O atual diretor-presidente do Instituto Brasileiro de Mineração (Ibram), Raul Jungmann, com apoio da Vale S.A., claro, é, desde 1º de março (empossado em maio), um paraquedista no posto. Não é empresário nem estava como executivo importante em empresa da mineração.
O político pernambucano foi vereador no Recife, deputado federal por três mandatos e ministro de Estado em quatro pastas, de Fernando Henrique e Michel Temer. Neste último chefiou a Defesa e a Segurança Nacional. Com FHC, esteve à frente da Agricultura e Reforma Agrária. Além disso, presidiu o Incra e o Ibama.
E com ele, portanto, que as mineradoras buscarão alguma credibilidade em posturas sustentáveis nas questões ambientais. Ou seja, nos capítulos dos conceitos de governança socioambiental (ESG).
Portanto, o único cacife que justifica a escolha das mineradoras é sua bagagem política no andar de cima da máquina federal. Principalmente no Ministério da Defesa.
É, então, conhecedor dos mapas da Amazônia. Neste item, sabe, por exemplo, onde os satélites cruzaram seus radares. E, o mais importante para empresas: o que esses satélites detectaram e podem ainda detectar. Em resumo: é um conhecedor da rede virtual da mineração nas mãos do Governo, ou seja, candidato a um Eliezer Batista na era digital no segmento.
O que Jungmann sabe fazer, portanto, em mineração, pouco interessa às mineradoras. As companhias querem dele, isso sim, além de onde pisar na Amazônia, é os contornos e atalhos no viciado jogo da política.
O ex-ministro pode ser bom na encomenda dos patrões.
Mas, demonstrou, dentro Exposibram 2022, encerrada quinta (15/09), no Expominas, em Belo Horizonte, que não tem discurso próprio. Ou seja, não dirá nada diferente daquilo que, por exemplo, daquilo que a Vale S.A. impõe ao Conselho do Ibram.
No encerramento da Feira e Exposição, Jungmann, portanto, deu voz à obediência. Soltou uma frase que remeteu à infeliz promessa do então presidente da Vale, 18 meses após tragédia na Mina Germano, da Samarco (Vale e BHP Billiton), em Mariana. Em 05 de novembro de 2015, se rompeu a barragem Fundão, de rejeito de minério de ferro. Comunidades arrasadas, 19 mortos (em Bento Rodrigues, Mariana). Se seguiu com devastação ambiental (não por causas naturais) até o litoral do Espírito Santo.
“Mariana nunca mais”. A frase foi dita Fábio Schvartsman ao tomar posse, em 22 de maio de 2017, como diretor-presidente da Vale. E apresentou quatro “pilares” de sua gestão: performance, estratégia, governança e sustentabilidade.
Mas, veio a tragédia maior. Em perdas humanas 14 vezes maior: 270 mortos (4 corpos ainda não resgatados). Foi em 25 de janeiro de 2019, com o rompimento da barragem de rejeito de minério de ferro B1, na Mina Córrego do Feijão, no arraial de mesmo nome, em Brumadinho. A mina é da Vale. Relembre:
Jungmann ao falar que abraçou representantes das vítimas da tragédia da Mina Córrego do Feijão, em gesto solidário, concluiu: “Vamos seguir fazendo o que for preciso para atenuar esse sofrimento e que o que aconteceu em Brumadinho nunca mais se repita“.
O presidente do Ibram, então, cobrará o quê da Vale, do Conselho Diretor do Ibram, dos Ministérios do Meio Ambiente, Mineração, da Defesa e Agricultura, do Ibama, dos Governos Estaduais, de Minas Gerais, principalmente? Cobrará o quê do Conama, Copam-MG, Feam-MG, Igam-MG, IEF-MG, Iepha-MG? E, por fim, cobrará o quê das Prefeituras municipais, não apenas de Minas Gerais?
Não há torcida contra o diretor-presidente do Ibram. Mas, por atitudes menos políticas e, se possível, bem mais corajosas.
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