Comuns no período pré-eleitoral, as especulações apontam que o governador Romeu Zema pode deixar o partido Novo e migrar para outro, resultado da fusão entre o DEM e o PSL. Esses dois partidos devem oficializar a união no mês que vem. Zema tem conversado com o presidente do DEM, o ex-prefeito de Salvador ACM Neto, avaliando a mudança, já que seu partido atual perdeu o rumo e o próprio futuro.
O PSL é o partido que abrigou, em 2018, a candidatura presidencial de Bolsonaro, que, hoje, está fora e à procura de outra legenda. Não parece ser esse da fusão, até porque esses partidos, de centro-direita, estão buscando fugir da polarização Lula (PT) versus Bolsonaro por meio de uma terceira via presidencial. Eles apostam no nome do presidente do Senado, o mineiro Rodrigo Pacheco. Hoje, ele está filiado ao DEM, mas é assediado pelo PSD do prefeito de Belo Horizonte, Alexandre Kalil, para ser candidato presidencial.
Mudança embolaria a sucessão estadual
Se Zema migrar para esse partido não precisaria romper com o bolsonarismo do qual é aliado e integrante, mas teria justificativa para apoiar Pacheco, por ser mineiro, caso ele seja candidato. Além do que, se livraria da rejeição crescente no entorno do atual presidente. Por outro lado, essa reviravolta desfavoreceria seu principal rival, Kalil, que sonha ter Pacheco em seu palanque no ano que vem para virar governador. Em nota, o governo disse que Zema “mantém conversas com todos os principais articuladores políticos do país. Hoje mesmo, esteve com Luis Felipe D’Avila e com Eduardo Ribeiro (Novo), discutindo exatamente as perspectivas de 2022”.
Aceno ao bolsonarismo
Enquanto isso não acontece, Zema vai mantendo o alinhamento ao bolsonarismo, como fez ao vetar projeto da Assembleia Legislativa que pune a discriminação sexual. Com isso, atendeu aos apelos de seis deputados bolsonaristas contra o da maioria de 34 que votaram a favor do projeto.
O gesto de Zema foi apenas um aceno ao bolsonarismo, porque, na prática, do ponto de vista da legislação, foi um gesto inútil. Afinal, irá vetar a nova lei que apenas atualiza uma outra existente há 19 anos em Minas. Ou seja, a punição contra a discriminação sexual em empresas está mantida. O que a lei vetada por Zema fez foi apenas atualizar, corrigir monetariamente, os valores da multa e indexá-la à Ufir, unidade de referência fiscal do estado.
Além disso, a lei vetada acrescentou a expressão ‘identidade de gênero’ e incluiu a presença de entidade de defesa desses direitos no Conselho estadual de Direitos Humanos. Tudo somado, foi um veto que só teve a intenção de agradar aos aliados de Bolsonaro. E ainda pode lhe trazer problemas na Assembleia, como paralisar votações e ainda ser derrotado com a derrubada do veto.
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