O procurador Deltan Dallagnol, coordenador da Operação Lava Jato em Curitiba, voltou a criticar o Supremo Tribunal Federal (STF). Em post feito hoje na sua conta no Twitter ele pergunta: “Quantas pessoas o Supremo condenou até agora na Lava jato, quase seis anos depois? O esquema era político partidário, permeado de muitos detentores de foro privilegiado”, afirmou o procurador.
Ele fazia, na verdade, um comentário sobre um post publicado por seu colega Roberson Pozzobon, também da Lava Jato, que criticava a decisão do STF, tomada recentemente, que impede a prisão após condenação em segunda instância – que acabou beneficiando o ex-presidente Lula e outros condenados pelo então Juiz Sérgio Moro.
Pozzobon, por sua vez, fez o comentário depois da entrevida concedida pelo ministro Ricardo Lewandowisck ao jornal El Pais, publicada ontem (7-01), em que ele faz críticas à Lava Jato, diz que o STF corrigiu “certos desmandos da operação” e afirma que o país tem males até maiores que a corrupção, como a má distribuição de renda, a exclusão social, o sucateamento da educação, a precarização da saúde pública.
Advertência
As críticas que Dallagnol tem feito a ministros do Supremo já lhe rendeu uma punição do Conselho Nacional do Ministério Público (CNMP). No dia 26 de novembro, o conselho aplicou ao procurador pena de advertência, que é a punição mais branda prevista na lei.
Ao comentar decisão do STF que tirou do então juiz Sérgio Moro trechos de delações contra o ex-presidente Lula e o ex-ministro Guido Mantega, Dallagnou afirmou que ministro da Corte Suprema estavam mandando ao país “uma mensagem muito forte de leniência a favor da corrupção”.
O procurador se referia, embora não tenha citado nomes, aos ministros Dias Toffoli, Gilmar Mendes e Ricardo Lewandowski, que votaram a favor da decisão na Segunda Turma do STF. A pedido de Toffoli, o CNMP decidiu abrir processo contra o procurador em abri do ano passado e ele recebeu sua primeira punição no final de 2019.
Deltan Dallagnol responde a outras 24 representações no Conselho Nacional do Ministério Público, órgão responsável por fiscalizar a atuação de promotores e procuradores.
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