Generais sempre sonharam com arma nuclear. Russo é uma aposta
Que o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) são adversários políticos sem novidades. Mas, convergem, e não de hoje, em muitas conveniências políticas. Uma dessas, por exemplo, esta votação da PEC 09/2023, em tramitação na CCJ da Câmara, de anistia dos crimes financeiros dos partidos com verbas públicas do fundo eleitoral.
Os principais delitos são: uso de candidatos laranjas dentro da quota do 30% do repasse para mulheres determinada em lei e desvios das verbas das candidatas para homens. Em 2022, foram para os partidos R$ 6 bilhões. Portanto, R$ 1,8 bilhão devido aos gastos comprovadas de campanhas por mulheres. Ontem (25/04), houve obstrução na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ). O casuísmo coletivo dos partidos veio para agenda desta quarta (26/04).
Busca por fontes alternativas ao Ocidente
O rosário de pontos comuns entre Bolsonaro e Lula é enorme. Muitos, porém, estão fora do radar popular da opinião pública. Alguns, por exemplo, que não estiveram na agenda oficial de Bolsonaro com o ditador da Rússia, Vladimir Putin, em fevereiro de 2022. O encontro, em Moscou, foi a poucos dias antes da invasão da Ucrânia por tropas russas.
Bolsonaro colocou holofotes do Planalto duas pautas casadas: iminente invasão da Ucrânia e contratos dos fertilizantes da Rússia. Bolsonaro apoiou Putin. Lula, pré-candidato ficou calado. Mas, agora, presidente, declarou apoio a Moscou. Se manifestou assim enquanto viajava pela China, que presta aprovação a Putin.
Ungidos por Bolsonaro, os generais buscaram em áreas de Moscou itens pertinentes às suas fardas: armas. Mas não simples lançadores de projetis de guerra urbana, por exemplo. Seguiram labirintos na capital russa, pensando no andar de cima: do acesso à tecnologia das armas nucleares. Ainda não há transparência sobre isso.
Ou seja, uma agenda que as potências do Ocidente não entregarão ao Brasil. No máximo, talvez, concordassem em estacionar ogivas por aqui.
Generais emperram ratificação do tratado da ONU
Esse nariz de cera não é mera colocação de chifre de boi em cabeça de cavalo. Basta percorrer, desde 1961, quais foram os caminhos, dentro e fora da Organização das Nações Unidas (ONU), percorridos pelo Brasil na questão nuclear. Não atuou de forma igual nas fases do tratado e acordo pela não proliferação das armas nucleares e correlatos.
O Brasil avançou de forma relativa Governo Michel Temer (2017). Entretanto, o passo seguinte brasileiro, da ratificação do tratado, emperrou. Não apenas por entraves internacionais como os da pandemia do novo coronavírus (Covid-19), em dezembro de 2019, na China.
Coincidente com a pandemia, para o Brasil, chegou Bolsonaro (2019-2022). Um beligerante extremado. Portanto, ao sabor dos generais. Para estes, pouco importa de onde virá o domínio da bomba atômica.
Lula também defendeu os mísseis do Irã
Lula, contando o período do Governo Dilma Rousseff (2010-2016), atravessou longo período (2003-2016) negociando equipamentos de guerra. E, claro, seus generais, de olho em armas nucleares.
Por diversas vezes, por exemplo, o petista defendeu acesso do Irã, arquiinimigo dos Estados Unidos, às tecnologias nucleares de guerra. O mundo ocidental condenava.
O Lula-3, além da defesa aberta de Putin, culpou o Ocidente e os EUA pela guerra na Ucrânia. Ele estava na China, aliada da Rússia.
Mas, diante de um mundo ocidental azedo, o petista se esforçou em dizer que não disse o que disse. Ainda tenta se explicar na Península Ibérica. Em tese, uma geografia política mais tolerante aos erros de governantes brasileiros.
Putin, um aventureiro, seria fornecedor mais fácil
O ditador da Rússia, prova sua biografia, ser um aventureiro. Não busca apenas a reunificação de parte da antiga União das Repúblicas Socialistas Soviéticas (URSS). Por isso, seria mais flexível numa transferência de tecnologia nuclear para fins militares.
