Os fabricantes de ônibus não priorizam o conforto dos passageiros, mas os lucros dos empresários, que elevam margens na relação direta ao número de pessoas em pé. Os coletivos são homologados para trafegar, em média, com 62% da lotação com passageiros em pé. Essa realidade está longe de desaparecer, a se comprovar na exposição das montadoras dentro do Seminário Nacional da NTU 2019 – Associação Nacional das Empresas de Transportes Urbanos, ontem (20) e hoje, em Brasília.
As empresas realçam, nos “lançamentos”, itens de “motorização” – menos poluentes -, suspensão, veículos com três eixos (sendo dois dianteiros). Por vezes, falam do “conforto”. A tecnologia é toda voltada para o empreendedor. Os veículos ficam mais longos, robustos, consomem menos combustível etc. Itens que melhoram a margem do investimento. Às vezes, asseguram os fabricantes, até poluem menos, ou seja, em tese, geram menos multas (se houver fiscalização ambiental).
Medidas dos fabricantes
Na verdade, nos coletivos urbanos comuns, o item “conforto” é prosa. A montadora Caio, apresenta, nestes dois dias, em Brasília, um modelo que leva 42 passageiros sentados e 64 em pé. Ou seja, 64% do lucro, se a lotação estiver em 100%, não exigiram investimentos em poltronas. Essa margem é bem maior, pois, em horário do rush, a ocupação em pé, por m2, dobra. A Marcopolo, líder no segmento, mostra uma versão para 112 passageiros, dos quais 77 (quase 70%) em pé. E, outro, para 71, sendo 40 (56%) em pé.
A pergunta é: onde está o conforto para a maioria dos passageiros?
Ônibus perderam 12,5 milhões de passageiros
As empresas de ônibus do transporte coletivo urbano perderam 12,5 milhões de passageiros em um ano, até abril. É o que consta do Anuário 2018-2019, da Associação Nacional das Empresas de Transportes Urbanos (NTU. A queda (4,3%) é resultado, principalmente, dos gargalos nos sistema de infraestrutura nas cidades. A contar de 2009, esses projetos teriam recebido apenas 9,4% dos investimentos para mobilidade, de um total anunciado R$ 151,7 bilhões.
↘Queda de 25,9% em quatro anos
Ainda entre os motivos que fazem o sistema perder passageiros, de acordo com aquilo que foi apresentado no Seminário Nacional da NTU, estão a lentidão do trânsito. Aqui se materializa a deficiência em corredores exclusivos para os ônibus. No triênio 2017-2019, os chamados “projetos ativos” de mobilidade nas cidades brasileiras, de acordo com a NTU, seriam 706, ou seja, 12% a mais que em 2017.
Maceió faz controle por biometria
Em Maceió (SE), 70% da frota do transporte coletivo rodoviário operam com o controle dos bilhetes eletrônicos monitorados pelo controle de câmeras de identificação por biometria facial. Implantado em abril, o sistema ajuda a coibir desvios dos benefícios tarifários – estudante, idosos, acompanhantes e funcionários dos Correios.
No momento em que o usuário passar na catraca, as imagens dele seguem para o Sistema de Bilhetagem Eletrônica. Se houver irregularidades, o cartão é bloqueado. A partir daí, o titular passa por suspensões, que em caso de reincidências, podem exclui-lo dos benefícios por até um ano. Nos quatro meses de operação, o Sistema Integrado de Mobilidade de Maceió (SIMM) atingiu cerca de 16.800 bilhetes com uso indevido. A meta da Prefeitura de Maceió é atingir 100% da frota até o final de dezembro.
** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do Portal UAI.
O problema maior e que ninguém coloca o dedo na ferida é o tipo de ônibus usado no Brasil que não passa de caminhão travestido que não trás conforto pra ninguém.Esses veículos já não são usados em muitos países há muito tempo mas no Brasil como são mais baratos são os queridinhos dos empresários.Veículos com motor dianteiro tem por norma emitir mais barulho e calor pra dentro do salão (questão de física)além de dificultar a entrada dos passageiros e de prejudicar a saúde de seus condutores.