O anúncio de provável “enxugamento” da máquina administrativa da Cemig, remete às privatizações na mineração, siderurgia e telefonia. Faria redução, conforme Estado de Minas, sábado (10), em 24% (182 para 138) nas gerências e superintendências, e, 36% (11 para 7), nas diretorias. Pelo gigantismo da estatal, seria pouco, se limitada à holding. Além das principais controladas, Cemig GT e Cemig D, e a distribuidora de gás, Gasmig, há uma penca de outras companhias. Estas têm menor peso, mas de custos proporcionais, e, algumas, sempre serviram aos pedidos políticos de “colocações”.
CVRD ‘azeitou’ a máquina para vender
Dois “enxugamentos”, em Minas, tiveram como gestor o executivo Wilson Nélio Brumer (atual presidente do Conselho do Instituto Brasileiro de Mineração – Ibram). Presidiu Cia. Vale do Rio Doce (CVRD), de 1990-92, com a missão de azeitar a estatal. Deixá-la na linha dos primeiros processos da privatização. Brumer era funcionário de carreira, das áreas de Administração e Financeira. Ao sair, ficou a marca de redução universal de 25% – funcionários, terceirizados, custos operacionais etc. Mas, ainda permanecia um “dinossauro” – expressão usada pelo economista, ex-ministro e ex-deputado Roberto Campos para definir o que eram as estatais. A privatização veio cinco anos após sua saída da CVRD – atual Vale S.A.
↘↘Estrutura Acionária Grupo Cemig – 11 de julho 2019
↘↘Organograma do Grupo Cemig – 30 de Junho de 2019
Acesita tinha 230 ‘chefes’
Em 1992, com a desestatização da Cia. Aços Especiais Itabira (Acesita – atual Aperam South America, do Grupo ArcelorMittal), em Timóteo, Brumer assume como diretor-presidente. Missão dos novos donos: colocar a siderúrgica acima do ponto zero no gráfico dos resultados. Controlada do Banco do Brasil, sempre gerou equivalência patrimonial negativa no balanço do banco. O Grupo Acesita (siderurgia, reflorestamento – era uma siderúrgica com redução do minério a carvão vegetal – etc.) tinha 8 mil funcionários. Eram 230 cargos de “chefias” – nos diversos graus. O desligamento de pessoal “excedente”, com as novas metas, gerou desembolso de US$ 50 milhões (1992). Na época, o Sindicato Metasita registrou 2 mil demissões – sem definir quantos terceirizados.
Telemig otimizou gerenciamento
Mas não bastam os “enxugamentos”. Nas privatizações das teles, em 1998, o pacote da Telerj (RJ) e Telemig (MG) deu origem à Telemar (a Oi). Ao assumir, primeiro como diretor-presidente e, depois, superintendente, Ivan Ribeiro de Oliveira introduziu na Telemar (virou Oi) vivências da iniciativa privada. A diretoria, ainda no prédio da então Telemig, ocupava enorme vão livre. Sem salas individuais. Todos diretores conversavam fora dos telefones. Eram assistidos por um pool, reduzido, de secretárias. Com o atendimento compartilhado, a ausência de uma ou duas secretarias não gerava descontinuidade no desempenho da Diretoria.
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