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Bolsonaro ataca INPE e ONGs, mas poupa a CNI

  • por | publicado: 21/08/2019 - 17:57

Aumento do desmatamento na região da Amazônia. Informação do INPE, órgão do Governo, desagradou Bolsonaro. Foto: Divulgação/INPE

O presidente Jair Bolsonaro, depois de intervir no Instituto Nacional de Pesquisa Aeroespacial (INPE), por discordar das informações do desmatamento na Amazônia, sugere que ONGs estão por trás dos incêndios na região. Mas nada fala das atividades das madeireiras e mineradoras filiadas às federações da Confederação Nacional da Indústria (CNI).

Nos Estados do Norte e Centro-Oeste, as federações das indústrias têm, entre filiados, sindicatos formados por madeireiras no Pará (Sindimad), Amazonas (Sindusmad), Roraima (Sindimadeiras), Amapá (Sindimadeiras), Rondônia (Sindimadeiras), Maranhão (Sidimir), Acre (Sindusmad), Tocantins (Simam), Mato Grosso (Simav) e Mato Grosso do Sul (Sidimad). As filiadas aos sindicatos são madeireiras com CNPJ. De alguma forma, beneficiadas por receitas para-fiscais (recolhimentos compulsórios) entregues às entidades do “Sistema S” filiadas à CNI (Sesi e Senai), além do Sebrae. O presidente da República também nada disse contra as mineradoras, setor também com sindicatos filiados ao Sistema CNI.

Os dois setores promovem desmatamentos sequenciais na Amazônia, com conhecimento do Conama, Instituto Chico Mendes, Ibama, INPE e Ministérios do Meio Ambiente e o da Ciência, Tecnologia, Inovação e Comunicação.

Contenção de rejeitos vazados do complexo de beneficiamento de bauxita (alumínio), em Barcarena (PA), da mineradora Hydro Alunorte, das Noruega. Foto: Reprodução/Redes Sociais

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Nesta terça (21), até às 18h, buscas no “Portal da Industrial”, o site oficial da CNI, eram negativas na associação da palavra Amazônia às palavras-chave queimada, desmatamento e incêndios. “É um gesto de boa vontade pelo fato do Guedes (Paulo Guedes, ministro da Economia) ter dado um fôlego ao “Sistema S”. Ele parou de falar em intervenção e extinção do S”, ironizou ao Além do Fato, uma fonte do bloco empresarial nacional de sustentação do Governo Bolsonaro.

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Contra o INPE, a acusação do presidente da República foi a de divulgação de dados falsos, quanto ao aumento do desmatamento na Amazônia. Não satisfeito demitiu o diretor-geral, Ricardo Galvão. E foi o mesmo INPE, com o Programa Queimadas, que hoje irritou Bolsonaro. O programa registra que, neste ano, o país teve, de janeiro até domingo (18), cerca de 72 mil focos de incêndios , sendo 52,5% na Amazônia. Comparado com mesmo período de 2018, houve aumento de 82%.

Bolsonaro sugere que as queimadas seriam vingança das Organizações Não Governamentais (ONGs). Estariam reagindo aos cortes em verbas que recebiam, tanto em repasses do exterior quanto orçamentárias. O presidente dá a entender que as ONGs fazem isso para “chamar atenção” contra seu Governo. O portal G-1 trouxe a seguinte declaração de Bolsonaro: “O crime existe, e isso aí nós temos que fazer o possível para que esse crime não aumente, mas nós tiramos dinheiros de ONGs. Dos repasses de fora, 40% ia para ONGs. Não tem mais. Acabamos também com o repasse de dinheiro público. De forma que esse pessoal está sentindo a falta do dinheiro”. O presidente disse, ainda, que governadores do Norte seriam “coniventes” com aquelas instituições.

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do Portal UAI.

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