Finalmente foi assinado acordo entre o governo de Minas e a mineradora Vale por conta dos prejuízos causados pelo rompimento da barragem do córrego do Feijão, em 25 de janeiro de 2019, a maior tragédia ambiental do país. O acordo é de R$ 37,6 bilhões mas, como informa Orion Teixeira aqui no site, vão entrar nos cofres do Estado cerca de R$ 13 bilhões.
Está aquém do que o governo queria, mas ainda assim é uma fortuna. Como será aplicado o recurso? O critério primeiro, evidentemente, será o impacto dos investimentos na vida dos mineiros. Mas é também evidente que há um viés político na escolha de tais obras, uma vez que o governador Romeu Zema (Novo) é declaradamente candidato à reeleição.
Como os cofres públicos andam numa pindaíba jamais vista na história de Minas, o governo não foi muito além de tentar administrar a massa falida. Com os R$ 13 bilhões, o cenário muda para o governador, que poderá investir em obras que darão visibilidade para sua gestão. E, o que se espera, tenha repercussões eleitorais.
De olho em Kalil
E onde será gasto o dinheiro? Segundo informa o jornal Estado de Minas, em obras de infraestrutura, como a construção do Rodoanel, melhorias no metrô de Belo Horizonte, saneamento, com o aprimoramento das bacias do Paraopeba e rio das velhas, em saúde, que pode incluir melhorias no hospital de Pronto Socorro de Belo Horizonte (João 23) e em segurança.
Reparem. Importantes obras serão feitas em Belo Horizonte e região metropolitana, onde está o principal adversário de Zema, que é Alexandre Kalil, prefeito da capital. E Kalil, que acaba de sair consagrado das urnas depois de vencer a disputa em primeiro turno, tem também um caminhão de dinheiro para investir. Então, é preciso mostrar trabalho onde o adversário aparece muito bem.
Só no projeto do Rodoanel, o governo deverá investir R$ 5 bilhões (outros R$ 5 bilhões viriam por meio de Parceria Público-Privada). A obra é fundamental para a capital e municípios do entorno, mas é também boa para o Estado. Melhorias no João 23, que é referência no Brasil em pronto-atendimento, também beneficia todos os mineiros.
O governador quer também promover melhorias no metrô de Belo Horizonte, que parece uma novela sem fim. Se conseguir algum avanço, pode receber dividendos políticos.
Aliás, ao reservar uma parcela considerável do acerto com a Vale para investir em saúde e em segurança, duas áreas que são consideradas críticas pela população (aqui em Minas e em qualquer parte do país), o governador (ainda que elas sejam mesmo necessárias; e são) o faz de olho no capital eleitoral que elas possam render em 2022.
Por fim, não há nada de errado no fato de o governador, ao lançar o seu pacote de obras com o dinheiro que vai receber da Vale, querer obter ganhos políticos-eleitorais como consequência. Desde que tais obras sejam feitas, evidentemente, de forma republicana.
Relacionada
Zema terá só cerca de R$ 13 bi dos R$ 37,6 bi do acordo com a Vale
** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do Portal UAI.
Teve meu voto em 2018 e já tem para 2022! Kalil, nunca jamais, é fake! Governar por decretos não é governar! É igual aquele comandante que não tem liderança, apenas impõe! Nunca soube administrar, a começar pela empresa herdada do pai, que conseguiu quebrar! Quanto a ciência que ele tanto fala, não cabe no cérebro de uma ameba! Ele só venceu em BH porque a maioria do povo é politicamente analfabeta!
Nada mais justo que colha dividendos políticos. Foi uma ação bem elaborada junto com o Judiciário, Ministério Público e Defensoria Pública. A inércia poderia fazer repetir casos conhecidos de indenizações proteladas ad eternum.