Após um dia inteiro de muita pressão, as mais de cinco horas de negociações terminaram sem acordo entre governo e as 15 entidades associativas e os oito deputados ligados aos servidores da segurança pública de Minas. A reunião aconteceu, nesta segunda (16), na Cidade Administrativa (sede governo), onde, do lado de fora, concentraram-se, em protesto, centenas de servidores da área.
Na primeira etapa reunião, da qual participaram os secretários de Planejamento, Otto Levy, e de Governo, Bilac Pinto (DEM), o governo chegou a reconhecer as perdas salariais de 28,68% reivindicadas e a acenar com a reposição imediata. No entanto, no início da noite, após consulta ao governador Romeu Zema (Novo), houve mudança de planos.
Apesar do reconhecimento, o governo propôs iniciar o pagamento da reposição, sem índice definido, só a partir de setembro do ano que vem. “A proposta é inaceitável. Estamos esperando há 4 anos e meio, não vamos ficar mais um ano”, sentenciou o tenente-coronel Domingos Sávio de Mendonça. Oficial reformado, ele lidera o movimento independente e paralelo ao das entidades associativas e deputados. “A solução é a paralisação”, advertiu ele, reconhecendo que isso será um “colapso” na segurança pública.
Liderança pede renúncia de comandante
Ao defender a rejeição da proposta oficial, no que foi seguido pelos manifestantes, Mendonça sugeriu que o comandante-geral da PMMG, Coronel Giovanne Gomes da Silva, renunciasse o cargo para não ter que comandar “uma tropa que tem seus direitos violados”.
A cena do desfecho do dia de negociações e manifestações foi de unidade ao movimento que estava rachado com duas manifestações convocadas para esta mesma semana. A desta segunda (16) foi chamada por Mendonça e outra para a próxima quinta (19), convocada pelas entidades associativas e deputados em caso de não atendimento pelo governo.
Desconfiança de boicote
Houve quem desconfiasse de boicote pelo clima oposto das negociações. No final da tarde, Mendonça, que foi chamado à reunião de última hora, anunciou as “boas notícias” pelo reconhecimento da reposição. Três horas depois, vieram as más notícias, de que o reconhecimento só viria daqui a um ano. Para os desconfiados, a estratégia seria o governo anunciar melhor proposta no dia 19, dando crédito para as lideranças associativas e parlamentares.
No mesmo encontro, o governo confirmou o fim do parcelamento dos salários deles a partir de dezembro, com pagamento no 5º dia útil. E o parcelamento do 13º salário em três vezes, caso não tenha êxito na operação de empréstimo que está buscando.
Participaram da reunião com o governo, os presidentes de 15 sindicatos e associações, os deputados federais Subtenente Gonzaga, Junio Amaral e Léo Mota, e os deputados estaduais Sargento Rodrigues, Coronel Sandro, Heli Grilo, Delegada Sheila e Bruno Engler.
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