Federassantas acusa omissão dos governos federal e mineiro na pandemia

Presidenta da Federassantas, Kátia Rocha, participa de audiência na Assembleia Legislativa de Minas, foto Sarah Torres/ALMG

A presidente da Federação das Santas Casas e Hospitais Filantrópicos de Minas Gerais (Federassantas), Kátia Rocha, acusou omissão dos governos federal e mineiro no combate à pandemia. Ela participou de reunião especial virtual na Assembleia Legislativa, nesta quarta (13), quando revelou que apenas 1,5% do total de novos leitos de UTI foram habilitados em Minas. O Ministério da Saúde habilitou 3.810 novos leitos, dos quais somente 55 em Minas.

“É inadmissível que em Minas, Estado que representa 10% da população brasileira, tenham sido habilitados, até agora, apenas 1,5% do total de novos leitos de UTI no país. Este dado é preocupante”, registrou o presidente da Assembleia, Agostinho Patrus (PV).

De acordo com ele, além de causar “muita estranheza”, a discrepância é ainda mais preocupante no atual contexto. “O enfrentamento à pandemia do coronavírus exige, entre outras medidas, que a rede hospitalar mineira esteja devidamente estruturada para garantir o atendimento à população”. Kátia Rocha atribuiu o baixo índice à falta de agilidade da Secretaria de Estado de Saúde junto ao Ministério da Saúde.

Santas Casas pedem socorro

A presidente da Federassantas, Kátia Rocha, reclamou que as instituições ainda não receberam nenhum recurso ou EPI, destinados pelo Governo federal ao Estado. Denunciou, ainda, que o Executivo não repassou verbas previstas por emendas parlamentares ainda do ano passado e que mantém uma dívida de cerca de R$ 1 bilhão, acumulada nos últimos três anos.

Em Minas, de acordo com a presidenta da Federassantas, os 316 hospitais filantrópicos respondem por cerca de 70% do atendimento da rede hospitalar pública e por 67% dos leitos disponíveis para o Sistema Único da Saúde (SUS).

Ela disse que o recebimento dos recursos das emendas parlamentares poderia ampliar a participação das instituições no enfrentamento ao coronavírus. “Não adianta criar a emenda impositiva, se o Executivo não concretiza o comando legal”, reclamou.

Kátia Rocha recebeu a solidariedade em relação às dificuldades que relatou de todos os membros da Comissão de Saúde que participaram do debate. “A principal ferramenta para reduzir a mortalidade para essa pandemia é a estruturação dos hospitais”, reforçou o vice-presidente da Comissão de Saúde, deputado Doutor Wilson Batista (PSD).

Fhemig contesta dificuldades

Durante a audiência, deputados apresentaram requerimentos com pedidos de providências ao governo mineiro. Ainda no encontro, deputados questionaram gestores do Estado sobre a estrutura da rede de atendimento hospitalar para o enfrentamento à Covid-19.

Presentes à reunião, os representantes do governo estadual afirmaram que é confortável, no momento, a taxa de ocupação de leitos para a Covid-19 e que os testes da doença foram ampliados e o tempo de resposta reduzido.

Segundo o presidente da Fundação Hospitalar de Minas Gerais (Fhemig), Fábio Baccheretti, a autarquia dispõe de 80 leitos de terapia intensiva exclusivos para a Covid-19, com ocupação de 60%. Destes, 44 estão em Belo Horizonte e 36 em hospitais regionais em Juiz de Fora (Zona da Mata), Patos de Minas (Alto Paranaíba) e Barbacena (Central). Outros 137 leitos de enfermaria também estão reservados para a pandemia.

Questionado pelo deputado Carlos Pimenta (PDT), que preside a Comissão de Saúde da ALMG, Baccheretti acrescentou que é possível ampliar esse número a qualquer momento. De acordo com ele, pois a rede teria pessoal e equipamentos. Em junho, o Hospital Eduardo de Menezes (HEM) terá 12 novos leitos e ainda um tomógrafo, equipamento importante no tratamento da Covid-19.

Numa segunda fase, de acordo com o presidente da Fhemig, 302 leitos de UTI podem ser abertos em toda a rede. E finalizadas obras emergenciais em andamento, o total poderia passar para 434.

“Estado tem EPIs suficientes”

Vários deputados relataram denúncias de falta de equipamentos de proteção individual (EPI) para os servidores da Fhemig. Fábio Baccheretti informou que, até o momento, não faltou EPI. Mais de 15 milhões de unidades já foram compradas e o controle de estoque é centralizado, segundo ele.

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do Portal UAI.

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aloisio santos

tb acho que os números são muito maiores e obviamente os governos federal e o governo daqui não tem o menor controle sobre essa situação.

mauro

Concordo que os governos têm feito menos do que se esperava, mas surtos de doenças são o sonho de políticos, principalmente, esquerdinhas. Aliás, qualquer catástrofe. Enchentes, inundações e outras também dão muito dinheiro para safados.