A Bolsa de Valores B3 (Brasil. Bolsa. Balcão) suspendeu, nesta quinta (22/12), as operações com ações da Inepar S.A. Indústria e Construções. Motivo: descumprir “Regulamento para listagem” quanto a manutenção de “valores mínimos”. Os papéis da holding do Grupo Inepar, conforme a B3, apresentavam cotação “abaixo de R$ 1,00”.
Leia aqui a íntegra do comunicado, liberado antes da abertura do pregão.
O Grupo Inepar, com sede em Curitiba (PR), saiu do regime recuperação judicial no mês passado. Aberto em 2014, o processo durou, portanto, oito anos.
O principal acionista é a Inepar Administração e Participação S.A. (IAP), com 17,58% das ações ordinárias (direito a voto) e 11,53 do capital total. A Companhia Siderúrgica Nacional (CSN) detém 5,53% das ordinárias, 1,13% das preferenciais e 4,01% do capital total.
A Inepar S.A. controla empresas com fabricação em bens de capital (equipamentos de transporte ferroviário de passageiros; óleo e gás; plataformas marítimas; geração e transmissão de energia; etc.) e de serviços afins.
Rompimento da Petrobras provocou a recuperação judicial
O fator decisivo ao pedido de recuperação pela Inepar veio no rompimento de contrato de R$ 1,3 bilhão pela Petrobras. Em outubro de 2014, as dívidas apontadas pelo Grupo Inepar apresentou lista de credores com direitos somados de R$ 4,053 bilhões.
No dia 17/11, o diretor de Relações com Investidores, Manacesar Lopes dos Santos, a Inepar divulgou Fato Relevante do encerramento do PRJ (plano de recuperação judicial) da holding e demais empresas. “… na data de hoje, às 16:27 hrs., foi decretado o encerramento da recuperação judicial da Companhia e suas empresas relacionadas, na forma do art. 63 da Lei 11.101/2005″.
O documento foi expedido pelo pelo juiz Leonardo Fernandes dos Santos, da 1ª Vara de Falências e Recuperações Judiciais da Comarca de São Paulo (Capital).
As principais empresas do Grupo Inepar são: IAP, Inepar S.A., IESA Projetos, Equipamentos e Montagens, Inepar Equipamentos e Montagens, Cia. Brasileira de Diques, Inepar Innovidas Participações, Prenta Participações e Investimentos, Enisa Inovação e Infraestrutura, IESA Transportes e IESA Óleo & Gás. O “Organograma Societário”, de janeiro deste ano, apresenta, porém, 16 empresas. As plantas mais relevantes do grupo estão em Araraquara (SP) e Rio de Janeiro (RJ).
CVM rejeitou proposta de acordo com Inepar
No dia seguinte ao fim da recuperação, Atilano de Oms Sobrinho, diretor-presidente do Conselho de Administração da IAP, comemorou em nota de “agradecimentos” aos credores, acionistas e funcionários. Fez constar: “Saldamos obrigações com nossos credores das quatro classes totalizando R$ 2,4 bilhões até o presente momento, correspondentes aos valores do plano homologado”.
Mas, nem tudo é festa no grupo paranaense. Entre os fatos negativos permanecem, por exemplo, processos na Comissão de Valores Mobiliários (CVM). Atilano e demais administradores do Grupo Inepar respondem por prática de “abuso de poder de controle e violação aos deveres fiduciários”.
Na véspera da decisão da 1ª Vara de Falências e Recuperações Judiciais, o Colegiado da CVM rejeitou “proposta de termo de compromisso” apresentada pelos gestores do grupo, de encerramento do processo. Apresentaram proposta de pagamento de multa de R$ 120 mil. Mas, foi avaliada como irrisória para o delito apurado. Leia AQUI a íntegra da decisão do Colegiado da CVM.
Inepar tem patrimônio líquido negativo
No balanço dos 9M22 enviado à B3, a Inepar apresentou receitas de R$ 6,3 milhões e prejuízo líquido de R$ 184,3 milhões, contra lucro de R$ 10 milhões em mesmo período de 2021. O patrimônio líquido era negativo R$ 1,444 bilhão, ou seja, acima do total do ativo, de R$ 1,326 bilhão.
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