Vale S.A. faz 80 anos de muito sucesso (e tragédias) - Além do Fato Vale S.A. faz 80 anos de muito sucesso (e tragédias) - Além do Fato

Vale S.A. faz 80 anos de muito sucesso (e tragédias)

  • por | publicado: 31/05/2022 - 03:57 | atualizado: 01/06/2022 - 14:44

Extração de minério de ferro no morro do Pico do Cauê, em Itabira (MG), ano de 1944 - Acervo: CVRD/Vale

A Vale S.A, maior mineradora de ferro do país, completará amanhã (1º/06) a marca dos 80 anos de fundação (1º/06/1942 – Decreto 4.352). Criada, em Itabira (MG), pelo então presidente Getúlio Vargas, a antiga estatal Companhia Vale do Rio Doce (CVRD) não terá, no entanto, clima para a festa proporcional à dimensão internacional de sua importância para economia global.

Instalações da mina na região do Pico do Cauê, em Itabira (MG), 1944 – Acervo: CVRD/Vale

A companhia foi privatizada em 06 de maio de 1997. Mas, dez anos depois, por questão de marketing global, os novos donos reduzem o tamanho do nome. Além disso, trocaram a marca. Entretanto, ao longo do tempo, a companhia sempre foi sucesso: como estatal, de capital misto e empresa privada. Acesse AQUI a história oficial da companhia.

Todas as homenagens merecidas pela Vale, entretanto, tropeçariam em duas tragédias da década passada. Elas permanecem associadas à marca da mineradora.

  • Mina Germano, em Bento Rodrigues, Mariana (MG), em 05 de novembro de 2015: 19 mortes;
  • Mina Córrego do Feijão, em Córrego do Feijão, Brumadinho (MG), em 25 de janeiro de 2019: 270 mortes (ainda não foram resgatados cinco corpos).

Nos dois casos, houve rompimentos de barragens de rejeitos de minério. A Mina Germano pertence à Samarco, controlada da Vale (50%) e a anglo-australiana BHP Billiton (50%). Córrego do Feijão, porém, é 100% da Vale. Relembre AQUI.

Cenário no dia da tragédia na Mina do Córrego do Feijão, no distrito de mesmo nome, em Brumadinho. Poucos metros abaixo da cratera deixada pelo rompimento, ficavam as instalações operacionais – tratamento de minério, baias de secagem e embarque ferroviário. Em seguida, o complexo de apoio e administrativo. Foto: Ibama/Reprodução

Portanto, não há clima para se festejar essa gigante multinacional brasileira. Nem mesmo em Itabira, seu berço.

Vale sem endereço para festa robusta

Poderia, até se imaginar discursos nos complexos das minas da Serra dos Carajás, no Pará, como Parauapebas. Carajás concentra, há anos, os investimentos da mineradora. Portanto, é de daquele território que ela extrai maior o volume de minério de ferro – e de melhor qualidade. No momento, o foco para minério de ferro é o Complexo S11D, em Canaã dos Carajás. Outros minerais, não ferrosos, são extraídos em escala pela companhia no Pará.

Entretanto, não haveria clima para barulho retumbante também no Pará. Nos pregões das Bolsas de Valores B3 (Brasil. Bolsa. Balcão) e Nyse (Nova York), talvez, uma homenagem fria.

Entretanto, se arriscarem uma festa, todos sentirão o pesado clima de um velório!

As feridas foram profundas. Nem a Justiça (quando vier), portanto, será capaz de cicatrizá-las tão cedo. Os investidores buscam ressarcimentos: a Vale teria, portanto, omitido informações dos riscos para tragédias.

A tragédia pôs em xeque a política ambiental de Minas Gerais.

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do Portal UAI.

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