Crises sem fim, sanitária, institucional e política de uma vez só em Brasília, que parece não se impressionar com a marca trágica de 75 mil mortes por conta da pandemia do coronavírus. A razão principal é a falta de coordenação e de uma liderança nacional agregadora, é bom que se diga, porque o país é grande e diverso e não é só de um ou dois segmentos.
E o país, nesse grave momento, segue à deriva dos acontecimentos e do voluntarismo de alguns. As críticas apresentadas pelo ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal (STF), tiveram o efeito de um soco no estômago de muita gente. E mais, expôs essa descoordenação generalizada e omissão de vários setores que assistem a tudo de braços cruzados, quando não, dando suporte a essa pior crise da saúde no Brasil.
Excessivo ou não, assertivo ou não, o polêmico Gilmar Mendes cutucou as onças com a vara curta, ao classificar de genocídio a omissão do governo Bolsonaro. Não dá para achar que o que o país vive hoje é normal, que o novo normal é essa tragédia diária, com mais de mil mortes por dia.
Dois meses sem titular na Saúde
Hoje, o governo completa dois meses sem um ministro da pasta que deveria ser a primeira responsável pelas soluções no combate à pandemia. Além de não ter essa definição, para agravar, o presidente deixou lá um comandante da área que deve ser bom como comandante militar, no caso o general Eduardo Pazuello. Não o é nem será, com certeza, como um ministro de uma área tão sensível e que exige um mínimo de experiência com assistência à saúde, mínimo é pouco nessa hora.
Nesse ministério, é preciso de um médico e um profissional que entenda de saúde pública e de gestão em saúde, porque essa gestão é feita em articulação com estados e municípios. Assim é desde 1988, quando foi promulgada a Constituição Federal e quando o país adotou o modelo do Sistema Único da Saúde, o SUS. É um dos modelos mais exitosos no mundo. Tanto é que estrangeiros, quando estão por aqui e têm necessidade de assistência médica, saem dos centros de saúde procurando saber onde é que vão pagar o serviço prestado, sem saber que é gratuito e universal.
Mas o que fez o comandante general da saúde? Colocou mais 15 outros 20 militares no ministério em postos chave. Para quê? Foi contra essa militarização, já amplamente denunciada, que o ministro Gilmar Mendes contestou.
Militares manifestam indignação
Aí o vice-presidente da República, general Hamilton Mourão, ministro da Defesa e comandantes das Forçar Armadas se indignaram, cobrando pedindo de desculpas. A reação gerou turbulência e resgatou aquela tensão de que pode haver intervenção militar.
Ora, todos eles deveriam, antes, se indignar com o caos na pandemia, situação que exige do país, coordenação, ação e defesa das vidas humanas.
Tudo somado, a decisão expôs a continuidade do ministro general na saúde e resgatou a tensão política que deixa salientes os golpistas de plantão. Ou como chamavam na ditadura, as vivandeiras alvoroçadas da crise.
As críticas de Gilmar Mendes aumentaram a pressão da cúpula das Forças Armadas para que o ministro da Saúde deixe o comando da pasta ou se transfira para a reserva. A segunda opção seria forma de dissociar a imagem das Forças Armadas com o governo Bolsonaro.
Crítica de genocídio incomodou
No sábado (11), o magistrado disse que o Exército, ao ocupar cargos técnicos no Ministério da Saúde em meio à crise do novo coronavírus, está se associando a um genocídio. Esse termo foi o que mais incomodou a cúpula militar.
O Ministério da Defesa encaminhou, na terça (14), representação à PGR (Procuradoria-Geral da República) contra o ministro do STF, recorrendo, para isso, à Lei de Segurança Nacional.
A PGR vai avaliar a representação e decidir. O vice-presidente Mourão cobrou um pedido de desculpas de Gilmar. “Com certeza, se ele tiver grandeza moral, ele tem de se retratar”, disse em entrevista à CNN Brasil.
No mesmo dia, Gilmar Mendes divulgou nota na qual reafirmou “o respeito às Forças Armadas brasileiras”. Disse que não atingiu a honra do Exército nem da Marinha nem da Aeronáutica.
Ex-ministro critica militarização
“Apenas refutei e novamente refuto a decisão de se recrutarem militares para a formulação e execução de uma política de saúde que não tem se mostrado eficaz para evitar a morte de milhares de brasileiros.”
O ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, não pretende ir para a reserva, mas admite deixar a pasta em agosto ou setembro, de acordo com os números de mortes da Covid-19.
Antes do ministro do Supremo, o ex-ministro da Saúde Luiz Mandetta, já havia denunciado a militarização na Saúde. “O Ministério da Saúde, governadores, prefeitos iam em uma direção, enquanto o presidente ia na outra (na gestão da crise da COVID-19). O desconforto foi tamanho que fui exonerado, já o ministro seguinte [Teich] pediu exoneração. O que vimos, a partir daí, foi uma ocupação militar no Ministério da Saúde”, apontou Mandetta.
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** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do Portal UAI.
O que esse Gilmar Mendes fala não deve ser levado em consideração. Suas ações o desaprovam.
Estou plenamente de acordo.
Até quando temos que aguentar este cara no STF.
As forças armadas tem que fazer alguma coisa. Ou melhor, tirar e prender este cara.
A inversão de valores, sempre defendida pelos eleitores mais extremistas de Bolsonaro é o grande problema do Brasil. A saúde à deriva, a fuga de capital estrangeiro, a Amazônia em chamas, os meios de informação sérios tanto do Brasil como do mundo são todos de esquerda, só querem saber de golpe e para evitar o golpe, Bolsonaro e sua trupe devem fazê-lo primeiro. Para eles, Ministro da Saúde não lidera o combate ao COVID19, a coordenadora do Inpe não deve divulgar queimadas na Amazônia (já é o segundo a ser exonerado, pelo mesmo motivo), Ministro de Justiça não deve fazer “justiça”, mesmo que ele seja um SUPER-HERÓI. O Mito se torna cada dia mais um mito para todos, porquê para uns ele não rouba, para outros, para se roubar, tem que ter sido feito algo para ter onde tirar.
Boa noite.
Temos que ter algum conhecimento para os comentarios.
Com a pandemia, o proprio STF deu poderes a governadores e prefeitos, e não ao presidente da Republica para ações de combate.
O governo federal, apenas entra com o dinheiro, que estamos vendo muito mau usado.
Este gilmar mendes, jamais defendeu os interesses da população, principalmente os menos favorecidos.
Acorde Jose Antonio, tenha equilibrio e conhecimento, principalmente em seus comentarios.
Abraços.
É sério que você ainda usa esse argumento de nível de escola maternal para defender o seu presidente genocida?
Você é muito ingênuo ou muito mau caráter. Quem tem que acordar e adquirir conhecimentos é você.
Beiçola, como sempre um falastrão ordinário de plantão..