O prefeito Alexandre Kalil (PSD) navegava em céu de brigadeiro, até que o tempo fechou e inundou Belo Horizonte com as maiores chuvas de sua história. O resultado foi desastroso: muitas mortes, centenas de desabrigados e desalojados e um rastro de destruição pela cidade. O cenário deixado pelo temporal de ontem à noite em bairros nobres da capital é desolador.
Pode ser que o pior já tenha passado, mas ainda há risco de novos estragos, uma vez que a previsão é de mais chuva no mês de fevereiro.
Qual o tamanho do prejuízo para o projeto político de Alexandre Kalil, que é se reeleger prefeito em outubro, provocado pela hecatombe que vitimou Belo Horizonte? Não há, por enquanto, pesquisas que possam ajudar a responder a indagação.
Já se sabe, porém, que partidos de oposição vão usar o episódio para criticar a administração municipal. A intenção é tentar abalar a imagem de “bom gestor” do prefeito. Pode parecer cruel que uma desgraça como essa seja explorada politicamente. Mas será.
No arsenal de armas que os oposicionistas acumulam, vídeos impressionantes, muitos feitos por internautas, mostrando os efeitos catastróficos das chuvas para a população da capital, que em alguns locais pareciam mais cenários de guerra. Eles serão relembrados em horário nobre quando for a hora da propaganda eleitoral.
A oposição vai argumentar que se algo foi feito para minimizar os danos colaterais dos fenômenos da natureza na cidade, foi feito de forma equivocada. A prefeitura, por óbvio, vai dizer que fez muito, tendo gastado cerca de R$ 600 milhões em obras de infraestrutura. O contra-argumento da oposição é que gastou mal, a julgar pelo rastro de destruição deixado pelos temporais.
“Incompetência administrativa”
Seria leviano dizer que o grande responsável pelo desastre é o prefeito. Os problemas se acumulam há décadas e também não foram resolvidos por gestões anteriores. Mas a administração municipal, inegavelmente, tem sua parcela de responsabilidade. E o próprio prefeito, ao pedir desculpas ao povo de BH, parece reconhecer que sua gestão tem parte da culpa pelas consequências da tragédia, embora tenha ressaltado não se tratar de “incompetência administrativa”.
“Essa água vem do céu, não vem de incompetência administrativa”, disse o prefeito, que chegou a comparar os eventos na capital a “tufão, furacão, terremoto”. Se é incompetência ou não, o julgamento será feito pelo povo, mas está claro que há uma preocupação com os efeitos das chuvas na imagem do mandatário da capital, que goza de bons índices de aprovação junto aos belo-horizontinos.
Isso fica muito claro ao ouvir o prefeito pedir desculpas, negar incompetência administrativa, dizer que trabalha feito um cavalo, alertar para o perigo de mais chuvas, em alguns momentos em tom dramático.
Hoje, inegavelmente, Alexandre Kalil é o candidato favorito na disputa pela prefeitura de Belo Horizonte. Mas não se ganha eleição de véspera, a disputa só vai acontecer em outubro e já algumas pedras no caminho do atual prefeito. Chuvas e o deputado estadual Mauro Tramonte (Republicanos), pré-candidato a prefeito que vem mostrando vigor nas pesquisas, são duas delas.
PS – As fortes chuvas que voltaram a castigar Belo Horizonte na noite de ontem atingiram a parte mais rica da cidade. Potencial para que as pressões e cobranças sobre o prefeito Kalil aumentem.
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