O governador Romeu Zema (Novo) mudou a equipe, demitiu o secretário de Saúde, Carlos Amaral, e o adjunto, Marcelo Cabral, por conta da vacinação fura-fila. Junto disso, deu guinada no combate à pandemia do coronavírus. Ao reconhecer que a saúde de Minas entrou em colapso, o governador rompeu com a cartilha bolsonarista e abriu crise com aliados.
‘Antes tarde do que nunca’, assim reagiu o secretário de Saúde de Belo Horizonte, Jackson Machado, à adesão do Estado à onda roxa, a mais restritiva no combate à pandemia. Estado e Prefeitura de BH estiveram, até agora, desalinhados na questão.
E o tom de Zema foi também curto e grosso; “quem sai às ruas sem necessidade é assassino”. O estilo é outro e tem proximidade ao do prefeito da capital, Alexandre Kalil (PSD), e, de forma às avessas, de Bolsonaro. O governador deu passo importante nessa guinada, seguindo a linha do que pensam e cobram os governadores de outros estados em oposição à linha de gestão federal.
Custos políticos imediatos
A mudança trará custos políticos junto a seguidores, os mesmos que, no domingo, foram às ruas para atacar Kalil pelas medidas de restrição. E mais, defender Bolsonaro por ser contra a iniciativa, além de agredir jornalistas, como fizeram, no domingo último, com o fotógrafo do jornal Estado de Minas. O profissional nada mais fazia que o seu trabalho de registrar o que acontecia.
Será que esses antidemocratas que faziam manifestação contra Kalil, a saúde e a vida vão, agora, mandar Zema para Cuba, Venezuela? Será que Bolsonaro vai romper com o governador também? Circula nas redes sociais carta atribuída a empresários da capital comunicando a Zema e a Kalil que se rebelarão contra fechamentos.
O fato é que não existem atos administrativos na área pública sem efeitos políticos. Zema reagiu e decidiu enquadrar municípios que estavam relaxando embora o número de infecções e mortes estivesse aumentando. Como disse o governador, é uma questão humanitária que está acima de questões políticas ou de preferências ideológicas.
Onda roxa adia conflito político
A onda roxa pode também esfriar, de um lado, a crise política em torno do governador após denúncia de que mais de 800 servidores, agora seriam mais de 2 mil, teriam furado-fila da vacinação. O assunto virou CPI na Assembleia Legislativa, que, por conta da onda roxa, também suspendeu os trabalhos.
Por sua vez, o governador agiu rapidamente. No sábado, publicou no diário oficial as demissões do secretário, de seu adjunto e de outros membros da equipe. Liberou uma lista de 828 pessoas que teriam furado a fila da vacinação e assumiu junto com o novo secretário um protagonismo mais forte contra a pandemia. Agora, surgiu nova lista, a do interior, com mais 1.800 nomes de possíveis fura-filas.
Zema teve que buscar o novo secretário (Fábio Baccheretti) fora da equipe, na Fundação Hospitalar de Minas Gerais (Fhemig). A razão simples é que todo o gabinete do ex-secretário estava vacinado irregularmente, a princípio, e contaminado politicamente. Era um adjunto e cinco subsecretários.
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