Corte de orçamento reforça esvaziamento de Sérgio Moro no governo Corte de orçamento reforça esvaziamento de Sérgio Moro no governo

Corte de orçamento reforça esvaziamento de Sérgio Moro

Sérgio Moro (esq.) não descartaria possibilidade de deixa o ministério da Justiça se não se entender com o presidente Bolsonaro. Fotos - Agência Brasil

Sérgio Moro e Jair Bolsonaro: fim do casamento? Fotos - Agência Brasil

Fica, cada dia, mais visível e flagrante que o presidente Jair Bolsonaro (PSL) mudou o discurso perante seu ministro da Justiça, Sérgio Moro. A situação está do jeito que Bolsonaro gosta; não dá sinais que pretende demiti-lo, mas faz tudo para reduzir a força e a influência do ministro no governo.

Quando o escolheu, ainda na condição de juiz federal da Lava Jato, chegou a dizer que ele teria carta branca e liberdade total para montar sua equipe e combater a criminalidade. Portanto, seria um dos superministros, ao lado de Paulo Guedes, da Economia.

Mas, nos últimos oito dias, a aliança entre eles sofreu alguns abalos, envolvendo ainda a Polícia Federal, que é subordinada a Moro. Sem aviso prévio, Bolsonaro atropelou a ambos ao anunciar a troca de comando no Rio de Janeiro.

Antes que a tensão aumentasse, o governo cortou 32% do orçamento de seu ministério para 2020. Por isso, Sergio Moro enviou ofício ao ministro da Economia, Paulo Guedes, reclamando dos cortes.

Segundo o ofício, a medida vai criar “alarmante cenário de inviabilização de políticas públicas de segurança, cidadania e justiça essenciais para a sociedade brasileira”.

Perdas consecutivas

Sérgio Moro já havia perdido o Coaf para Guedes, que, agora, corta o seu dinheiro também. As queixas de Moro foram registradas em três ofícios enviados em 21 de agosto a Paulo Guedes. Pois, a intenção de Moro é melhorar sua cota no Projeto de Lei Orçamentária (PLOA) de 2020. O texto será enviado ao Congresso Nacional até o dia 31 de agosto.

“Embora compreenda os problemas decorrentes dos ajustes do teto de gastos, informo, respeitosamente, que o referencial monetário apresentado representa redução no orçamento deste Ministério, resultando em alarmante cenário de inviabilização de políticas públicas de segurança, cidadania e justiça essenciais para a sociedade brasileira”, diz um dos ofícios enviados ao Ministério da Economia.

Bolsonaro relativiza carta branca

No final de semana, Bolsonaro relativizou e reviu a cor da carta que teria dado a Moro e outros ministros. Afirmou que tem poder de veto em qualquer coisa, caso contrário não seria presidente. Que todos os ministros têm essa ingerência dele e que foi eleito para mudar. “E ponto final”, disse.

Várias ocorrências se sucederam desde o início do governo, mas a recente interferência na Polícia Federal repercutiu mais por deixar a impressão de esvaziamento de poder de Moro.

Ele ainda tem sofrido seguidas derrotas no Congresso Nacional, onde tramita o pacote de medidas anticrime encaminhado por ele no início do governo. Agora, Bolsonaro avalia se veta, parcial ou integralmente, projeto (de abuso de autoridade) que limita as investigações e o combate à corrupção. No último domingo, aliados de Moro foram às ruas contra o projeto.

Apesar disse, Moro permanece calado. Policiais federais reagiram, e Bolsonaro ameaçou mudar até o diretor-geral Maurício Valeixo, escolhido pelo ministro, com quem trabalhou por muitos anos e na Operação Lava Jato.

O enfraquecimento de Moro acontece em meio à divulgação de mensagens que ele, enquanto juiz federal, trocava com os procuradores em alguns processos da Lava Jato. Para especialistas, o vazamento das mensagens põe em xeque a imparcialidade dele como juiz federal.

Moro havia cogitado deixar o governo

Moro faz apelo a ministro da Economia em ofício

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do Portal UAI.

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José da Silva - COPIÃO DE TUDO

Chefe é chefe. Ponto.