Zema e o seu monumento à vaidade - Além do Fato Zema e o seu monumento à vaidade - Além do Fato

Zema e o seu monumento à vaidade

  • por | publicado: 16/10/2024 - 01:08 | atualizado: 22/10/2024 - 10:34

Imagem reproduzida da proposta "Bruma Leve", vencedora do concurso criado pelo governador Zema. - Crédito: Divulgação/Seplag Gov MG

Nas primeiras semanas da tragédia na Mina Córrego do Feijão, em 2019, o governador de Minas Gerais, Romeu Zema (Novo), defendeu ferrenhamente as mineradoras contra denúncias de negligência. Ele, portanto, optou por somar com a Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (Fiemg) e Instituto Brasileiro de Mineração (Ibram).

O novo governador estava tão comprometido com o empresariado do setor mineral que até manteve no cargo o secretário de Meio Ambiente do Governo Pimentel (PT), Germano Gomes Vieira. Este foi responsável por uma alteração polêmica nas licenças ambientais em 2018.

A Mina Córrego do Feijão pertence à Vale S.A. e está localizada no arraial Córrego do Feijão, em Brumadinho (MG). Portanto, distante mais de 80 km do gabinete de Zema. O rompimento, em 25 de janeiro de 2019, de uma das barragens de rejeitos de minério de ferro causou 272 mortes.

Mas, não foi por falta de alerta, apontando para a tragédia, em 05/11/2015, em Mariana. Neste município, a Barragem Fundão, na Mina Germano, se rompeu e causou 19 mortes. A mina pertence à Samarco, controlada pela Vale e anglo-australiana BHP Billiton.

O governador, entretanto, em 2022, decidiu que ficaria bem um monumento para lembrar a tragédia no gramado do Palácio Tiradentes, bem embaixo da janela da sua sala. E abriu concurso. Não quis nem saber, por exemplo, se seria mais simbólico no município de Brumadinho, o local da tragédia.

Imagem da fase de instalação das peças do monumento na Cidade Administrativa – Crédito: Divulgação/Seplag Gov MG

Córrego do Feijão, todavia, terá um Memorial. O projeto é executado pela Vale.

Está gostando do conteúdo? Compartilhe!

Governo Zema recebeu R$ 11,06 bilhões da Vale

Esse gasto de Zema provoca, pelo menos, duas perguntas: Por que o governador quis ter um monumento? De onde saiu o recurso?

O Governo de Minas recebeu R$ 11,06 bilhões carimbados, ou seja, para projetos específicos do Acordo Judicial de Reparação Integral. O valor global do Acordo foi de R$ 37,68 bilhões – 04 de fevereiro de 2021. Na hipótese de a administração Zema ter sacado naquele caixa, houve, então, desvio da finalidade acertada na Justiça.

Inauguração na semana que vem

Zema anunciou, em janeiro de 2023, a proposta vencedora do concurso para o monumento. Pelo seu calendário, será inaugurado dia 23 próximo.

O escritório DARP Arquitetura e Urbanismo, de Uberaba (MG), venceu com a proposta denominada “Bruma Leve”. São 272 peças, em formato de perfis humanos, posicionadas lado a lado.

MATÉRIAS RELACIONADAS:

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do Portal UAI.

All Comments

Subscribe
Notify of
guest
1 Comentário
Oldest
Newest Most Voted
Inline Feedbacks
View all comments
giovane

Gastos desnecessários com uma obra insignificante, enquanto isso milhares de mineiros vivem em situação precárias nas ruas do Estado. Desgoverno.