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Finep, pouco otimista, tratou Unitec em reunião fechada

  • por | publicado: 29/08/2019 - 20:23 | atualizado: 30/08/2019 - 17:57

Unitec Semicondutores foi assunto que o ministro da Ciência, Tecnologia, Inovação e Comunicação, Marcos Pontes, transferiu para o presidente da Finep, general Waldemar Barroso. Foto: Além do Fato

Finep foi, na tarde desta quinta (29), para reunião fechada no BDMG sobre Unitec Semicondutores, que terminou sem comunicado público das partes envolvidas. Isso turbina mais as dúvidas que as expectativas de solução para o projeto. E prevalece, portanto, o que já é pergunta comum entre interlocutores nos governos federal e de Minas Gerais para área de P,D&I: o projeto faz falta? Então, por ironia (ou coisa de Brasil), deixou de ser relevante alavancar um monumento de R$ 1 bilhão. Isso, portanto, distância o acordo para um aporte de mais US$ 80 milhões (a solução de capital), sem que haja uma repaginação na estratégia do projeto (solução de conceito: olhar do mercado para dentro).

Essa visão prevalecia entre fontes ouvidas pelo Além do Fato, durante o lançamento do Programa Centelha, para Minas, de incentivo ao empreendedor inovador. O evento foi na manhã desta quinta (29), no auditório da Fapemig. Estiveram lá o ministro da Ciência, Tecnologia, Inovação e Comunicação, Marcos Pontes, o presidente da Finep (Financiadora de Pesquisa e Inovação), general Waldemar Barroso, o governador de Minas, Romeu Zema, o presidente da Fapemig, Evaldo Vilela, diretores da fundação e outras autoridades do Estado. O ministro e o presidente da Finep não quiseram tratar de Unitec. VEJA AQUI

Até o fechamento deste post (19h50), não havia comunicado algum nos sites das partes interessadas oficiais (órgãos públicos) e envolvidas com o projeto Unitec (Governo de Minas, BDMG, BNDES e Finep) que estiveram reunidas a partir das 12h20, no BDMG.

O presidente da Finep, general Waldemar Barroso, também não quis abordar o problema da Unitec. Transferiu o assunto para o diretor de Desenvolvimento Científico e Tecnológico, Marcelo Bortolini – Foto: Além do Fato

Finep não aceita risco maior

“Não sei”, respondeu o diretor de Desenvolvimento Científico e Tecnológico da Finep (Financiadora de Inovação e Pesquisa), Marcelo Bortolini, quando indagado, pelo Além do fato, se a Unitec paralisada fazia falta ao mercado. A conversa, no auditório da Fapemig, seguiu com outras respostas curtas.

Algumas perguntas, Bortolini devolveu com expressões faciais e gestos no olhar. Por vezes, um “então?”. Esse “então?” valeu para perguntas assim: Sem garantias da empresa, a Finep retoma os repasses? Se os próprios acionistas não fazem aportes, como, então atrair novos investidores, no exterior?

O diretor da Finep foi menos econômico quando soube de tópicos na pauta da AGE, do dia 12 (suspensa e convocada – sem publicação – para ontem). Na primeira pauta, de um só item, os acionistas foram convocados para decidir, até mesmo, sobre vendas dos equipamentos, recuperação judicial e extinção da fábrica. Isso entraria em apreciação caso não fossem aprovados novos aportes pelos acionistas ou atração de outros investidos. “Se os próprios acionistas não querem colocar mais dinheiro, como fica?”, reagiu Bortolini.

“A questão principal deixa de ser a manutenção do R$ 1 bilhão, mas o quê se estará salvando para o país”, comentou um técnico do MCTIC, com o pedido para não ser nominado. Ao que parece, solução rápida não virá. Uma porta de saída, completou a fonte, seria “desidratar o layout atual da planta e repensar o mercado. É complexo, não é?”, indagou. E, pelo visto, era isso que o diretor da Finep esperava ouvir, de entrada, no almoço BDMG.

Diante do silêncio dos atores na Unitec, falta de comunicados e publicações das Atas das AGEs, a expectativa negativa preenche espaços. O projeto, mantido com pompa nos governos Dilma Rousseff (PT) e, no Estado, Antônio Anastasia (PSDB) e Fernando Pimentel (PT) virou patinho feio nas carteiras do BNDES e do BDMG. O Governo Romeu Zema, até aqui, dá impressão de que não está sabendo gerir o risco iminente da decadência daquilo que foi “promessa de novos tempos” (mídia de 2012) e virou elefante branco. Mas se estiver solucionando, a falta de comunicação oficial dá vez à sensação de estagnação.

Tem que cacarejar“, comentou o presidente da Fapemig, criticar a falta de comunicação que faz bons projetos de Minas gerados na Academia ficarem esquecidos nas prateleiras. 

Os acionistas no projeto

São acionistas do projeto da Unitec o conglomerado argentino Corporación America (substituiu a SIX, do Grupo EBX, de Eile Batista), BNDES (investidor e sócio), BDMG (investidor e sócio), IBM Brasil, Matec (executou as obras civis) e WS In Tecs (Wolfgang Sauer, ex-presidente da Volkswagem do Brasl, e Frederico Blumenschein, presidente da Unitec). Dentro da página web do BNDES, de 30.5.2016, a busca com o nome da Unitec abre a informação de que o banco é sócio majoritário, com 33%. Uma publicação de 07.02.2019, sobre “Carteira BNDESpar” (empresa de participação do BNDES), informa que detém 33,02% do capital.

Até dezembro 2016, quando era ministro da C&T, Gilberto Kassab, e presidente da Finep, Marcos Cintra (atual Secretário Especial da Receita Federal), a Unitec transitou fácil no alto da esfera federal. Um release da Finep, trazia essa referência elogiosa à indústria de Ribeirão das Neves: “Já o presidente da Finep ressaltou o trabalho da Unitec, companhia que produz semicondutores de até 90 nanômetros para cartões e etiquetas magnéticas, com vistas à redução da dependência de importações.”

Bortolini comentou que “há algum tempo (quase dois anos) a Finep interrompeu os repasses à Unitec. E sem garantias, deixou claro, “nada muda“.

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** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do Portal UAI.

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