O silêncio do senador Rodrigo Pacheco (hoje no PSD) sobre possível candidatura a governador em 2026 é mais estratégia do que indefinição. É o tradicional e articulado jeito mineiro de fazer política com o qual todos se desacostumaram; daí as cobranças. Só assume ser pré-candidato, agora, a um ano de cinco meses da votação, quem não tem segurança ou capital político para chegar lá.
Quando indagado, o senador se diz envolvido com as demandas atuais de quem já ocupa um mandato. Para fazê-lo bem feito, não pode ficar pensando em outro, ou no futuro, como um carreirista. Pacheco pode ter esse ou outros defeitos, mas pensa como um estrategista para desconforto de aliados e ansiedade dos adversários.
Os rivais espalham versões e divulgam pesquisas como se fossem um fato em um processo que ainda não existe. Enquanto não houver um candidato do outro lado, as pesquisas continuarão sendo o que são, irreais. Pacheco quer, Pacheco não quer. Ninguém pode afirmar algo, mas nenhum outro nome tem maiores chances de ser candidato e até de virar governador. Sendo candidato do centro que é, com apoio do centro-esquerda e do presidente Lula, ele arrancaria com os 30% de intenções de votos desse campo.
Paralisa a antecipação
Pelos aliados e rivais, a pressão é grande por uma definição dele, já que sua palavra poderá destravar a sucessão estadual. Pela estratégia dele, a indefinição está a seu favor e paralisa a antecipação eleitoral da qual é crítico. Os políticos antecipam a sucessão, Pacheco paralisa tudo.
Quando fizer o anúncio, de ser ou não ser, o senador o fará em um combo. Junto do sim, virá também a escolha do partido pelo qual disputará. Esse partido deverá estar na base de apoio de Lula. Se o atual PSD estiver flertando com o bolsonarismo (leia-se Tarcísio de Freitas, governador de São Paulo), ele vai migrar sem dúvidas. Legenda não faltará. Caso não vá disputar, legenda não importará.
Lula faz sua parte
Além de lançar Pacheco ao governo de Minas, Lula conseguiu trazê-lo a Minas, no norte, para visitinha sem muitas razões na semana passada. Nesta semana, o presidente anunciou, ao lado dele, o decreto que regulamenta a adesão de estados ao Propag, programa criado pelo senador, com apoio da Assembleia Legislativa de Minas.
A medida permitirá renegociar, em bases menos danosas, as dívidas bilionárias de estados gastadores e de outros que, mesmo sem gastar e por omissão, as deixam crescer 60%. Como pai do projeto da solução da dívida, Pacheco terá a omissão de Zema e de seu grupo sobre o aumento da dívida como argumento e discurso.
Congelamento salarial de novo
Sem saber o que fazer na área financeira, o governo Zema anunciou que não haverá reajuste salarial pelo 2º ano consecutivo da 2ª gestão. O anúncio do não anúncio do reajuste reafirma, neste momento, que o governo continua também sem articulação política. A declaração atrapalha essa condução e não poderia ter sido dada por um secretário que não tem autonomia em sua própria pasta.
A decisão é menos financeira do que política. Quando os cenários não estão bem definidos para quem não é do ramo, eles optam por exercer a maldade, que virou marca registrada. Especialmente, se o alvo for o funcionalismo público que o governo dos Zemas e do Novo não conseguem entender a existência.
O secretário da Fazenda avisa que não haverá reajuste numa projeção feita dentro do extinto Regime de Recuperação Fiscal. Quem vai falar sobre a realidade chamada Propag. Está na hora de o governo se manifestar com mais realismo e seriedade. Ou então, a pré-candidatura a governador de Mateus Simões (Novo) ganha um fogo amigo.
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