Zema muda onda roxa no mês mais trágico segundo secretário de saúde Zema muda onda roxa no mês mais trágico segundo secretário de saúde

Zema muda onda roxa no mês mais trágico segundo seu secretário de saúde

Governador Romeu Zema e o ex-secretário Mateus Simões, foto Gil Leonardi/ImprensaMG

No momento mais grave da pandemia, o governador Romeu Zema (Novo) fez um recuo de alto risco ao aliviar a onda roxa no Estado. De acordo com o secretário de Saúde estadual, Fábio Baccheretti, este mês de abril será o mais trágico desde o início da pandemia, com mais casos de infecção e mais mortes.

Ainda assim, Zema e seu Comitê Extraordinário da Covid-19 suspendeu o toque de recolher e outras medidas de restrição. O governador não deveria se curvar a pressões de políticos ou de bancadas legislativas, sejam evangélicas ou não.

A bússola, nesse caso, deveria ser sempre a ciência e as autoridades sanitárias. E as previsões do secretário Baccheretti são as piores possíveis.

Mais cedo ou mais tarde, terá que voltar a elas. Para vencer essa batalha, antes das vacinas, é preciso fazer o dever de casa, e isso Minas não quer fazer, seguindo o mau exemplo do governo Bolsonaro.

Recuo no distanciamento político

Desde a mudança no comando da Secretaria da Saúde, após o escândalo da vacinação fura-fila, Zema ensaiou distanciamento da falta de orientação federal. Tudo indica que ele voltou a flertar com o bolsonarismo e manter a aliança.

Os indicadores advertem e recomendam exatamente o contrário, após o registro de mais de 25 mil mortes e de mais 1,1 milhão de casos de infecção. Hoje, 94,24% dos 2.950 leitos dedicados a pacientes com Covid estão ocupados em todo o estado, com regiões em situações mais graves como a Leste e a Central.

Esses deveriam ser o critério de definição a partir da análise geral da ocupação de leitos de UTI. De acordo com o secretário de Saúde, teremos um mês de abril muito duro e que só poderá haver baixa em maio, desde que, neste mês, Minas faça o dever de casa.

Segundo ele, os infectados por covid que entram em um hospital e ficam lá por 15 dias em média, podem evoluir para a alta ou para o pior, a morte. Há ainda os casos dos que são internados por outros motivos e acabam se contaminando e correm o risco de ter o mesmo destino.

Sem foco, autoridades batem cabeça

Com mais de 3 mil mortes por dia no país, as autoridades não sanitárias batem cabeça, porque estão perdendo o foco, que deveria ser o combate sem tréguas à pandemia. De nada irá adiantar aos vereadores de Belo Horizonte aprovar projeto para tornar igrejas e templos como “serviço essencial” se o Supremo Tribunal Federal decidir de forma contrária. Talvez, para evitar o gesto inútil, o projeto foi retirado de pauta da Câmara Municipal.

Alguns vão alegar questões de ordem constitucional importantes na discussão, mas o que está em jogo são as vidas das pessoas. A tendência do Supremo é de não entrar nessa pilha e reafirmar apenas aquilo que decidiu no ano passado. Ou seja, garantir a autonomia de estados e municípios na adoção de medidas locais para o combate local da pandemia. Até porque a situação de Belo Horizonte é diferente da de Uberlândia (Triângulo Mineiro) ou de Porto Alegre (RS).

Pinga fogo reprova ações

Deputados estaduais fazem minuto de silêncio nessa quarta (7)

O recorde de mortes em 24 horas e denúncias de descontos salariais dos profissionais da saúde pautaram as manifestações de deputados na Assembleia Legislativa nessa quarta (7). A maioria considerou insuficientes as ações do governo estadual no combate à pandemia.

O deputado Professor Cleiton (PSB) disse que, de todos os estados brasileiros, Minas é o que menos investiu na saúde durante a pandemia. A deputada Beatriz Cerqueira (PT) ainda afirmou que, em 2020, o governo mineiro investiu na saúde apenas 65% da sua obrigação constitucional, enfraquecendo o setor na pandemia.

Além disso, Professor Cleiton criticou o governo por ter cortado o salário de muitos servidores por dias de faltas ao serviço devido ao contágio pelo coronavírus. O parlamentar protocolou um requerimento com pedido de explicações ao governador sobre esses cortes.

Já o deputado Zé Reis (Pode) foi o único a discordar e elogiou as ações do governo estadual, em especial em prol da saúde no Norte de Minas. Segundo o parlamentar, o governo estadual deu total apoio e ainda cedeu aeronave para o transporte dos cilindros de oxigênio, garantindo o atendimento em tempo hábil aos pacientes.

LEIA MAIS: Zema perde feriadão, mas ganha reforço para combater colapso na saúde

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do Portal UAI.

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