MG esnobou cluster do Vale da Eletrônica; apostou errado em Eike Batista
O histórico de Minas Gerais em semicondutores é recheado de projetos furados. Por vaidade e/ou injunções políticas, repetiu erros primários. Como resultado, portanto, jogou no lixo alguns milhões de reais. E o pior: ficou sempre nisso. Ou seja, ninguém foi responsabilizado. Em outras áreas, entretanto, vez ou outra, quando a fumaça da corrupção vira instrumento de agressão em disputas partidárias, rolou cadeia branda.
Os governos de Minas Gerais, desde Aureliano Chaves, com a Transit, foram exemplares em ceder a pedidos envelopados em conchavos políticos históricos. Em pleno semiárido, a fábrica de semicondutores foi sepultada no começo da década de 1980.
Nessa toada, então, avançaram até a década passada.
O ex-governador Aécio Neves (PSDB), por laços de amizade, plantou, antes de sair, o fracassado projeto da Unitec em Ribeirão das Neves. Ele abonou a aventura do ex-bilionário Eike Batista no caixa do Banco de Desenvolvimento do Estado de Minas Gerais (BDMG). O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) também deu crédito, não se importando, portando, com alertas para o fiasco evidente.
BNDES e BMDG parceiros em cemitério da microeletrônica
Vale da Eletrônica em linha com a visão empresarial
As administrações públicas Minas Gerais agiram, então, ignorando religiosamente algo palpável, real: o Vale da Eletrônica, polo consolidado de microeletrônica em Santa Rita do Sapucaí, no Sul de Minas. Seria, pois, melhor endereço para consultas prévias em semicondutores.
A cidade soube, desde os anos da década de 1980, mesclar demandas de mercado com visão futurista da academia. Teve como célula principal as faculdades do Instituto Nacional de Telecomunicações (Inatel) e outras instituições.
- – Empresas de base tecnológica: 170;
- – Empregos dessas empresas: 14 mil;
- – Faturamento: R$ 3,6 bilhões (60% do PIB municipal).
O prefeito municipal, Wander Wilson Chaves (DEM), apresentou esses dados em entrevista ao canal Rede Mais, no YouTube, em abril. O chefe do Executivo, entretanto, atribuiu ao Sindicato das Indústrias de Aparelhos Eletrônicos, Elétricos e Similares do Vale da Eletrônica (Sindvel), em projeção de outubro de 2022.
O Vale da Eletrônica começou sua aposta na aliança da Prefeitura Municipal com indústrias e o Inatel. Poder público local e academia souberam, então, atender o empresariado, sem projetos megalomaníacos. O binômio empresa-academia de sucesso deu à cidade, portanto, referência nacional.
A associação empresarial local, desde o início da década de 1980, realiza suas feiras e congressos de interesse nacional. Entretanto, as administrações estaduais nunca olharam para o polo nas decisões em semicondutores.
Amanhã (19/09), a cidade abrirá três dias de atividades em rodas de negócios, visitas técnicas às indústrias, competições eletrônicas, debates, etc.. Esse, portanto, será o ambiente da 16ª FIVEL – Feira da Industrial do Vale da Eletrônica, lançada em 1985 e que terá 70 expositores de inovações. A Escola Técnica de Eletrônica (ETE) é uma das organizadoras. Saiba AQUI a programação.
O município de Santa Rita do Sapucaí, de 40.635 habitantes (IBGE – 2022), dá, então, mais uma resposta aos governos estaduais, incluindo o de Romeu Zema (Novo).
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