A Usinas Siderúrgicas de Minas Gerais (Usiminas), de Ipatinga (MG), vai comprar placas no mercado. Isso, explicou em comunicado desta segunda (27/09), como forma de compensar a paralisação na produção do Alto-Forno Nº 2 (equipamento de redução de minério de ferro e produção de ferro-gusa). Isso, certamente, afetará programas de manutenção no complexo, como da manutenção do Alto-Forno Nº 3 (ver abaixo).
O AF-2 sofreu um “incidente” na sexta (24/09). Em função disso, portanto, deixará de abastecer a aciaria da siderúrgica por um período de 90 a 150 dias. Ou seja, na segunda hipótese praticamente um semestre. O comunicado da Usiminas não detalha o “incidente no Cone Grande do Alto Forno Nº 2”. Mas, não cita, entretanto, ocorrência de pessoas afetadas.
O equipamento tem capacidade nominal instalada para produção de 55 mil toneladas de gusa – 600 mil toneladas anuais. Nesse período, informa a nota assinada por seu vice-presidente de Finanças e Relações com Investidores, Alberto Ono, a siderúrgica vai ao mercado adquirir placas, “minimizando o impacto no atendimento dos compromissos”. Em 30 de julho, a companhia comunicou a meta de vende deste trimestre de 1,2 milhão t a 1,3 milhão t de aços. Não detalhou, entretanto, se envolvia a produção de Cubatão (SP).
Primeiro adiamento em maio
A questão de abastecimento da aciaria da siderúrgica de Ipatinga, entretanto, não será mais grave graças a decisão adotada em maio pelo Conselho de Administração. No dia 20 daquele mês, ficou decido que a companhia não iria mais interromper a produção de ferro-gusa no Alto-Forno Nº 3 para manutenção. Naquele momento, a medida foi postergada por dez meses.
A empresa apresentou dois motivos: a persistente pandemia do novo coronovírus (Covid-19) e o “desempenho operacional estável” do equipamento. A reforma, portanto, naquele cenário, ocorreria somente em meados de 2022. Pelo câmbio de então, a reforma do AF3 estava orçada em R$ 2,09 bilhões.
Usiminas e os acidentes de setembro
Mas, setembro aparece como mês marcante nos históricos dos acidentes na siderúrgica.
Em 22 de setembro de 2020, à noite, o AF-1 da Usiminas causou pânico à população de Ipatinga. Foi ouvido enorme estrondo, seguido de fogo e fumaça naquela unidade. Na sequência, movimentação de equipes externas de salvamento e socorro – Corpo de Bombeiros e ambulâncias.
Antes da meia-noite, a siderúrgica divulgou nota. “A Usiminas informa a ocorrência de um incidente no Alto-Forno 1, na noite desta terça-feira (22). O equipamento estava em operação e, após passar por manutenção, ocorreu uma anormalidade no processo causando emissão de ruído e chama no topo, percebidos na área externa da usina. O evento foi rapidamente controlado pela equipe técnica, sem consequências para as pessoas” (sic).
As operações no AF1 tinham retornado no mês anterior, após paralisação de abril a 26 de agosto. A paralisação, entretanto, estava relacionada à adequação da produção à realidade de demanda do mercado diante da Covid-19.
TAC no caso do gasômetro, em 2018
Em 10 agosto de 2018, uma explosão no gasômetro da Usiminas, na área interna do site, causou ferimentos em 34 pessoas. As vítimas foram afetadas de diversas formas (inalação de gás, intoxicação, ferimentos por estilhaços de materiais, traumas psicológicos etc.). Em maio último, a companhia firmou Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) com o Ministério Público de Minas Gerais (MPMG), para “projetos socioambientais” estipulados em R$ 4,5 milhões.
Usiminas reverteu prejuízo no 1S21
A siderúrgica produziu, em 2020, 3,264 milhões t de laminados em Ipatinga. No consolidado, somando Cubatão (SP), 3,695 milhões t. Isto é, inferior 9,1% na comparação com 2019.
As receitas consolidadas, de R$ 16 bilhões, 8% cresceram sobre 2019. Todavia, o lucro líquido, de R$ 1,3 bilhão, foi recorde em uma década e apresentou salto de 243%. Apenas na siderurgia, as vendas somaram R$ 12,37 bilhões, uma queda de 2,7%.
No 1S21, a Usiminas produziu 4,16 milhões de t de aços, mantendo estabilidade em relação ao 1S20. As receitas consolidadas somaram R$ 16,662 bilhões, portanto, 167,3% acima. O lucro líquido, de R$ 5,748 bilhões (R$ 5,4 bilhões com a siderurgia), reverteu portanto, o prejuízo de R$ 819 milhões no 1S20.
A empresa contabiliza também receitas de recuperação com PIS/Cofins.
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