Exército segue fiel à bolsonarista Jovem Pan - Além do Fato Exército segue fiel à bolsonarista Jovem Pan - Além do Fato

Exército segue fiel à bolsonarista Jovem Pan

  • por | publicado: 20/04/2023 - 15:22 | atualizado: 29/04/2023 - 17:43

Exoneração do general Gonçalves Dias, da chefia do GSI, prejudica diálogo de Lula com resistências no Exército - Crédito: Reprodução/YouTube/Internet

O Comando do Exército (Ministério da Defesa) permanece sólido na zona de preocupação política do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Há sinais de que segue a fidelidade à doutrina plantada no governo de Jair Bolsonaro (PL).

A exoneração do amigo (segurança na campanha de 2022) e ministro-chefe do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), general Gonçalves Dias, na quarta (19/04), claro, foi péssimo para Lula. Com ele fora do Palácio Planalto, o presidente perde um canal confiável de diálogo com núcleos da resistência castrense.

Veja currículo oficial resumido do general Gonçalves Dias (Fonte: Governo, janeiro de 2023).

A motivação para exonerar o general foi o seu contato com golpistas de 08 de janeiro. Mas, dentro do Planalto. O desfecho, portanto, abre mais perguntas que megulham nas Forças Armadas.

Mas, o angu de caroço deixado para mandatário petista parece ir além. O Exército, por exemplo, pare não se preocupar em ocultar que o bolsonarismo segue vivo em suas entranhas.

No próximo dia 04 de maio, o Centro de Inteligência do Exército (CIE) abrirá as propostas de licitação em área da Comunicação. O Centro contratará serviços de TV digital por assinatura. Um dos blocos é para “canais jornalísticos nacionais e internacionais”. O período de entrega das propostas corre desde terça (18/04).

Até aí, nada demais nessa licitação. Entretanto, há um rosário de precedentes de generais com os atos e posicionamentos contra as instituições de Estado. A cúpula do Comando do Exército, no Governo Bolsonaro e até aqui, com Lula, não saiu desse cenário.

Mas incomodam também posturas continuadas por generais de fora da cozinha do Planalto, na linha dos quartéis. Entre elas, por exemplo, a relação com o Grupo da Rede Jovem Pan – TV, rádio e redes sociais. O conglomerado é de linha bolsonarista.

Serviu de plataforma ao negacionismo de Bolsonaro

No “escopo” do Edital do CIE (Pregão Eletrônico 00004/2023), por exemplo, para sinal de TV por assinatura digital, o Exército incluiu a Rede JP. O grupo é conhecido como a maior rede de rádios próprias e afiliadas do país e líder em audiência. Foi principal canal privado de campanha da doutrina de Bolsonaro.

A JP atendeu ao Planalto no auge do negacionismo da pandemia do novo coronavírus (Covid-19), no 1º semestre de 2020. Nesse período, Bolsonaro assumiu posições que atrasaram a implantação dos protocolos recomendados pela Organização Mundial da Saúde (OMS). Além disso, quis impor ao SUS o tratamento da pandemia com hidroxicloroquina (cloroquina), sem eficácia científica comprovada.

Por algum momento, duas das três Forças Armadas, de forma pública, peitaram Bolsonaro., não aceitando uso da cloroquina nos quartéis.

As emissoras da JP atenderam, então, plenamente a Bolsonaro ainda em outras posturas contra a população: tentativa de esconder e/ou minimizar o caos na saúde pública. E, ainda, na maior tragédia do colapso, no SUS de Manaus (AM), por duas vezes. A tragédia na capital do Amazonas deu origem à CPI da Covid, no Senado.

MPF e TSE no rastro das emissoras

Contra a JP também surgiram denúncias de divulgação de fake news do bolsonarismo. E, por isso, foram alvo de sanções da Justiça. O Ministério Público Federal (MPF) abriu representações por incitações a atos antidemocráticos. Na fase eleitoral, sofreram punições do Tribunal Superior Eleitoral (TSE).

Em 09 de janeiro, ainda no calor dos atos golpistas dos bolsonaristas, em Brasília, novamente o MPF agiu contra a rádio e TV JP. Novas acusações, mas seguindo linhas anteriores: divulgação de conteúdo de fake news e incitações aos atos terroristas. A representação pede a cassação das concessões do Grupo JP, motivadas pelo uso indevido dos canais de comunicação.

Exército manteve status entre as principais redes

O Exército, entretanto, na licitação do CIE, faz crer que a vida pública no país segue sob a chibata e bula de Bolsonaro. Isso justifica, então, a permanência da JP na listagem mesmo com a mudança de Governo e as ações do MPF.

O escopo do Edital, na parte de “itens de serviços”, determina: “1 – Televisão – Assinatura – Ponto de TV Assinatura de Serviço de TV digital com no mínimo os seguintes canais: a. Canais abertos: Globo, SBT, Record, Rede TV, Cultura e Band; b. Canais obrigatórios: TV Câmara, TV Brasil, TV Senado, TV Justiça, TV Escola e NBR; c. Canais de notícias nacionais: Globo News, Band News, Record News, CNN Brasil e Jovem Pan; e d. Canais de notícias internacionais: CNN International, e Bloomberg…”.

Decisão de generais do topo do Comando

O CIE é subordinado diretamente ao “Gabinete do Comando do Exército”. As tratativas da licitação, portanto, se dão entre generais, não em ordens de cabos para soldados!

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do Portal UAI.

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