está: “c. profissão: Secretário de Estado de Governo de Minas Gerais”.
Portanto, nesse rosário de milhares de missangas da desmoralização e banalização da coisa pública nos governos, a administração de Minas Gerais cria a profissão “Secretário de Estado”. E, sem receio algum, encaminha isso aos acionistas da estatal, à B3 e à Comissão de Valores Mobiliários (CVM).
Copasa altera “profissão” após notícia do ALÉM DO FATO
Às 10h45 desta segunda (26/09), a Copasa encaminhou novo comunicado à Bolsa de Valores e à CVM. Neste, portanto, a página 6 seguiu com alteração na profissão do indicado: de “Secretário de Governo de Minas Gerais” (documento anterior) para “economista”. Tanto o anterior quanto este foram assinados pelo presidente do Conselho de Administração da Copasa MG, André Macedo Facó.
** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do Portal UAI.