Com geadas ainda pouco impactantes (na média histórica) em áreas cafeeiras, o café vai bombando entre as commodities agrícolas nas bolsas. As estatísticas do 2º Levantamento de Safra de Café 2025, da Conab, de maio, sinalizam que os preços continuarão nas alturas, ou seja, o mercado internacional pressionará mais no varejo interno, na xícara do brasileiro. O conilon vai bem na foto da safra.
Enquanto a estatal federal Companhia Nacional de Abastecimento (Conab – Ministério da Agricultura), não divulga o 3º Levantamento, previsto para setembro (dados de agosto), vale observar na projeção anterior. O resultado de safra de do ano-cafeeiro 2025 será ligeiramente acima (2,7%) de 2024. A Conab estima em 55,67 milhões de sacas (60 kg). Safra magra, portanto, e de oferta restrita pelo produtor ou armazenador.
Vale considerar que o café é cultura tida de “bienalidade“, uma negativa e a seguinte positiva em produtividade. A lavoura de café está, em 2025, na “bienalidade” negativa e, pelos dados da Conab, castigada pela estiagem prolongada. A demora da chuva atrasou e atrapalhou a florada, em 2024.
Por isso, até os ano da década de 1980, os cafeicultores (eram predominantemente famílias lavradoras), usavam a expressão: “ano do banco (Banco do Brasil) e ano ruim“. Ou seja, no “ano bom”, juntavam dinheiro, pagavam o banco (juros do custeio) e armazenagem. E sobrava – o lucro. Mas, o Governo, acionista majoritário do BB, sempre impunha um jeitinho político: retirava os custos dos empréstimos, refinanciava o principal com bondade de avó e, até mesmo, perdoar 100%. Sempre pintava um casuísmo (político) de Natal.
Conilon dispara: 28% acima de 2024
As espécies dominantes na lavoura brasileira são a arábica (de maior cotação em bolsa) e a conilon (ou robusta). Os levantamentos da Conab sugerem uma safra inferior 6,6% para o arábica, com 36,97 milhões de sacas. Mesmo assim, manterá elevada participação na safra, de 66,40%.
Para o conilon, entretanto, os indicativos até o presente são otimistas. O aumento de safra é apontado em 27,9%, com 18,70 milhões de sacas. A participação final seria, portanto, de 33,60%.
Queda em Minas, alta na Bahia
A lavoura cafeeira está presente nas cinco regiões do Brasil. Predomina, porém, na Sudeste: Minas Gerais, Espírito Santo, São Paulo e Rio de Janeiro. Dessas lavouras, com aumento de 1,3%, sairão 48,38 milhões de sacas de arábica e conilon. Ou seja, 87% na participação total.
Em Minas Gerais, principalmente no Sul de Minas e Alto Paranaíba, estão as lavouras mais produtivas. As empresas donas nas lavouras mineiras (entre elas a Família Marinho, dona das Organizações Globo) registrarão queda de 7% no total – 26,094 milhões de sacas. Na Bahia, alta de 20%, com 3,679 milhões de sacas.
A projeção final, consolidada, da Conab para ano safra 2025 do café será conhecido em dezembro.
Preços nos supermercados alturas
As empresas produtoras com maior poder de capital especulativo e as tradings sempre seguram ao máximo o produto nos armazéns. Isso para pressionar altas nos preços. Assim, interferem naquilo que seria a lei natural de mercado, da oferta e procura.
Os riscos causados por fenômenos naturais, caso das geadas nesta época sobre as lavouras de café sendo colhidas, têm influência direta nos resultados, principalmente na formação do preço do grão.
No inverno de 2022, as lavouras do Sul de Minas, maior região produtora mineira, foram significativamente prejudicadas.
E, mesmo tendo estoques estratégicos reguladores de mercado interno, o Governo sempre fracassa como agente de combate à inflação do café na cesta básica. Como o futebol, o Carnaval e a corrupção, o café é também uma cachaça nacional.
Aumento de 12% em novas áreas
As áreas da cafeicultura totalizam nesta safra 2,25 milhões de hectares, sendo 1,86 milhão em produção e, 397,3 mil, em formação. A área total, então, quase estável: aumento residual de 0,8% sobre 2024. Em lavouras com produção, o registro de queda 1,4%. Entretanto, houve aumento significativo de 12% para aquelas em formação.
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