Alberto Pinto Coelho foi o único político mineiro que conquistou a façanha de chefiar dois poderes em Minas: a Assembleia Legislativa (2007/2010) e o Governo de Minas (2014). Será sepultado nesta terça (21) no Parque da Colina, na zona oeste da capital mineira. Seu velório, iniciado às 16 horas de ontem, no Palácio da Liberdade, sede simbólica do Governo de Minas, reuniu políticos de vários partidos, alguns opostos entre si, reafirmando a pluralidade que marcou sua vida pública.
Goiano de nascimento (Rio Verde), ele encontrou sua verdadeira identidade como político mineiro. Seu espírito conciliador se referenciou no exemplo dos principais líderes políticos mineiros que fizeram do diálogo e da interlocução instrumentos de negociação, avanço e transformação social. Além de habilidoso interlocutor, sabia ouvir e converter divergências em consensos.
Apoio consensual dos deputados
Poucos presidentes da Assembleia conseguiram o consenso em torno de si, capaz de projetar-lhe para voos mais altos. Em 2010, 68 dos 77 deputados o lançaram para o cargo de vice-governador na chapa do então candidato tucano a governador, Antonio Anastasia. Foram eleitos e, com a desincompatibilização de Anastasia para disputar o Senado, Alberto assumiu o governo por nove meses. Uma trapalhada política de líderes de seu grupo o impediu de tentar a reeleição, levando todos à derrota para o petista Fernando Pimentel em 2014.
Alberto tinha a convicção de que a política era capaz de tudo e resposta a todos os problemas do país e do estado. Por isso, até repetia um dito bem-humorado sobre essa crença: “política só não faz boi voar”.
Alberto Pinto Coelho também atuou como líder dos governos Itamar Franco (1999-2003) e Aécio Neves (2003-2010). O ex-governador herdou do pai o nome, Alberto Pinto Coelho, e o gosto pela política. Seu pai foi presidente da Assembleia Legislativa de Goiás, em 1947. Atualmente, seu filho, o deputado estadual Betinho Pinto Coelho, mantém o nome da família e é um dos vice-presidentes da Assembleia de Minas. Além de Betinho e Alexandre do primeiro casamento com a ex-vice-reitora da UEMG, Santuza Abras, deixa outros dois, Daniel e Paula, do segundo casamento com Célia.
Veja o que disseram sobre ele
Em viagem ao exterior, o ex-governador e atual ministro do Tribunal de Contas da União, Antonio Anastasia, de quem Alberto Pinto Coelho foi eleito vice, registrou homenagem em rede social. “Minas Gerais perde hoje um de seus mais destacados homens públicos. Um político de coração enorme, singular e generoso”, disse Anastasia complementando que perdeu um grande amigo.
Ao se solidarizar com familiares no velório, o governador Romeu Zema (Novo) ressaltou a importância política dele. “Estou aqui para me solidarizar com os familiares do ex-governador Alberto Pinto Coelho, que teve uma longa carreira política como parlamentar, como presidente da Assembleia Legislativa e que foi um homem marcante pelo legado que está deixando, pela atuação política que teve no estado. Uma perda muito grande para nós, mineiros”, declarou o governador.
Luto oficial de três dias
O presidente da Assembleia Legislativa, Tadeu Leite (MDB), avaliou como uma perda inestimável para Minas. “Grande estadista, com mais de 30 anos de vida pública, Alberto Pinto Coelho escreveu seu nome na história da política mineira. Como governador de Minas e presidente da ALMG, foi um exímio defensor da cidadania e dos valores democráticos. Alberto deixa um legado de apreço pela boa política. Manifesto profunda solidariedade ao amigo deputado Betinho Pinto Coelho, e a todos os familiares e amigos”, disse o deputado Tadeu Martins Leite ao decretar luto institucional de três dias em sinal de pesar.
O líder da oposição, Ulysses Gomes (PT), se referiu ao ex-governador como “um grande homem público, conciliador e respeitoso com todos”. “Com uma longa trajetória em defesa do povo mineiro, Alberto foi um grande homem público, conciliador e respeitoso com todos. Que Deus ilumine os corações dos amigos e familiares”, disse Ulysses.
O vice-governador Mateus Simões (Novo) apontou o legado de construção com a marca do diálogo e serenidade. “Deixa muitos exemplos. Que a marca que deixou como governador, como político, como presidente da Assembleia sirva de exemplo de moderação nesses tempos em que a agressividade às vezes toma o espaço do diálogo no ambiente político”.
Moicano da política
O ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, avaliou que Alberto foi um grande exemplo da política mineira, que preserva o diálogo. “Era um moicano da construção da típica política mineira, que é uma política que preserva, acima de tudo, o diálogo. Seu legado será mais que reconhecido, deixou luz no caminho de todos nós. Vamos seguir o exemplo do Alberto e construir uma sociedade melhor”, afirmou.
O ex-presidente do Tribunal de Justiça de Minas, desembargador Nelson Missias de Morais, era amigo pessoal de Alberto, a quem classificou como um dos maiores homens públicos de Minas. “Homem público sério, íntegro, admirado e que fazia do diálogo o seu principal instrumento de trabalho. Ele deixa uma lacuna no cenário político mineiro ao tempo em que, também, deixa um grande legado. O ex-governador será sempre uma grande fonte de inspiração para todos que com ele conviveram”.
O presidente da Associação dos Magistrados Mineiros (Amagis), juiz Luiz Carlos Rezende e Santos, também se manifestou. “A partida de Alberto Pinto Coelho deixa um vazio não apenas na esfera política, mas para todo aquele que valoriza e busca um serviço público pautado pela ética, transparência e dedicação. O respeito que sempre nutriu pela Magistratura mineira era evidente e seu legado permanecerá”, afirmou o magistrado.
Equilíbrio sem radicalismo
O presidente da Câmara de Dirigentes Lojistas (CDL/BH) e do Sebrae MG, Marcelo de Souza e Silva, afirmou que Minas perdeu um homem público que fazia política com P maiúsculo. “Pessoa do diálogo, sempre buscou construir consensos unindo os diferentes. Em sua trajetória, teve trânsito em todas as correntes políticas e empresariais do Estado. Em todas as posições que ocupou, de deputado a presidente da Assembleia, de vice-governador a governador, sempre pudemos contar com o seu apoio para incentivar o empreendedorismo em nosso Estado. Nesse mundo contemporâneo de tantos radicalismos, o equilíbrio e o jeito ponderado de Alberto farão muita falta a Minas e ao Brasil”, apontou o dirigente.
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