O empresário mineiro Josué Christiano Gomes da Silva, 58 anos, está com a presidência da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp) nas mãos. A Fiesp terá pleito, em 5 de julho, em chapa única, para sucessão de Paulo Skaf. Contados os votos, o controlador do Grupo Coteminas retomará, então, a vida política. Será, portanto, a largada das abordagens mais incisivas dos presidenciáveis em 2022 na sua porta. Mas, com maior expectativa para o aceno do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT-SP).
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Empresário nega que aceitou convite de Lula
O empresário, porém, divulgou, na quarta (19/05), vídeo negando tal possibilidade de aliança com PT. Atribuiu a ligação, neste momento, ao Lula como notícia falsa da chapa de oposição na eleição para o Centro das Indústrias do Estado de São Paulo (Ciesp). Josué é vice do seu 1º vice, na chapa na Fiesp, na eleição do Ciesp, Rafael Cervone. A posse nas duas entidades será em 1º de janeiro de 2022.
Josué, se eleito na Fiesp, não precisaria renunciar à presidência da entidade para concorrer a mandato eletivo. Tiraria licença. E, portanto, se perder, reassumiria na federação.
O empresário nasceu Ubá (MG), em 25 de dezembro de 1963. É graduado em Engenharia Civil (UFMG/1986) e Direito (Faculdade Milton Campos/1987). Cursou mestrado em Administração de Negócios, na Vanderbilt Owen Graduate School of Managment, de Nashville, EUA, em 1989.
Luiza Trajano e Meirelles no páreo
Essa provável escolha de Lula é voz corrente na Fiesp desde março. Mas, neste mês, recebeu outros adornos. Todavia, o petista teria aberto o leque das sondagens. Empresários e outros nomes de peso, então, apareceram no radar. Por exemplo: empresária Luiza Trajano (Magazine Luiza), e o seu ex-presidente do Banco Central, Henrique Meirelles.
Meirelles foi ministro da Fazenda do Governo Michel Temer (MDB-SP). Mas, atualmente, é secretário de Fazenda e Planejamento do Governo Doria (PSDB). Concorreu à cadeira do Planalto, em 2018, pelo PMBD, que virou MDB. O ex-ministro, porém, estacionou no 1º turno. Recentemente, ingressou no PSD-GO, cogitando vaga para o Senado. E, desde então, põe foco previamente definido: a presidência do Congresso.
Lula dará o bote no pós-eleição Fiesp
Mas, como observado no noticiário destes dias, o petista está cauteloso. Ainda não jogou pesado com o comandante do Grupo Coteminas e virtual presidente da Fiesp. Isso por conta, também, dos 14 meses que separam o próximo encontro do eleitorado com as urnas, em outubro do ano que vem.
Lula, portanto, se dobrar Josué, tentará a repeteco da experiência de sucesso com o pai dele. Em 2002, o petista teve o empresário e senador José Alencar Gomes da Silva como vice. Na reeleição, em 2006, também. Na primeira, o mineiro de Caratinga amaciou a resistência do empresariado ao petista. Mas, na reeleição, usou o peso da máquina administrativa, principalmente junto aos empresários do agronegócio, no Centro-Oeste, quintal de Meirelles.
José Alencar, falecido (2011), foi um dos fundadores (1967), da Cia. de Tecidos Norte de Minas (Coteminas), em Montes Claros (MG). Ela é a principal indústria do Grupo Coteminas, o maior complexo da América Latina no setor.
Ao ingressar na chapa de Lula, o empresário exercia a primeira metade do mandato de senador. Conquistou a vaga, em 1998, pelo PMDB-MG. Antes disso, porém, amargou a derrota (1994) na tentativa de sentar praça na cadeira de governador de Minas.
Lula teve apoio de Edir Macedo…
Como vice de Lula, entretanto, estava no PL. A chapa teve apoio do PRB, partido comandado pelo bispo evangélico Edir Macedo. Este, também próspero empresário: dono da Igreja Universal do Reino de Deus (IURD) e do Grupo de Comunicação Record (TV, rádios, jornais, agência de notícia, gráficas, financeira entre outras).
… que bandeou para Bolsonaro
Entretanto, em 2018, o dono da TV Record apoiou a candidatura do presidente Jair Bolsonaro (PSL-RJ – atualmente sem partido). PT perdeu no 2º turno.
Josué criou raízes em São Paulo…
José Alencar presidiu o Sindicato da Indústria Têxtil de Minas Gerais. Além disso, comandou a Federação das Indústrias de Minas Gerais (Fiemg) por dois mandatos, até 1994. O filho, por sua vez, dirigiu a Associação Brasileira da Indústria Têxtil e de Confecções (Abit). Josué tem passagens por Conselhos de diversas empresas importantes como a Embraer, por exemplo.
O empresário começou a assumir os cargos do pai nas empresas no Grupo Coteminas em 1994. Sempre esteve ligado a São Paulo, onde está radicado há 36 anos. De lá, portanto, que administra tudo.
… e perdeu eleições em Minas
Ao tentar uma vaga no Senado, em 2014, todavia, concorreu em Minas, pelo PMDB. Obteve 3.614.720 votos – 40,18% dos votos válidos. Perdeu para o ex-governador Antonio Anastasia (PSDB). Após o fracasso, para o PR, e foi lembrado, em 2018, para vice, tanto pelo PT quanto do PSDB. Mas, não fechou com ninguém.
Agora, com o aceno de Lula, Josué vive, então, o clima de poder tentar repetir o pai na política. Isso, portanto, 20 anos depois.
Aécio tentou repetir Tancredo
Mais ousado, todavia, foi o deputado Aécio Neves (PSDB-MG). Arriscou reescrever o caminho do avô Tancredo Neves e chegar à Presidência da República. Tancredo foi o último presidente eleito indiretamente (colégio eleitoral/1985), marco do fim da ditadura militar. Entretanto, não assumiu.
Aécio passou pela Câmara Federal e Governo de Minas (dois mandatos) e Senado. Como senador, quis, em 2014, alçar voo para dentro do Planalto. Perdeu para Dilma Rousseff (PT-RS). Dilma se reelegeu, mas, foi cassada, em agosto de 2016. Aécio, porém, não largou Brasília, exerce mandato na Câmara.
Skaf expande o sonho
Skaf, ainda sonha com a cadeira do Governo de São Paulo. Assim sendo, cava apostas de alianças.
Marcando ponto fora daquela curva, o presidente da Fiesp se apresentaria, entretanto, como provável vice em chapa para Presidência da República. Cabe, portanto, perguntar: houve pacto, no apoio à candidatura de Josué para federação, para se evitar confronto de ambos nas urnas?
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