O governo Zema já trocou de articulador político quatro vezes e, na estreia do quinto, vai acumulando os mesmos erros e derrotas na Assembleia. Ou melhor, continua fazendo uso da situação para não dar soluções às demandas e pressões que sobrecarregam os escaninhos oficiais. A impressão geral é que a gestão largou a Assembleia pra lá, junto com sua base de apoio, com uma única obsessão: as eleições do ano que vem. A cúpula inteira do governo só age pensando nas eleições de 2026, de presidente da República, de governador e senador.
Tudo somado, não sobra tempo para ouvir e dialogar com os deputados aliados, lidar com suas demandas e fortalecê-los na aprovação de seus vetos e projetos. Atenta a tudo, a oposição ao governo controla o processo legislativo, mesmo sendo minoria, desde o início do ano.
O governador Zema gasta o tempo na defesa das pautas bolsonaristas nas redes sociais e em viagens fora do estado para eventos ligados a grupos da direita e assemelhados. O vice-governador Mateus Simões e o secretário de Governo, Marcelo Aro, só têm agenda para prefeitos, de olho no apoio deles em 2026. Marcelo Aro conseguiu um tempinho para fazer reportagem na TV e fazer a defesa do consumidor na capital.
Busca pela fama
Pode dar voto, mas a experiência recente, das eleições municipais de Belo Horizonte e de São Paulo, provou que as iniciativas midiáticas dão alguma projeção, mas são inúteis sem o conteúdo. Sobre isso, a campanha passada deixou muitas lições. Em primeiro lugar, o que interessa à população é a qualidade do serviço prestado e não a fama do prestador. O exemplo do deputado paulista, Celso Russomanno, deveria ser levado em conta, já que o apontam como o melhor adversário de 2º turno eleitoral. Sempre larga bem e nunca ganha. Assim, foi com Mauro Tramonte (Republicanos) na eleição de BH, que dizia que não seria Russomanno mineiro.
Cão e gato
Três dias depois que o ex-vereador Gabriel Azevedo (MDB) estreou na Band News, Marcelo Aro fez o mesmo, na última terça, na TV Record. Há entre eles, algum tipo de aliança mal resolvida que se transformou em rivalidade belicosa. Os dois estudaram jornalismo e direito. Foram contemporâneos na Faculdade Milton Campos, onde um sucedeu o outro, como oposição, na presidência do diretório acadêmico.
Mais tarde, acertaram pacto para conquistar a presidência da Câmara de BH, na qual Gabriel ficaria um ano no cargo e o indicado de Aro assumiria no ano seguinte. Antes do cumprimento do acordo, houve novo rompimento político. A partir daí, Aro tentou em vão cassar o mandato de Gabriel, mas ainda não desistiu de levá-lo à justiça.
Sem mandato, Gabriel está investindo na mídia. Além da Band, vai para a Rádio Itatiaia e outros canais digitais para discutir urbanidade. Sonha ser prefeito de BH no futuro. Com mandato, e com a difícil missão de conduzir a articulação política de Zema na Assembleia, Aro faz um contrato inusitado com a TV Record. Diz que vai brigar pelo consumidor sob o patrocínio da Gerdau, uma das maiores produtoras de aço do Brasil. Sonha virar senador nas próximas eleições.
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