Vale vende Centro-Oeste; desiquilíbrio operacional - Além do Fato Vale vende Centro-Oeste; desiquilíbrio operacional - Além do Fato

Vale vende Centro-Oeste; desiquilíbrio operacional

  • por | publicado: 04/04/2022 - 12:58 | atualizado: 26/09/2022 - 20:40

Mineração Corumbaense, da Vale, em Mato Grosso do Sul - Crédito: Ricardo Teles/Vale/ Divulgação

A Vale S.A. considerou o fator custo ao optar pela venda das empresas de minério de ferro, manganês e logística do Sistema Centro-Oeste, em Mato Grosso do Sul. Em comunicado, de sexta (01/04), a companhia revelou que “está em discussões avançadas”. Essa hipótese era citada desde novembro.

Além disso, pressionou a determinação de manter operações de ferrosos nas metas de equilíbrio de resultados mais arrojados. Isso virou, portanto, cobrança interna nos resultados a partir da tragédia (270 mortes) na Mina Córrego do Feijão, em 2019. É comum, então, a referência “divisor de águas” da tragédia.

Ofertar ao mercado, ativos no Centro-Oeste, ganhou, portanto, peso no desequilíbrio em relação ao padrão pretendido pela Vale. O comunicado à Bolsa de Valores, entretanto, não avança em detalhes. Resume o desempenho do Sistema Centro-Oeste em 2021: 2,7 milhões t minério de ferro e 200 mil t de manganês. E que, no balanço financeiro, o Sistema participou com US$ 110 milhões no Ebtida. A expressão Ebtida (sigla em inglês) designa o lucro antes de juros, impostos, amortização e depreciação.

Mas, fato é que aqueles ativos, incluindo direitos de extração, deixaram de interessar à Vale.

ATUALIZAÇÃO – 26/09/2022- Em 18 de julho, a Vale comunicou a conclusão da venda, por US$ 150 milhões, do Sistema Centro-Oeste para a J&F Mineração Ltda, controlada da J&F Investimentos.

Vale comprou da Rio Tinto

Ainda estatal (Companhia Vale do Rio Doce – CVRD), a Vale começou as atividades na região em 1976. Era, então, parte no consórcio Urucum Mineração, em Corumbá e Ladário. Assumiu 100%, em 1994.

Em 2009, comprou a totalidade Mineração Corumbaense Reunida (MCR), da Rio Tinto Plc. Desembolso de US$ 750 milhões pelas minas de Morraria Santa Cruz e Urucum.

As minas são exploradas a céu aberto e subterrânea (manganês, em Corumbá).

Interrupções na hidrovia são gargalo para Vale

A principal via de escoamento da extração de ferro do Sistema Centro-Oeste é a hidrovia pelo Rio Paraguai. Mas, as seguidas estiagens, desde 2019, causam paralisações no transporte.

O complexo minerário da Vale utiliza o Terminal Porto Gregório Curvo, no distrito de Porto Esperança, no Rio Paraguai. Congrega, além disso, pátios de expedição e ferroviário, e um terminal de produtos químicos, em Ladário.

Os mercados da produção regional são América do Sul, Argentina e Europa.

A alternativa à hidrovia, o transporte rodoviário pela BR-262, não permite equilíbrio operacional. Além de volume bem inferior à hidrovia, em condições normais, o frete rodoviário é bem mais caro. E, por fim, há limitação no número/diário de caminhões.

Produção segue em níveis de 2009

Ao adquiriu as minas de Corumbá, a meta pretendia pela Vale era a de atingir produção 7 vezes superior a 2021, ou seja, chegar em 15 milhões t/ano. Entretanto, os 2,7 milhões t representaram mesmo patamar de quando substituiu a Rio Tinto.

Desempenho das minas em 2021

Em 2021, a Vale concluiu atividades de extração com capacidade nominal para 340 milhões t/ano. A meta para o atual exercício é elevar para 370 milhões t. A companhia produziu 315,6 milhões t. Destas, 124 milhões t nos Sistemas Sudeste e Sul (ambos em Minas Gerais), e, Norte, 188,8 milhões t.

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** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do Portal UAI.

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