Após as fortes reações nas redes sociais, a grande maioria em apoio a Sérgio Moro, e das ameaças do ministro de que poderia deixar o governo, o presidente Jair Bolsonaro recuou e disse hoje na Índia, onde está em missão oficial, que há “zero chance” de recriar o Ministério da Segurança. Se a pasta for ressuscitada, Moro perderá mais poder.
Mas o presidente não abaixou a frigideira acessa pelo próprio governo para fritar o ministro da Justiça. Disse Bolsonaro: “a chance no momento [de criar um ministério da Segurança Pública] é zero; não sei o amanhã, porque na política tudo muda, mas a intenção é não criar”. Ou seja, a ameaça de esvaziamento de moro ainda é real.
Ontem, quinta-feira, antes de embarcar para a Índia, Bolsonaro fez reunião com secretários estaduais de segurança pública, em que eles pediram a volta do Ministério da Segurança Pública. O presidente, que fez questão de dar publicidade ao encontro, disse que a proposta seria estudada. Detalhe: o ministro Moro, o responsável pela área, não foi convidado para o encontro.
Mas a ideia de retirar a Segurança Pública de Sérgio Moro já vinha sendo estudada, como noticiado aqui no Além do Fato.
O pano de fundo das rusgas entre o presidente Jair Bolsonaro e seu ministro da Justiça é a eleição presidencial de 2022. Bolsonaro já disse que é candidato à reeleição. E Moro é pré-candidato ao mesmo cargo do chefe. O que incomoda Bolsonaro? O ministro é bem mais popular que ele.
Segundo pesquisa Datafolha, entre os que dizem conhecê-lo, 53% avaliam sua gestão no ministério da Justiça como ótima/boa e 23% como regular. Já Bolsonaro é avaliado como ótimo/bom por 30% (diferença de 23 pontos percentuais para Moro) e regular por 32%. A avaliação ruim/péssima de Moro é de 21%. O índice ruim/péssimo de Bolsonaro atinge 36%.
No jargão da política, Bolsonaro está dormindo com o inimigo.
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