Banco Central define hoje (19/06) o posicionamento da taxa Selic, uma das pedras eleitas por Lula. A outra, a renúncia fiscal, o petista usou bem na reeleição de 2006, quando jogou com R$ 230 bilhões – veja abaixo, em “Teatro com renúncia fiscal”.
A entrevista da Rádio CBN, na manhã desta terça (18/06), com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT-SP), tinha, desde antes, o endereço do Banco Central. E foi uma manobra bem engendrada pelo Planalto. Incialmente, anunciada para semana passada, acabou cancelada.
O adiamento se deu por conta da viagem do petista ao exterior. A emissora do Sistema Globo, entretanto, sabia da incompatibilidade da data, pois, o calendário do Planalto apontava a viagem há alguns meses.
A conversa, portanto, ficou estrategicamente reagendada pelo Partido dos Trabalhadores (PT) para hoje. Por que hoje? É que, ao afinal da entrevista, o colegiado do Comitê de Política Monetária (Copom), do Banco Central (BC), abriria a reunião (às 12h), que decidirá sobre a taxa de juros Selic.
Amanhã (19), após 18h30, o Copom anunciará como ficará a taxa, que está nos 10,50% ao ano.
Ao se render ao PT, portanto, a CBN posicionou Lula no melhor palanque, com discurso carregado de algumas inverdades (a própria emissora destacou isso nos horários seguintes). O petista teve, então, um espaço em data mais oportuna para seu objetivo: atacar, com maior rancor, a condução juros pelo BC.
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“Só tem uma coisa desajustada no país, que é o comportamento do Banco Central. Essa é uma coisa desajustada. Presidente (Roberto Campos Neto) que tem lado político, que trabalha para prejudicar o país. Não tem explicação a taxa de juros estar como está”, atacou Lula
Juros do Banco Central viabilizam títulos do Governo
Lula ignorou e teve conivência dos âncoras (e produção) da rádio no seguinte: sem as taxas da Selic nas alturas, os investidores não aplicarão em títulos do Tesouro Nacional. Essa é a fonte do Governo para financiar seus déficits: despesas acima das receitas.
O presidente da República, nos ataques odiosos a Campos Neto, fez puxadinho até o Governo de São Paulo. E foi por conta da homenagem do governador de São Paulo ao chefe do BC. O governador de SP, Tarcísio de Feitas (Republicanos), foi ministro da Infraestrutura do Governo Jair Bolsonaro (PL).
Mas petistas aclamaram Tarcísio, que citou Dilma
Ninguém, na CBN, lembrou ao Lula, por exemplo, que, 02 de fevereiro, ele dividiu palanque ao lado de Tarcísio e discurso alegre. Foi em São Paulo. Após discursar, o governador ouviu da petista da plateia: “volta, Tarcísio!”. Ele foi diretor-geral do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (DNIT) no Governo Dilma (PT-RS). No dia 07 deste mês, Tarcísio citou, em tom elogioso, a ex-presidente Dilma.
Mas, claro, isso não conta para Lula. Motivo: Campos Neto, que sairá do BC, em dezembro, e estaria, desde já, cogitado para se instalar no Governo de SP.
Lula comparou o chefe do Banco Central ao então juiz Sergio Moro (atual senador União-PR), que largou a magistratura, em novembro de 2018, e virou ministro da Justiça no Governo Bolsonaro. Moro figurou principal juiz nos julgamentos dos casos de corrupção levantados pela Operação Lava Jato. E mandou Lula para prisão.
Além disso, Tarcísio seria, no momento, o principal adversário do dirigente petista numa eventual tentativa de reeleição, em 2026.
Teatro com a renúncia fiscal
A entrevista, ou espaço aberto para o discurso do chefe do Planalto, seguiu praticamente sem rebates. Nem mesmo para afirmações com inverdades.
O Planalto divulgou ontem (17/06), por exemplo, que Lula teria reagido “mal impressionado” com uma conta dos ministros da Fazenda, Roberto Haddad (PT-SP), e do Planejamento, Simone Tebet (P/MDB-MT). Os números eram para um dos vieses da renúncia fiscal.
Os auxiliares mostraram ao chefe que incentivos e benefícios financeiros e creditícios superam R$ 646 bilhões. Esse artifício é usado pelos governos na atração de investidores e/ou estimular investimentos de empresas locais.
Lula, mais uma vez, jogou para plateia. Deixou, entretanto, para Haddad e Tebet o nariz de cera, o pré-clima, de como se exibiria ao microfone da CBN.
Acontece que, às vésperas da disputa pela reeleição, em 2006, Lula fez afago no empresariado, se valendo exatamente de renúncia fiscal. Fez isso via renegociação em R$ 230 bilhões. Foi no tal “Refis 3”.
Além disso, é conversa fiada o petista se declarar (se o fez) “impressionado” com os bilhões dos incentivos (ou renúncias) fiscais. Em 25 de janeiro passado, por exemplo, a Presidência da República, via Controladoria Geral da União (CGU), apresentou “detalhamento” para renúncias ao Tesouro de R$ 215 bilhões, via “benefícios fiscais”. Estavam relacionadas à desoneração de tributos e incentivos fiscais.
Os cinco grupos empresariais mais beneficiados no documento da CGU eram:
- Petrobras – R$ 29,5 bilhões;
- Vale – R$ 19,2 bilhões;
- GE Celma – R$ 5,2 bilhões;
- FCA Fiat Chrysler Automóveis do Brasil – R$ 4,6 bilhões; e,
- TAM Linhas Aéreas – R$ 3,8 bilhões.
O ranking, fechando a lista dos dez maiores, segue com nomes bem conhecidos: BRAM Offshore Transportes Marítimos, Ministério da Saúde, CNH Industrial Brasil (Grupo Fiat), Samsung Eletrônica da Amazônia e General Motors do Brasil.
Fake dos R$ 480 bilhões na RVT
O presidente deu pinceladas em outras questões relevantes no rosário das mazelas políticas e sociais em que vive o Brasil. Citou Previdência Social, aposentadorias e salário mínimo. Bons temas junto como aqueles que obrigam Lula a negociar aprovações no Congresso, liberando bilhões em verbas e emendas parlamentares. Mas, não foram aproveitados pela CBN.
Em março, por exemplo, os aposentados foram prejudicados pelo Governo Lula. O Planalto criou uma fake news para influenciar os ministros do Supremo Tribunal Federal (SPF). Com a manobra, derrotou, então, a revisão da vida toda (RVT) nas aposentadorias dos velhinhos. Relembre AQUI.
** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do Portal UAI.
Os penas compradas do Aécio….estão de volta.
Um dos maiores problemas, que levam ao emburrecimento e ao analfabetismo político do povo mineiro, é a velha impresa mineira. Sempre trabalhando para manter o putrefado “status quo” das elites mineiras.