O prefeito de Belo Horizonte, Fuad Noman (PSD), até esta sexta (02/02), se comporta alheio a um caos anunciado. É previsível o potencial risco de pressão sobre a frágil estrutura de saúde pública da capital durante o Carnaval 2024. Mas, não será um privilégio da capital dos mineiros. Outros municípios mineiros e de outros Estados estão no fio da navalha da dengue.
Passou da hora, então, de o Prefeito dar provas em sentido contrário, de compromisso com a população. Mas, fica claro, o foco está na reeleição, ou seja, fichas no Carnaval, jogar para jornais, rádios e TVs.
Ontem (01/02), por exemplo, em clínica otorrinolaringológica, na Av. Afonso Pena, no Funcionários, Zona Sul, cenário dava medo. Era prova cabal ausência de mobilização da autoridade púbica.
Entre 12h19 e 13h33, o saguão de espera daquela clínica (fechado e ar-condicionado ligado) tremeu. Cerca de 40 crianças, adolescentes, adultos e idosos se acotovelavam literalmente: cadeiras obrigam pessoas praticamente a encostar em bundas alheias. Alguns tossiam, espirravam etc. Apenas uma pessoa usava máscara sanitária de proteção respiratória.
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Um médico da equipe da clínica esclareceu que o estabelecimento não pode exigir o uso de máscara: “Hospitais e clínicas seguem os Protocolos das autoridades (Prefeituras, Estado e Governo Federal)”. Traduzindo: cabe, portanto, à autoridade pública da Saúde determinar procedimentos preventivos individuais e posturas em áreas fechadas de aglomeração.
Está faltando o quê, Seu Prefeito?…
Nem Prefeitura nem Estado divulgam Protocolos
Nesta manhã (02/02), em entrevista, o secretário de Estado da Saúde, Fábio Baccheretti, foi indagado do porquê do recorde de casos de dengue em Belo Horizonte. Deu chabu! A autoridade, médico em função política, estava preparada para outro tema: inauguração de uma unidade.
Seria, entretanto, o caso de o Governo de Minas se apresentar comprometido com a população. Anunciar, por exemplo, medidas preventivas amplas, eficientes e confiáveis, acessíveis em todo Estado. Atitudes responsáveis, está comprovado, custam bem menos aos cofres públicos, além de minimizarem as consequências sobre a população.
Moral da ópera: parece que nem o Governo de Minas Gerais nem a Prefeitura de Belo Horizonte têm Protocolos, mesmo com as estatísticas da dengue subindo para espaço.
2 milhões extra de foliões; Carnaval de caos anunciado
De volta ao prefeito de Belo Horizonte. Fuad, caso ele não mude de postura, continuará com imagem de comprometido apenas com o Carnaval. Ele sabe, por exemplo, nomes de “bloquinhos” dos bairros e melhores horários para cair na folia. Deveria, entretanto, se espelhar na preocupação no colega da cidade do Rio de Janeiro, Eduardo Paes (PSD): admitiu situação de epidemia de dengue.
Fuad exibe brilhos nos olhos ao prever (vai ter contagem?) a chegada de 1 milhão a 2 milhões de foliões à cidade. Esse batalhão, se vier, irá se acotovelar pelos “bloquinhos”.
Abdicar de postura administrativa firme, será, então, o mesmo que, no pós-Quarta-feira de Cinzas, potencializar desfiles dos bloquinhos das funerárias. Isso tanto nas ruas da Capital mineira quanto em cidades de origem dos esperados foliões.
O prefeito de Belo Horizonte, portanto, começa a lembrar atitudes patéticas e criminosas do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). O ex-chefe do Planalto (2019-2022), assumiu atos administrativos e posturas públicas que contribuíram na triste estatística superior a 700 mil óbitos (março 2023) associados à Covid-19. A pandemia está praticamente esquecida, porém, não foi embora.
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