Por sua vez, até aqui, o ditador da China, Xi Jinping, parece mais reticente em atender aos generais brasileiros. Jinping corre com projeto de expansão mais conservador. Ainda não quis, por exemplo, ocupar Taiwan (Formosa). A ilha é um “território rebelde”, para Pequim. Mas, para o Ocidente, uma nação livre.
Então, para os generais, de Bolsonaro e Lula, o caminho mais curto de acesso à tecnologia ou uma bomba nuclear leva a Moscou.
Forças Armadas não pararam pesquisas nucleares
As cabeças dos comandantes seguem linhas forjadas nos tempos de colegas nas respectivas academias da Aeronáutica, Exército e Marinha. Para eles, portanto, pouco importa quem está no plantão de comandante-em-chefe.
Entendem que pertencem ao Estado, não ao Governo do momento.
As Forças Armadas Brasileiras nunca abandonaram, por completo, os programas nucleares. Essa área teve ênfase na ditadura militar (1964-1985), principalmente quando a Argentina esboçou eventual corrida.
Há duas semanas (13/04), a estatal Amazônia Azul Tecnologias de Defesa S.A. (Amazul), do Comando da Marinha, sinalizou que a armada navega com seus projetos nucleares. Via Edital de Convocação (Nº 30/2023), relativo a concurso público de junho de 2022 (Instituto Selecon – 01/2022), chamou uma profissional para seguintes área e função:
- 1. Candidato convocado, conforme ordem de classificação: Cargo: ESPECIALISTA EM DESENVOLVIMENTO DE TECNOLOGIA NUCLEAR E D E F ES A
- 1.1 ANALISTA EM DESENVOLVIMENTO DE TECNOLOGIA NUCLEAR E DEFESA – ENGENHEIRO NUCLEAR:
O edital deixa claro, todavia, que o processo seletivo não foi ato isolado:
“… A Gerente de Desenvolvimento de Pessoas da AMAZONIA AZUL TECNOLOGIAS DE DEFESA S.A.-AMAZUL, no uso de suas atribuições legais, em decorrência dos pedidos de final de fila de candidatos convocados, torna pública a convocação dos classificados em posição imediatamente subsequente, no concurso público homologado pelo Edital nº 01/2022, em 09 de junho de 2022, conforme ordem de classificação”.
A Marinha, ao longo tempo, evoluiu em pesquisas via Programa Nuclear da Marinha (PNM), incluindo projetos na Saúde. Isso, portanto, envolveu parcerias com universidades. O núcleo de inteligência da área ocupa instalações no Centro Industrial Nuclear de Aramar, em Iperó (SP).
A Amazul é parte no projeto dos submarinos nucleares, o Prosub.
GSI de Bolsonaro esteve na conferência da ONU
O desafio de momento, no país, é saber aquilo que o pessoal do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), da Presidência, colocou em relatórios referentes à participação na X Conferência de Exame do Tratado de Não Proliferação de Armas Nucleares. A conferência, em agosto passado, foi na sede da ONU, em Nova York.
O mesmo GSI está envolvido até o teto nos vandalismos de 08 de janeiro, em Brasília, na fracassada tentativa de golpe bolsonarista.
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NOTA DA AMAZUL:
Sem questionar o foco do conteúdo referente à Amazul, em 27/04, a assessoria de imprensa encaminhou:
“Vocês publicaram uma nota no Além do Fato que não espelha o que é a Amazônia Azul Tecnologias de Defesa S.A. (Amazul).
A empresa foi criada em criada em 2013 (está fazendo 10 anos) para desenvolver tecnologias para o Programa Nuclear Brasileiro, Programa Nuclear da Marinha e Programa de Desenvolvimento de Submarinos. E também para fazer a gestão do conhecimento do setor nuclear brasileiro, para que esse conhecimento não se perca, seja disseminado e protegido.
A empresa está ligada ao Ministério da Defesa, por meio do comando da Marinha (www.amazul.gov.br).
Uma de suas missões é ajudar a viabilizar o desenvolvimento do submarino convencionalmente armado com propulsão nuclear (SCPN), voltado para a proteção do território marítimo brasileiro e das riquezas que ele encerra.
Mas a empresa participa de empreendimentos nucleares, voltados para a geração de energia, saúde, qualidade dos alimentos etc.”.
** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do Portal UAI.