Erros na proposta comercial de duas agências poderão levar a Federação das Indústrias de Minas (Fiemg) a suspender ou refazer sua licitação para propaganda. Esse é o teor do recurso encaminhado por uma das agências concorrentes, a Filadélfia Comunicação, diante de possíveis falhas das propostas da Lápis Raro e RC Propaganda.
A ocorrência é passível de desclassificação, mas, em vez disso, a Federação teria permitido a correção, acatando nova proposta delas. A prática é apontada como erro grave em processos de licitação e pelo próprio edital. A ata da reunião de abertura das propostas só teria sido divulgada sete dias depois, já com as correções acertadas. Esses são os argumentos do recurso da Filadélfia, que poderá levá-la, como outras concorrentes, à Justiça pela suspensão.
Federação contesta “erros”
De acordo com especialistas do setor, as agências que apresentaram os equívocos na proposta teriam que desclassificadas e não poderiam mais concorrer nesse processo. A Fiemg contestou erros e considerou “normal” o surgimento de recursos dentro da concorrência. Segundo sua assessoria, o processo está dentro dos prazos e da legalidade, é acompanhado por comissão permanente e assessoria jurídica. E mais, que, desta vez, houve participação de profissionais do mercado para dar mais transparência a todas as etapas.
Conta é a segunda maior de Minas
No contexto econômico de crise atual, a conta publicitária da Fiemg tornou-se a segunda maior em valores no Estado, cerca de R$ 30 milhões/ano. Para se ter ideia, a da Prefeitura de Belo Horizonte hoje é a maior, de R$ 60 milhões. Antes maior cliente, o Governo do Estado estaria em terceiro, com cerca de R$ 20 milhões em função de sua crise financeira.
Campanha para ajudar Zema no ajuste fiscal
Em outubro do ano passado, o presidente da Fiemg, Flávio Roscoe, anunciou campanha publicitária para ajudar o governador Romeu Zema (Novo). A ideia é conquistar apoio popular para as medidas de ajuste fiscal do governo mineiro.
No plano, a mensagem da Fiemg foca a defesa da recuperação fiscal, e que, sem ela, o Estado entraria em falência. “Pode contar com o apoio do setor produtivo para atuar, inclusive, junto à Assembleia Legislativa”, disse Roscoe, referindo-se às conhecidas resistências de deputados à privatização. Nas mídias apresentadas, a Fiemg apresenta um cenário de caos na educação, saúde e segurança do Estado.
O regime de recuperação fiscal é um programa federal que o governo Zema quer aderir. O programa impõe a venda de todas as estatais, entre elas Cemig e Copasa, congelamento de salários e promoções. Além da aprovação parlamentar, a venda da Cemig exige consulta popular (referendo), conforme determina a Constituição Mineira. Em troca da adesão, Minas renegociaria sua dívida de mais de R$ 100 bilhões junto ao governo federal.
Flávio Roscoe indiferente à velha política de Brasília
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