No último ano (2018) do Governo Pimentel (PT), o BDMG oficializou que os investimentos de R$ 56,198 milhões realizados na Unitec Semicondutores tinham ido para o lixo. A BDMGTec Participação S.A., ex-braço do BDMG (Banco de Desenvolvimento de Minas Gerais), reconheceu, no balanço patrimonial de 2017 aquele valor como prejuízo (“imparment”).
Todavia, nada foi feito, em defesa do dinheiro público na gestão petista. Mas, caberá, portanto, ao Governo Zema (Novo) colocar mais uma lápide no cemitério de indústrias de semicondutores em Minas Gerais.
Contudo, a omissão Governo de Minas teve parceria. Pois, só no final do primeiro semestre de 2019, ano que finda daqui a cinco dias, o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) acionou a Unitec na Justiça. O banco cobra parcelas vencidas do financiamento que fez na fábrica, que custou R$ 1 bilhão. A Unitec, então, resolveu retaliar: processa a Cemig Distribuição (Grupo Cemig, Governo de Minas). Cobra por obras que fez pela estatal. BNDES e BDMG são financiadores e acionistas da Unitec – ENTENDA O CASO.
BDMG investiu mal
Apesar de tudo, até o balanço de 2017 (auditado pela PricewaterhouseCoopers) da BDMGTec, o Governo de Minas via, mesmo ressalvas, importância da Unitec.
“A BDMGTEC Participação S.A tem por objetivo participar como acionista em empresas de relevante interesse para o desenvolvimento econômico e social do Estado de Minas Gerais. A BDMGTEC, em 31 de dezembro de 2017, participa das seguintes empresas em fase de implantação: Unitec Semicondutores S.A., indústria de circuitos integrados analógicos, digitais e de sinal misto, sediada na cidade de Ribeirão das Neves, com aportes de capital no montante de R$ 56.198. (em mil R$)”. Esta, uma das referências no balanço de 2017.
Fato é, porém, que a empresa, instalada em Ribeirão das Neves, teve participação de Eike Batista (Grupo EBX), de 2012 a 2014, e não produz.
Portanto, a BDMGTec tinha elementos suficientes para saber que os investimentos estavam perdidos. Tanto é que demonstrou, nas Notas Explicativas da Administração do balanço (parte reproduzida abaixo). Citava auditoria, de 2016, que previa o fim da fábrica de semicondutores.
Pimentel optou por fechar BDMGTec
O investimento na Unitec lançado como perda equivalia a 63,58% do capital social da BDMGTec, que era de R$ 88,379 milhões.
O Governo Pimentel, a seis meses do término, determinou a incorporação da empresa de participações pelo BDMG. Em 21 de dezembro, portanto, a nove dias da saída, o governador Fernando Pimentel e o ex-presidente Michel Temer (MDB, sucessor do PMDB), o Banco Central joga a pá de cal na BDMGTec. No Ofício 25.505/2018, o BC comunicou aprovação da incorporação e “baixa” da BDMGTec na Junta Comercial. Assim foi feito.
TCE-MG e auditores fecham os olhos
Dentro da peça publicada do balanço, de 76 páginas, a parte nobre (“Relatório de Administração 2018”), assinado de forma coletiva pela Diretoria Executiva (“A Administração”), o banco ignorou a existência a Unitec. Dentro do item “3 – Destaque de atuação”, a empresa não figurou mais na parte dedicada à “Inovação”, onde sempre era mencionada. As auditorias externa (Price) e interna e o Conselho Fiscal, por sua vez, não mencionaram o prejuízo com aquela indústria.
O (TCE-MG tem sido, e até com exageros, zeloso nas cobranças ao Governo Zema. Seriam os casos do Grupo Cemig, privatização, e da Companhia de Desenvolvimento Econômico de Minas Gerais (Codemig), venda de direitos creditórios dos royalties do nióbio. Todavia, até aqui, menosprezou as perdas do BDMG nos investimentos que realiza e, principalmente, onde é acionista, como controlador da extinta BDMGTec.
Diretorias que assinaram últimos balanços da BDMGTec (2017) e do BDMG (2018), no Governo Pimentel:
DIRETORIA EXECUTIVA
- Marco Aurélio Crocco Afonso – presidente
- Luiz Guilherme Piva – vice-presidente
- Carolina Marinho do Vale Duarte – diretora
- Marcela Amorim Brant – diretora
- Rogério Sobreira Bezerra – diretor
Os administradores do banco indicados pelo ex-governador Fernando Pimentel permaneceram, porém, até 04 abril de 2019. Agora, portanto, é aguardar pelo Balanço Patrimonial de 2019, que deve ser publicado até o final de fevereiro (praxe), para, talvez, se conhecer outros esqueletos do BDMG. E saber, então, quais inadimplentes o banco deixa de executar, além de Unitec.
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