Josué inspira paulistas pelo retorno de uma Fiesp poderosa

  • por | publicado: 05/07/2021 - 05:55 | atualizado: 12/07/2021 - 18:01

Josué C. Gomes da Silva não terá concorrente nas eleições desta segunda (05/07) para a presidência da Fiesp - Foto: Divulgação

Josué Christiano Gomes da Silva, empresário mineiro do Grupo Coteminas, será eleito nesta segunda (05/07) no pleito, de chapa única, presidente da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp). Apesar da “renovação” de nome no comando da mais importante entidade patronal do país, após 18 anos de mando de Paulo Skaf, ainda há dúvida sobre mudanças, de fato. Será também o fim da politização partidária da federação?

Skaf é o articulista da própria sucessão. A marca maior de sua gestão foi a transformar a federação paulista em trampolim de suas fracassadas aventuras na política. Por duas vezes (2014 e 2018) disputou a cadeira do Governo de São Paulo. Mas não passou do 1º turno em ambas.

As eleições no Ciesp (Centro das Indústrias do Estado de São Paulo) serão hoje. Mas as posses, em ambas, somente em janeiro de 2022. Ou seja, há um semestre de espera pela efetivação das mudanças.

Josué também foi atraído para as urnas

Portanto, Josué Gomes da Silva ainda gera dúvida se fará a opção do pai, José Alencar Gomes da Silva, fundador da Coteminas. Ele foi vice-presidente de Luiz Inácio Lula da Silva (PT-SP) nos dois governos (2003-06 e 2006-10).

Lula sondou o futuro dirigente da Fiesp. Porém, este negou, em vídeo , ter aceito o convite do petista: ser vice em sua chapa, em 2022. Mas Lula, de acordo com seus interlocutores junto ao dono da Coteminas, não jogou a toalha. Apenas fez uma recuada política: esperar pelas eleições e posses na Fiesp e Ciesp. Retornará, então, mais incisivo no convite.

Josué Gomes da Silva tentou ingressar no Senado, em 2014, pela mesma legenda do pai, o PMDB-MG, atual MDB. Não conseguiu.

Federações nos eixos dos partidos

Neste século, apenas a Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (Fiemg) voou mais alto na política. Parte das entradas e saídas da relação da federação mineira com a política partidária é relatada no livro “O enigma Salej”, publicado em 2016. Stefan Bogdan Salej, foi empresário do setor elétrico. Ele assumiu, em 1995, a presidência da Fiemg. Sucedeu ao pai de Josué Gomes da Silva.

As federações das indústrias, em todo o país absorveram, portanto, de peito aberto, cores de partidos políticos, ou seja, assumiram a opção pela politização. O próprio José Alencar usou a Fiemg, a exemplo do que faz Skafcom a Fiesp, usou a Fiemg.

O ex-vice de Lula tentou ocupar o Governo de Minas. Mas, em mais uma semelhança ao dirigente paulista, não foi para o 2º turno. O mineiro, porém, conquistou vaga no Senado, mas já estava fora da Fiemg.

Com Josué Gomes da Silva a expectativa do empresariado paulista mais conservador é pela manutenção do conteúdo do vídeo: não aceitar convite de Lula. O sonho, portanto, do grupo desejoso por apagar a marca impressa por Skaf, é que a Fiesp retome posição do passado na política econômica do país.

No final dos anos da década de 1970 (governo do ditador Ernesto Geisel) até os dois Governos FHC (2002), presidente da Fiesp, praticamente, não marcava hora com presidente da República. Da antessala do gabinete, se fazia anunciar.

Na ditadura, ABDIB levantou voz contra generais

Também tinha respeitabilidade a Associação Brasileira da Indústria de Base (ABIDB). Em 1978, pesos-pesados da ABDIB surpreenderam ao país com um manifesto. Ernesto Geisel percebeu, então, que não tinha mais apoio da indústria. Só restou atender: novo rumo às instituições de fomento, principalmente ao atual BNDES (antes era BNDE).

Fiesp e CNI opacas

Naqueles tempos, portanto, dirigente da Fiesp fazia sombra em presidente da Confederação Nacional da Indústria (CNI). Hoje, as entidades perderam brilho. Há muito tempo estão fora do tabuleiro das decisões do país. Se prestam apenas para aplaudir governantes.

Até hoje, nestes 18 meses de tragédia da Covid-19, a CNI não foi capaz, por exemplo, de unir as federações e consolidar posição emblemática no combate nacional à pandemia. Não resolvem entrevistas concordando que o presidente Jair Bolsonaro responde por boa parte das 524 mil vidas (04/07 – Conselho Nacional de Secretários de Saúde – Conass) perdidas no Brasil para a pandemia.

E então, Josué?

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do Portal UAI.

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Paulo Jácome

Achei tendenciosa a reportagem, pois no final se investe contra o Governo Bolsonaro, julgando-o e condenando-o pelas mortes que foram provocadas pela pandemia. Lamentável!